sexta-feira, 29 de maio de 2009

TEIMOSOS

A discussão sobre as origens do Arroio Grande (do povoado, não do arroio) é difícil, pois depende de dados históricos que ninguém tem, ou que são imprecisos, ou controversos, para dizer o mínimo.
Inicia pela localização da cidade: do lado de lá ou do lado de cá do arroio? Onde foi mesmo que tudo começou? Os especialistas no assunto divergem; é necessário ouvir um pouquinho de cada um.
Pois com o Arnóbio e o Sérgio Canhada a coisa é mais complicada ainda. O Arnóbio acusa o Sérgio de ser teimoso, enquanto o Sérgio diz que o teimoso, na verdade, é ele, Arnóbio; e assim os dois seguem discutindo tudo, inclusive o sentido da expressão “oriente”, utilizada para referenciar a localização da sesmaria que teria dado origem à Vila, tomando como base o arroio Grande (o arroio, não o povoado), como consta de documentos da época.
Ora, se nem eles, ambos estudiosos da história do município – e dos sérios, dos bons - conseguem concordar com o que seja o “oriente” do arroio, eu é que não vou me meter com esses dois, e nem vou dar palpite sobre quem seja realmente o teimoso, não vou mesmo, não vou não.
Prefiro então deixar o Arroio Grande com as suas origens imprecisas, obscuras, até que alguém (tem muito mais gente pesquisando) jogue uma luz definitiva (?) sobre a questão, e o oriente fique no seu lugar, e pronto.
Porque o meu interesse maior vem a partir dessas origens, depois do povoamento; a minha curiosidade está é nas primeiras ruas do Arroio Grande. Essa minha fixação pelas ruas da cidade tem me levado a inúmeras descobertas, como a transitoriedade que tiveram alguns nomes por aqui e o “troca-troca” que acabou “cruzando” um músico como o Basílio Conceição e um poeta como o Leonel Fagundes com o Imperador Dom Pedro II. Fora o caso do tal Almirante Delphin que depois de ter circulado por metade da cidade foi mandado embora daqui sem muita explicação.
Mas a dúvida sobre a origem das ruas remanesce e é isso que me interessa agora. Onde é que ficava a Rua Direita? E a Rua Nova? E a Rua do Triunfo? (E, afinal, de que triunfo estavam falando?). E a Rua da Matriz? Seria a que passa em frente à Igreja Matriz? (Afinal existia também a Rua de Igreja). Ou a do lado da Matriz? E a Rua de Baixo e a Rua da Sanga; teria realmente existido uma Rua Alegre? Essa história toda merece ser resgatada, para ser entregue às futuras gerações com menos lacunas do que agora, e é nela que reside hoje a minha curiosidade.
Quanto às origens do lugar - da Vila, da Cidade, do Município -, eu ainda vou juntar um pouquinho do que o Padre Neves deixou, um pouco do que o Omar Bretanha me contou, vou ouvir mais de quem estuda – a Profª Flávia, o Juca Silveira... -, e, a partir daí, criar a minha própria tese.
Então, deverei sentar com o Arnóbio e com o Sérgio Canhada - de preferência acompanhado de uma costela gorda e com um bom vinho tinto - e passar o dia inteiro provocando eles, e assistir de camarote um contrariando o outro, o tempo todo, teimando, teimando e teimando.

terça-feira, 26 de maio de 2009

AS RUAS DA MINHA CIDADE (VIII)

Rua Andrade Neves - Esq. Mário Corrêa - Periferia do Arroio Grande (clique na imagem para ampliar).
Do Andrade Neves, a história cuidou, como se fez referência no texto aí de baixo.
José Joaquim de Andrade Neves nasceu em Rio Pardo-RS, em 1807, e morreu em Assunção, no Paraguay, em 1869. Militar e legalista, lutou desde muito cedo, inclusive participando da Ravolução Farroupilha (1835-1845), obviamente ao lado dos imperiais, da Guerra contra Rosas (1851) e da Guerra do Paraguay, lugar onde morreria (1869), após ter sido nomeado Barão do Triunfo, em 1867.
Em Arroio Grande, virou nome de rua central ao final do Século retrasado, sendo posteriormente deslocado por mais de uma vez pelas principais vias da cidade (ver crônica abaixo).
Atualmente, a Rua Andrade Neves tem início ao lado do Campo do Esporte Clube Internacional, na esquina que forma com a Rua Mário Corrêa (foto acima), estendendo-se por não mais do que uma meia dúzia de quadras pela Vila Coca, até findar ao deparar-se com um dos loteamentos irregulares da cidade.
Trata-se de uma via com infra estrutura precária, existindo inclusive esgoto a céu aberto no sentido bairro-centro (lado oposto da foto), o que aparece como inadmissível na época atual.
A Rua Andrade Neves, que faz divisa com ruas que dão acesso à "Venda da Sirlei", nas Três Marias, que levam à Escola Brochado da Rocha, à Avenida da Saudade e à viela que abre a Rua Mário Corrêa, é mais uma das "ruas da minha cidade".

sexta-feira, 22 de maio de 2009

RUAS - MOVIMENTANDO O ANDRADE NEVES


O pobre do Andrade Neves jamais poderia imaginar que depois de lutar feito um louco na Revolução Farroupilha e na Guerra do Paraguai, viria a perambular como um errante pelas ruas do Arroio Grande, lugar onde, imagina-se, nem por perto passou.
Mas a trajetória do General por aqui teve início quando inventaram de dar o seu nome a uma das principais ruas da cidade, a antiga D. Pedro I, que, ao final do Século retrasado, já formava com a Dr. Monteiro a junção de quadras mais movimentada do Arroio Grande.
E tudo ia bem com o velho Andrade Neves, que ficou por ali, sonhando em fazer parte um dia da “esquina da sinaleira”, até que, em 1926, a municipalidade resolveu despejá-lo, para repassar o nome da rua àquele que é considerado o filho mais ilustre desta terra - Irineu Evangelista de Souza. Com isso, a Rua Andrade Neves, antiga Dom Pedro I, viria a se tornar a Avenida Visconde de Mauá, a atual porta de entrada do Arroio Grande.
O Andrade Neves, então, passou a emprestar o nome à segunda rua ao leste da Praça Central, a antiga Gal. Barroso, até que, em 1956, viria a ser novamente desalojado, agora para ceder o nome da rua – onde ficava o telégrafo - para o Júlio de Castilhos. O Júlio, por sua vez, também vinha de um despejo, já que estava cedendo o seu lugar na antiga Rua Paissandu ao médico Dionísio de Magalhães, falecido naquele ano.
Aí, o Andrade Neves, já cansado de peregrinar pelo centro da cidade, foi levado lá para o lado do Campo do Internacional de onde se espicha até a Vila Coca, apurando os ouvidos para acompanhar os comícios políticos desde a esquina da Sirlei, a mais democrática da cidade. Mas assiste a tudo bem quietinho, louco de medo que venham a mexer com ele novamente, já meio desacorçoado com tanta mudança.
Pior que ele só o tal de Gal. Delphin, outro conhecido da Guerra do Paraguai. Esse, coitado, andou cedo pela Herculano de Freitas, circulou pela futura Osmar Machado, passou até pela Gumercindo Saraiva, já com o título de Almirante, até ser corrido daqui, definitivamente.
Os Generais, aliás, não tiveram vida fácil na cidade. O Osório, por exemplo, depois de anos à direita do Júlio de Castilhos, achou que estava com tudo, ali, meio central, mas bastou o Prefeito Osmar Machado morrer, em 1971, e, pronto, passaram o velho Osório mais para o Norte, onde hoje convive tranquilamente desde a Av. Nossa Senhora da Graça até o começo da Vila Vidal.
Mas, tudo bem, o Mal. Floriano também teve que ser deslocado para ceder o nome da Rua a outro filho da terra – o Ministro Herculano de Freitas -, assim como aconteceu com o Patrono do Exército Brasileiro que, depois de anos assistindo de camarote as Boates do Guarani, teve que abrir mão do seu posto para o Basílio Conceição. Quem diria, hein, logo o “Diabo” do Basílio é que viria a “desmilitarizar” a sisuda Rua Duque de Caxias; parece até uma vingança dos “gauchinhos” contra o Império, cento e cinqüenta anos depois.
Ruas, ruas. Como disse certa vez Mário Quintana, virar nome de rua é ter a certeza de que, mesmo depois de morto, vão continuar passando por cima da gente.
E, no caso do Arroio Grande, num troca-troca que parece não ter fim.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

DON MARIO

Morreu Mario Benedetti, Don Mario, aos 88 anos de idade, no domingo último, em Montevidéu.
O escritor, autor de La Tregua e Gracias por el Fuego, era poeta, romancista e cronista, e tornou-se - juntamente com os músicos Alfredo Zitarrosa e Daniel Viglietti, e com o também escritor Eduardo Galeano, todos uruguaios -, um símbolo de resistência aos movimentos de censura e de repressão que se instalaram no vizinho país (outrora chamado de “a Suiça da América Latina”) a partir do golpe militar de 1973.
Conheci a obra de Benedetti por influência de meus primos uruguaios (moradores de Rocha, a 200 quilômetros de Montevidéu), sendo que um deles me presenteou com Gracias por el Fuego, que li no original, em “castelhano”. Trata-se de um romance difícil, mas que prende o leitor desde o seu início, especialmente pela famosa cena de abertura envolvendo um grupo de uruguaios que se reúne para jantar num restaurante nos Estados Unidos. Depois, a história se desenvolve mostrando o conflito entre um filho (Ramón) que quer a morte do pai (Edmundo), um político inescrupuloso, materialista e corrupto, que o autor sugere simbolizar o Uruguay de então, o que lhe valeu muitas críticas e a censura no próprio país, assim com na Argentina e na Espanha, países afastados da democracia à época.
A obra de Benedetti foi pouco difundida no Brasil, mas o seu trabalho é respeitado pela intelectualidade, assim como pelos seus colegas escritores do mundo todo, como José Saramago, que escreveu um post no blog que mantém em Portugal, sobre a morte e os últimos trabalhos do velho amigo uruguaio.
Quem sabe agora, com a sua morte, o público brasileiro venha a conhecer um pouco mais da obra de Don Mario; a literatura agradeceria.

terça-feira, 19 de maio de 2009

HISTÓRIAS (VII) - O NOVO MUNDO EM FOLHETIM - SEXO, SANGUE E SELVAGERIA

"Outro costume deles bastante enorme e além da humana credibilidade: na realidade, as mulheres deles, como são libidinosas, fazem intumescer as virilhas (virilha: em latim, 'inguina', que pode ser traduzida como “membro”) dos maridos com tamanha crassidão que parecem disformes e torpes; isto por algum artifício e mordedura de alguns animais venenosos. Por causa disso, muitos deles perdem as virilhas (que apodrecem por falta de cuidado) e se tornam eunucos. Não têm panos nem de lã, nem de linho, nem de seda porque não precisam deles. Nem têm bens próprios, mas todas as coisas são comuns, Vivem ao mesmo tempo sem rei e sem comando, e cada um é senhor de si mesmo. Tomam tantas mulheres quantas querem: o filho copula com a mãe; o irmão com a irmã; e o primo, com a prima; o transeunte e os que cruzam com ele. Quantas vezes querem, desfazem os casamentos, nos quais não observam nenhuma ordem. Além do mais, não têm nenhum templo, não têm nenhuma lei, nem são idólatras".

Fragmento de Mundus Novus – Carta a Lorenzo di Pierfrancisco dei Medici – Escrita por Américo Vespúcio ou atribuída a ele, por ocasião da sua 2ª viagem ao Brasil – maio de 1501 a setembro de 1502.
(Américo Vespúcio - Novo Mundo – As cartas que batizaram a América – Apresentação e Notas Eduardo Bueno – Editora Planeta – 2003 – fls. 41-42
)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

MAIS BONITOS (ou a beleza da geração que vê a arte como forma de compartilhar a alegria)


...Daí eu olhei pra o Julinho Salaberry e disse a frase que eu ‘tava realmente pensando, a frase que me veio à cabeça, e que eu tinha que dizer pra ele: - Ah, ele são mais bonitos do que nós. São generosos, são solidários, e, por isso mesmo, são muito mais bonitos do que nós. O Julinho, rabugento como ele só, obviamente não concordou; ao contrário, meneava a cabeça num “não” contrariado, um não de não querer, um não de não mesmo, e pronto. Então, eu pensei - tenho que apelar. E passei a usar um argumento mais sentimental, na verdade uma chantagenzinha barata, emprenhada de sofisma, como a ocasião exigia. Eu disse, simplesmente: - Julinho, quando nós tínhamos a idade deles, pra nós não tinha a menor importância àqueles velhos que pensavam que sabiam alguma coisa. Nós éramos pretensiosos e preconceituosos, coisa que parece que eles não são agora. O que importa pra eles é a alegria, é a arte, que faz com que aceitem a ti, a mim, ao Donga... Daí, o Julinho olhou para a companheira dele, puxou um sorriso bonito dos olhos claros, e fez que sim, mesmo sem concordar fez que sim, meio que aceitando aquela retórica como possível. E eu estava me referindo, é claro, a uma nova geração que o Arroio Grande ‘ta produzindo agora: tem a Marcela, tem o João Vicente, tem a Marília, e têm outros que eu mal conheço como o Vítor, o Hélio, o Maurício, a Lucélia, os gêmeos, e outros, e outros. Pois na minha época eu não sei se tinha gente assim. É claro que tinha outros caras, tinha outras gurias, muita gente que se apresentou pra fazer alguma coisa pela cidade. E a gente lia “On The Road”, do Kerouac, e a gente via Godard, e a gente recitava Neruda, e a gente ouvia Raul (e nem precisava dizer: “toca Raul!”); a gente fazia tanta coisa que não dá nem pra dizer o que a gente fazia. Só que a gente tinha problemas, muitos problemas, problemas demais. Enquanto essa nova geração faz da arte uma forma de manifestação solidária, uma forma de alegria compartilhada, a gente sempre quis usar a arte como uma forma de poder, com uma pretensão de “status”, querendo aparecer, por vaidade mesmo. Nós éramos pretensiosos e preconceituosos. A gente se achava os “donos do mundo”, a gente não sentava com velho, a gente segregava. Aquela geração nunca procurou, por exemplo, o Dr. Aimone, que era um cara que podia contar toda a história do Arroio Grande, essa mesma história que a gente ‘ta tentando resgatar agora. A gente “usou” o Nenê Balhego (que feio!), a gente não deu importância pro Paulo, a gente não entendeu o Pedro, e mesmo o Basílio só virou o que virou porque morreu tragicamente, já que a cidade da gente também não dava bola por ele. Pois essa gurizada que ‘ta aí, e que participou junto com o Caboclo – guru de todas as gerações - da festa do aniversário do Peninha – As lavadeiras do Mato Grande -, parece mesmo que é diferente. E mais bonita do que nós. E eu digo isso agora sem sofismar, sem precisar convencer o Julinho ou quem quer que seja; eu digo isso porque quero acreditar nisso: quero crer que essa geração vai fazer mais e melhor do que a gente. E tomara que seja mesmo assim, pois somente eles, agora, é que podem transformar esta cidade, da forma como a gente queria, mas não conseguiu fazer. Simplesmente porque não soube como fazer.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

GROE(N)LÂNDIA

No último sábado - 09/05 - o Bar do Xiringa viveu uma noite mágica com a apresentação do espetáculo Groelândia, organizado pelo Caboclo, que contou com a participação luxuosa de "velhos" músicos como o Sidney Bretanha, o Negrinho Martins, o Elton Bretanha, o Julinho Salaberry, e com a presença de gente da nova geração como a Marcela e o João Vicente (na foto com o bruxo Edu Damatta).
Pois é dessa turma, dessa nova gestação da arteiros (Marcela, João, Marília e outros) que está trazendo mais arte e mais alegria para o Arroio Grande, que eu pretendo falar na próxima crônica. Carinhosamente, é claro.
Sexta-feira, aqui na página.

sábado, 9 de maio de 2009

SÍMBOLOS


A Casa da minha mãe já tem cerca de cem anos. Foi construída antes mesmo da atual Rua Júlio de Castilhos se chamar Andrade Neves, e reformada em 1925, segundo consta da própria fachada.
Depois, a Casa sofreria algumas alterações, até ganhar o formato definitivo de agora, mantido desde 1969, há quarenta anos, portanto.
Na Casa da minha mãe, funcionou, em prédio conjugado à antiga casa do Dr. Nilo Conceição, bem na esquina com a Rua Herculano de Freitas, o Colégio 20 de Setembro, isso até a década de 40 do Século passado. Naquele prédio do 20, estudaram personagens inesquecíveis do Arroio Grande, como a Maria Caetano e o Issa Costa, e outros, como a Dona Alicinha, que, para a nossa felicidade, ainda estão por aqui para contar a história.
A Casa – construída em cima de um terreno que foi do Máximo Pereira - pertencia a família dos Muñoz, e coube, por herança do João Thomaz, ao João Pedro (irmão do Maximiano, o Gordo), de quem o meu pai veio adquirir o prédio, isso em 1966.
Ali, eu ocupei um quartinho nos fundos, onde jogava Futebol de Botão com o meu pai, que tinha como time o Itapoã, de Ponta Grossa, com uma escalação de nomes curiosos, mas com cada jogador possuindo a sua própria história: o Goleiro Izauro, padeiro; os dois beques Juvenal e Murilo, este caminhoneiro; a linha média com Juca, Mafaldo, o sapateiro, e Cicerone; e o ataque com Biluca, Mariotti, Jaime, Arturzinho, que era garçom, e Costa, o namorador.
Jogavam conosco um Delegado gritão, que brigava a partida toda, e o Promotor Fausto Domingues, condutor do Marília F.C., time do lendário Goleiro Mão de Onça.
Naquela Casa, para acompanhar as cervejadas do meu pai, a minha mãe preparou feijoadas memoráveis, a Dona Candinha fez bolinhos de batata inesquecíveis e o mocotó do Duca surgia fumegante todos os domingos do inverno.
Ali, surgiria, na década de 70, a famosa “Rua da Bahia”, freqüentada pelo Basílio, pelo Julinho Salaberry, pelo Avirelis, pela Izaura, pela Amália e por tantos outros, que fizeram do local mais do que boemia, um verdadeiro instrumento de manifestação cultural da paróquia.
Pois ainda hoje, a secular Casa da minha mãe se encontra firme e forte, sem nenhuma alteração estrutural, e deverá permanecer assim até o dia em que a família necessite se desfazer dela, para quem sabe alguém vir a descaracterizá-la com pastilhinhas e janelas de alumínio, como tem sido comum às casas antigas por aqui.
Já a minha mãe é bem mais nova que a própria Casa, tem apenas (?) 73 anos, mas já não está tão firme e forte como o prédio dos Muñoz; ao contrário, está velha e doente, e deverá continuar assim, mantida por outras pastilhas que já não podem lhe devolver a mocidade, embora existam pastilhas para destruir casas.
A Casa da minha mãe e a minha mãe são dois símbolos da minha vida. E eu amo a minha Mãe bem mais, muito mais do que a casa dela, a quem também amo demais

sexta-feira, 1 de maio de 2009

DEZ QUESTÕES PARA O DIA DO TRABALHO


1) Ainda existem os almoços comemorativos da Liga Operária?

2) O churrasco servido pela Prefeitura serve também à oposição?

3) A Votorantin vem ou não vem?

4) A Vara do Trabalho fica ou não fica?

5) O Partido dos Trabalhadores entra ou não entra no governo dos Trabalhistas?

6) A Professora que, além da escola, cuida também da casa, tem ou não tem dupla jornada?

7) A Governadora Yeda sabe quanto ganha um Professor? Os maridos sabem o que é dupla jornada?

8) O Presidente Lula tem maior aceitação entre os trabalhadores ou entre os banqueiros?

9) Mais de cem anos depois de Marx, o mundo permanece do capital, isto é, de quem tem dinheiro; ou do trabalho, isto é, de quem trabalha para quem tem dinheiro?

E, finalmente, se - como disse certa vez Jorge Amado -, a arte se faz com ócio,

10) O Caboclo-Edu Damatta – que está produzindo um filme, um CD e escrevendo o suficiente para publicar um livro, tudo ao mesmo tempo - é um trabalhador ocioso ou um ocioso que não para de trabalhar?

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O Dia do Trabalho foi instituído em razão dos acontecimentos ocorridos em 1° de maio de 1886, quando milhares de pessoas foram às ruas na industrializada Chicago - EUA, para reivindicar melhores condições de trabalho.
A manifestação, e os fatos que a ela sucederam – resultando em prisões, e feridos e mortos nos confrontos entre a polícia e os operários – acabaram deflagrando a primeira greve geral de trabalhadores de que se tem notícia.
Para celebrar aquela data, foi criado, a partir do Congresso da Segunda Internacional Socialista, realizado em Paris, em 1889, o Dia Mundial do Trabalho, fixando o 1° de Maio como um dia de comemoração para toda a classe trabalhadora.
No Brasil, a data foi consolidada como o Dia dos Trabalhadores em 1925, no governo de Artur Bernardes.
Hoje, nesse mundo globalizado e cheio de conquistas – computador, internet, celular... -, é um dia cada vez mais de lutas, onde a principal luta de quem trabalha é, primeiro, para não perder o emprego, para manter-se sobrevivente com dignidade ao menos até o dia seguinte, até o próximo Dia do Trabalho, até quando der...