O Luís Carlos Brum, o Luís da CEEE, sempre foi um cara posicionado, sempre. No trabalho, na profissão que abraça desde longa data; no Promorar, onde participa da Comunidade e do Carnaval, auxiliando a Escola; na política, debatendo diversos temas, em qualquer lugar. Lá no Plenarinho do Chichano, por exemplo, onde se discute desde a reforma agrária até a reserva legal, do Barack Obama ao Hugo Chavéz, com todo mundo dando o seu pitaco, pois o Luís vai lá e debate, de igual para igual, sempre se posicionando.
Já no futebol, o Luís, se não é nenhum conservador, gosta das coisas nos seus devidos lugares. Por exemplo: zagueiro é zagueiro, atacante é atacante, e a camisa dez só pode ser vestida pelo craque do time, ou, no mínimo, por um grande jogador. E isso tem lá a sua lógica, afinal foi à camisa imortalizada pelos gênios de Pelé, de Maradona, de Zico...
Pois bem, numa ocasião, lá pelos anos 80, o Luís estava ajudando como roupeiro o seu time de coração, o Internacional local, que andava numa fasezinha braba, feia mesmo, de dar dó.
Domingo de jogo, o Luís foi cedo para o Estádio Sílvio Ferreira, preparou o fardamento e aguardou o grupo Caturrita se juntar no vestiário. Plantel reunido, definida a escalação, o técnico começou a pedir as camisetas para distribuir entre os jogadores.
- Camisa 2, fulano; 3, sicrano; 4, beltrano – dizia o técnico Osvaldo Britto -, e o Luís entregando as camisetas aos atletas nomeados, até chegar no número dez. – Camisa 10, Luís! – disse o Osvaldo, aguardando que o roupeiro repassasse o manto sagrado do time ao jogador eleito para envergar a dez Caturrita.
- “Não, não sei! Su-su-sumiu!!!” – disse o Luís, gaguejando, enquanto atirava a 17 para o jogador escolhido pelo técnico para vestir a 10, para espanto de todos que estavam no vestiário.
É que o Luís - e isso ele só confessaria mais de uma década depois -, enquanto ouvia a preleção, lembrou do Naiter, de quem ouvira falar, lembrou do Gita, do Adel, do Cacaio, com que ele convivia na CEEE, mas que não estava naquele jogo; lembrou de todos os craques que glorificaram a Dez do Inter, olhou um por um aquele monte de cabeças de bagre, e, sem que ninguém percebesse, puxou a Camisa 10 do bolo do fardamento e sentou sobre ela, ficando sem se mexer até o time todo ir para o campo.
Jogo disputado, muita transpiração, mas nenhuma inspiração, raríssimos ataques, o Caturrita não consegue sair do zero a zero. Partida encerrada, os jogadores saem direto para o vestiário, debaixo de sonora vaia.
Enquanto deixava o campo, o Luís, acariciando a camisa que ainda trazia escondida sob a roupa, sussurrava baixinho, sem que ninguém ouvisse: - Pelo menos a 10 eu consegui livrar desse fiasco; ah, enquanto der eu vou livrar ela, vou mesmo! – resmungava, rumando também para o vestiário.
É realmente um cara posicionado esse Luís, não dá para negar; é bem posicionado, ponderado mesmo, é sim.
Já no futebol, o Luís, se não é nenhum conservador, gosta das coisas nos seus devidos lugares. Por exemplo: zagueiro é zagueiro, atacante é atacante, e a camisa dez só pode ser vestida pelo craque do time, ou, no mínimo, por um grande jogador. E isso tem lá a sua lógica, afinal foi à camisa imortalizada pelos gênios de Pelé, de Maradona, de Zico...
Pois bem, numa ocasião, lá pelos anos 80, o Luís estava ajudando como roupeiro o seu time de coração, o Internacional local, que andava numa fasezinha braba, feia mesmo, de dar dó.
Domingo de jogo, o Luís foi cedo para o Estádio Sílvio Ferreira, preparou o fardamento e aguardou o grupo Caturrita se juntar no vestiário. Plantel reunido, definida a escalação, o técnico começou a pedir as camisetas para distribuir entre os jogadores.
- Camisa 2, fulano; 3, sicrano; 4, beltrano – dizia o técnico Osvaldo Britto -, e o Luís entregando as camisetas aos atletas nomeados, até chegar no número dez. – Camisa 10, Luís! – disse o Osvaldo, aguardando que o roupeiro repassasse o manto sagrado do time ao jogador eleito para envergar a dez Caturrita.
- “Não, não sei! Su-su-sumiu!!!” – disse o Luís, gaguejando, enquanto atirava a 17 para o jogador escolhido pelo técnico para vestir a 10, para espanto de todos que estavam no vestiário.
É que o Luís - e isso ele só confessaria mais de uma década depois -, enquanto ouvia a preleção, lembrou do Naiter, de quem ouvira falar, lembrou do Gita, do Adel, do Cacaio, com que ele convivia na CEEE, mas que não estava naquele jogo; lembrou de todos os craques que glorificaram a Dez do Inter, olhou um por um aquele monte de cabeças de bagre, e, sem que ninguém percebesse, puxou a Camisa 10 do bolo do fardamento e sentou sobre ela, ficando sem se mexer até o time todo ir para o campo.
Jogo disputado, muita transpiração, mas nenhuma inspiração, raríssimos ataques, o Caturrita não consegue sair do zero a zero. Partida encerrada, os jogadores saem direto para o vestiário, debaixo de sonora vaia.
Enquanto deixava o campo, o Luís, acariciando a camisa que ainda trazia escondida sob a roupa, sussurrava baixinho, sem que ninguém ouvisse: - Pelo menos a 10 eu consegui livrar desse fiasco; ah, enquanto der eu vou livrar ela, vou mesmo! – resmungava, rumando também para o vestiário.
É realmente um cara posicionado esse Luís, não dá para negar; é bem posicionado, ponderado mesmo, é sim.
3 comentários:
Tens a mais absoluta razão quando exaltas o caráter do Luiz da CEEE. Pois, se não sabes te conto agora, o Luiz no tempo de guri foi um bom lateral direito, daqueles que cumprem a função com denodo e responsabilidade. Não era um craque, mas nele se podia confiar a camisa 2, pois sabiamos de antemão que a ala direita estaria bem defendida. Mal comparando o futebol do Luiz se comparava ao do velho Eurico (aquele do Palmeiras e que encerrou a carreira no Grêmio de 77). Fizemos grandes partidas no extinto campo de futebol do Parque Guilhermino Dutra (que saudades), mantido na época pelo Neri do Sindicato Rural, isto se contar as jornadas épicas em Santa Izabel ou no campo do Castilhano onde fica hoje o bairro São Gabriel.
Complementando o comentário anterior e à título de história nosso time, todos de guris entre 16 e 18 anos era assim formado: Gervásio, Luiz da CEEE, Zé Luiz, Max e Sergipe, Zilnei, Vilson da coxilha do fogo e eu, Otacilio, Silvio Kosby e Daciano. Ah, quantas saudades daqueles tempos. Inclusive, numa ocasião, num sábado após a sexta-feira santa fizemos um amistoso épico contra o júnior do Internacional, na época formado pela nata do futebol da cidade, tendo como craques Cacaio, Julinho do Tritri, Aires Brito, Paulinho, Betinho da Câmara, etc. Ganhamos por 3x2 e recebemos convite para vestir a camisa do junior do Arroio Grande, mas, como quase todos já estavam de mudança para Pelotas para cursar faculdade não aceitamos. Aquele timaço se desmanchou logo em seguida. Enfim, agora tudo é história, mas como é bom relembrar aqueles tempos.
É bom mesmo, Carlos, bom demais relembrar esse tempo.
Dessa turma que referes aí, conheci quase todos, também jogando futebol.
Do Gervásio (bom goleiro), ao Sergipe (calmo, tranquilo); do Zilnei (com quem joguei junto no Sinuelo, campeão de Futebol de Sete no Inter lá no início dos anos 80) ao Sílvio Kosby (contra quem joguei algumas partidas de Futsal), passando é claro pelo Luiz da CEEE, nosso personagem da semana.
Quanto ao pessoal do Inter - principalmente Betinho, Cacaio, Julinho do Tritri... - tive que enfrentá-los em dois clássicos, no ano de 1975 (acho), eu com a camisa 5 do infanto-juvenil do Arroio Grande, que tinha um time bem inferior à época.
Incrivelmente não perdemos (0 X 0, no Campo Caturrita e 1 X 1 - o nosso Gol foi do Sapinho - na Avenida); foi quando acabei também indo para Pelotas estudar, mas o futebol não perdeu nada, tenho a certeza.
Quanto ao Luiz, existe mais para contar dele, já que foi até candidato a Vereador, e bem votado, em tempos bem mais difíceis que agora, para quem não era do lado do poder por aqui.
Mas isso é uma outra história...
Abraço.
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