sábado, 31 de dezembro de 2011

CARTA AO GOOGLE

Prezado Sr. Google
Neste exato instante são vinte e três horas e cinquenta e nove minutos do dia trinta e um de dezembro de 2011. Daqui a pouco um novo ano irá começar e, por tradição ou esperança, é chegado o momento da gente fazer os pedidos para o período que se aproxima.
Recorro, pois, ao Senhor, que a tudo localiza com extrema agilidade, para que neste Ano Novo me auxilie a encontrar alguns prazeres que desapareceram da minha vida já há algum tempo, assim como desapareceram também da vida dos meus amigos e dos meus familiares, e de todas as pessoas que eu conheço.
Queria que o Senhor localizasse, primeiro, uma caneta à tinta, para que eu pudesse lhe escrever uma Carta à mão, com caligrafia caprichada e com um português senão perfeito, mas ao menos razoável, com palavras inteiras, como, por exemplo, “risos” em vez de rsrsrsrs (ou eheheh, ou huashuas), e “beleza” em vez de blz, e terminar o texto com um “abraço” do remetente, em vez de abs ou abço (ou deu! ou fui!), e sem precisar “curtir”, nem “comentar”, nem rtw, só para a nossa conversa ser mais cordial, o Sr. entende?!!
Depois, gostaria que o Senhor também localizasse uma calçada segura onde eu pudesse colocar uma cadeira para sentar à noite, e escutar um rádio de pilha (o Sr. me localiza um radinho de pilha?) sintonizado numa estação qualquer, que toque música e não pagode, ou sertaneja, ou funk, ou sei lá o que mais (o Sr. também localiza música de verdade, não é?), de preferência bebendo uma cerveja e olhando para a lua, sem medo de atropelamento, sem medo de assalto, sem medo de nada.
Mais tarde, se eu estiver sem sono, gostaria que o Senhor me localizasse também um baralho, para um jogo de cartas, tipo pife ou pontinho (sabe?) ou robamonte ou escova, qualquer um, pois não precisa ser a dinheiro não, afinal a gente só quer jogar para se divertir, como antigamente, sem se importar em ganhar ou perder dinheiro, como agora.
Por último, e aproveitando que o fim-de-semana se aproxima, gostaria que o Sr. localizasse também um Cinema para que a gente pudesse ir, de preferência com uma carrocinha de pipoca na frente e com um baleiro dentro do próprio cinema. Depois, ao final do filme, gostaria de encontrar uma daquelas carrocinhas de cachorro quente, para a gente lanchar na rua mesmo, a fim de comer com o pão ainda quentinho e evitar dar trabalho as tele entregas, compreende?
Finalmente, Senhor Google, depois de tudo, eu pretendo me reunir com a minha mulher, com os meus filhos e com alguns amigos, e aí, se não for pedir demais, gostaria que o Sr. se desligasse um pouquinho, pois tenho vontade de falar com eles sobre o sentido de algumas expressões como diálogo, amizade, respeito, compreensão, tolerância, solidariedade...
Eu sei, eu sei que o Senhor pode localizar essas palavras para nós facilmente, Mr. Google, sei das suas boas intenções, mas lhe peço: por favor, deixe a gente descobrir junto o sentido dessas coisas, deixe a gente discutir, discordar, debater, para, ao menos por uma vez nos tempos atuais, poder escolher entre errar pela própria cabeça ou permanecer julgando que acertou pelo repetitivo aperto de um simples botão, que, aliás, para ser justo com o Sr., não tem qualquer culpa nessa história. Mas uma desligadinha de vez em quando bem que ajudava...
Um abraço respeitoso do seu fiel usuário,
Pedro

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

FIM DE ANO

Sempre por esta época acontecem os tradicionais jogos de fim de ano, onde peladeiros de toda a espécie acabam se juntando para comemorar sabe-se lá o quê.
A minha turma, na sua maioria já entrada nos cinquenta, deixou de realizar o tal jogo faz algum tempo, pulando sem escalas "das pernas para a barriga", isto é, trocando a "pelada" pelo encontro direto com a cerveja, como ainda acontece com alguns de nós que acabam se encontrando todos os anos.
Todavia, como "recordar é viver", encontrei esta foto de um jogo ocorrido há exatos 20 anos (dia 29.12.1991), época em que os cinquentões de hoje beiravam a casa dos trinta, período em que ainda podiam fazer um bom papel no futebol até porque, a bem da verdade, todos eles tinham alguma intimidade com a bola.
Foto: 29.12.1991
Local: AABB - Arroio Grande
Time (camiseta do E. C. Arroio Grande), com as respectivas profissões:
Em pé: Mário Eduardo (Banrisul), Petry (Desembargador-SC), Ricardo Freitas/"Donga" (Coordenador Regional Corsan), Pedro Jr/"Juninho" (Advogado), e Fábio Lima (ex-jogador do Grêmio, técnico de futebol);
Agachados: Eduardo Pereira (ex-jogador do Pelotas, comentarista da Rádio Pelotense e técnico de futebol), Afrânio Costa/"Faneco" (Engenheiro Civil), Giovanni/"Xiringa" (Empresário-SC), Avelino (Orizicultor) e Ricardo/"Difa" (Professor e func. público municipal).
A turma de adversários (que jogou com a camiseta do G. E. Internacional, fazendo o tradicional Clássico local) também foi devidamente "retratada", mas não consegui encontrar a foto que fica para outra oiportunidade.
Ah, e o jogo? E o resultado? Deu empate (acho que 6 X 6) e com muita discussão a respeito do último gol, aliás como não poderia deixar de ser.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

COPACABANA 35

Esta foto é de uma passagem da minha família pelo Rio de Janeiro, em dezembro de 1976, mais ou menos por esta época.
Eu - então com apenas 15 anos de idade - sou o "do meio", situado entre o meu cunhado - Zé Paulo "Barbudinho" - e o Kiko da Candinha (bebendo chope), num bar qualquer de Copacabana.
Do outro lado da mesa, para onde o garçom mais se dirigia devido a repetição dos pedidos (mais chope, mais chope, mais chope...), estava certamente o meu pai, o velho Pedro Bittencourt, e deveriam estar também a minha mãe Josina e as minhas irmãs Nazine e Magali, se é que estas não sairam para fazer compras enquanto os homens bebiam, fumavam e olhavam o doce balanço das cariocas.
E lá se vão trinta e cinco anos...

sábado, 24 de dezembro de 2011

PARA TODOS

Arroio Grande tem a cara de todos os seus habitantes e a cidade vem se construindo do trabalho, do suor e da dedicação de cada um.
Entretanto, por uma característica ‘mui’ peculiar, a cidade vive demais o que chamam de “política”, a classe política é superestimada e a “lógica” das pessoas acaba sendo aquela apregoada pelos grandes grupos locais, onde “quem não está comigo está contra mim” e por aí vai...
Em Arroio Grande – é verdade – quem não é do PDT é contra o PDT, quem não é do PP é anti PP, e quem não está do lado dos irmãos Cardozo é contra os irmãos Cardozo. Assim é, exatamente como foi há algum tempo, quando quem não era Flávio Pereira e Chorê era contra eles; tudo igual, absolutamente igual, como, aliás, deve ser no embate político, desde que travado nos limites da civilidade.
Só que eu, que não sou do PDT, mas não sou contra o PDT, que não sou PP, mas que não sou anti PP, e que não tenho nada contra os irmãos Cardozo, tenho preferido dedicar este espaço a outros assuntos, até porque acredito que a transformação e o desenvolvimento de uma cidade estão muito acima dos simples movimentos dos políticos locais.
Ajudam a transformar o Arroio Grande, por exemplo, aqueles que trabalham anonimamente no seu dia-a-dia: os cozinheiros, as balconistas, os garçons, os garis, os advogados, os médicos, os arrozeiros, os peões, funcionários públicos, domésticas, muitos que não tem um milionésimo de espaço que a mídia destina diariamente aos políticos que – reconheça-se em alguns deles – também ajudam a desenvolver a cidade.
Ajudam a transformar o Arroio Grande aqueles que se dedicam a contar e a interpretar a sua história, como a Profª Flávia, o Sérgio Canhada, o Arnóbio, o Vitor Schoreder e a Carla Hernandez, entre tantos outros.
Ajudam a transformar o Arroio Grande os artistas da cidade, como o Caboclo e o Sidney, o Jélson e o Sandro Campello, o Saninho e o Julinho do Tuíca, e novos valores como o Gregory e a Marina Vidal, e a gurizada das bandas, o Cão de Guarda, a Toca do Bandido e muitas outras.
Ajudam a transformar a cidade, o trabalho da Verônica, na dança, a poesia da Marília Kosby, o traço do Zé Darci, nas artes plásticas, e a marca da Ana Machado, da Eliana Lúcio e da Márcia Ferreira, nas fotografias.
Ajudam a transformar a cidade, as lições da Profª Maristela, na Educação, o trabalho do Prof. Ivan, com a sua inventividade, a atuação do diretor Paulista, no Colégio Aimone, e das diretoras Gisiane e Jussara que estão verdadeiramente revolucionando as suas Escolas, lá, bem longe dos holofotes, no interior do município.
E tem mais, muito mais gente, que trabalha anônima e intensamente para fazer um Arroio Grande melhor, dia a dia, mês a mês, ano a ano.
Pois é para todos eles, os citados e os não citados – do Prefeito Jorginho ao mais humilde catador de papel – o desejo de um Feliz 2012, e que o trabalho de todos esteja sempre voltado à inclusão e a felicidade das pessoas, pois a política de desenvolvimento de um lugar não pode se dar à custa da exclusão nem do sofrimento de ninguém, em qualquer tempo.
Porque o Feliz Ano Novo, mais do que uma expressão de fim de ano, tem que ser realmente um direito de todos!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

INESQUECÍVEL











Um dos momentos impagáveis do jornalismo local aconteceu num 22 de dezembro como agora, só que em 1959, há exatos 52 anos.
Foi no jornal "A Tribuna", que havia sido fundado um ano antes, e que tinha a participação do meu pai, o velho Pedro Bittencourt, junto com o Martinelli, o Notari e o Lauro Cavalheiro.
Trata-se da famosa briga do Venâncio (da oficina) com o Pitico (vendedor), que "A Tribuna" reproduziu em três capítulos. Como o jornal era semanal, os capítulos foram publicados nas edições de 8, 15 e 22 dezembro, conforme as reproduções acima (acho que clicando sobre as imagens dá para ler alguma coisa do original, vale a pena tentar), deleitando os seus leitores com o folhetim, mas tudo para sair de uma crise financeira que assolava o novel pasquim, como assegura o Arnóbio.
Já faz algum tempo eu fiz uma referência sobre o caso aqui mesmo na página, mas nem lembro em qual post; entretanto, qualquer que tenha sido a abordagem esta não terá tido a menor significância se comparada à crônica escrita pelo Arnóbio que transcrevo na postagem abaixo junto com o link do seu blog.
O folhetim bolado pelo Pedro é impagável e entrou para a história como um dos momentos inesquecíveis do jornalismo local; já a crônica escrita pelo Arnóbio é incomparável, não é a toa que ele tem a melhor "pena" por aqui, não é por nada que nós o chamamos de "Professor", sempre.
Leiam a crônica de Arnóbio Zanottas Pereira - Seu Venâncio - na postagem abaixo.

SEU VENÂNCIO

Lá pelos idos de 1958 surgiu em nossa cidade um jornal semanal de nome A Tribuna. Era liderado pelo Pedro Jaime Bittencourt (o Eterno), mais o Fernando Martinelli, o André Notari, o Ney e o Lauro Cavalheiro. Naquele tempo os jornais da terra, que eram dois, contando com o A Evolução, lidavam com sérias e distintas dificuldades de ordem financeira. Tanto que, a bem de comprar papel para as rotativas, e cumprimento da obrigação de estar na mão do leitor às sextas-feiras, o Pedro teve de aproveitar como matéria de capa, uma briga envolvendo o Pitico com o Seu Venâncio. A contenda, publicada em três edições, em forma de crônica, tinha a lavra do Seu Venâncio. Foi assim: À época, era Delegado o Herculano Ghan e a D.P. ficava naquela esquina confronte à CEEE, hoje propriedade do Basciri e do Nasser, recentemente QG do Partido Progressista; a redação do semanário estava localizada onde hoje é a Loja da Sinaleira, na calçada defronte à SSMAG, dividindo, na semana de Carnaval, as instalações com a loja A Momolândia, do Conceição. Tudo na mesma calçada do escritório de advocacia do Doutor Aimone Carriconde, que ficava na Visconde de Mauá, na esquina da hoje Farmácia Saúde. Pois - situado o leitor geograficamente -, não tendo o Seu Venâncio encontrado o advogado em seu local de trabalho, dirigiu-se à Delegacia de Polícia; e, justo no caminho onde estava o Pedro, à porta da tipografia, desconsolado por não ter papel para rodar a edição da semana, passa o Seu Venâncio, com um curativo imenso no braço e uma vontade mais imensa ainda de contar o seu infortúnio. Não deu outra... Parou. Contou. O Pedro, ai minina!, nem esperou ele terminar o seu registro. No ligeirão, com o pião já na unha, partiu para o ataque: Que ele Seu Venâncio contasse a desdita numa crônica, como matéria paga, jogando aos quatro cantos do mundo, a agressão do Pitico... Preço acertado saiu a catilinária. Foi ao prelo em três capítulos, nas três edições de 08, 15 e 22 de dezembro de 1959. Os gozadores, aproveitando uma novela radiofônica em que era galã o Amilton Fernandes, na Rádio Farroupilha, chamada o Direito de Nascer, apelidaram a da briga de O Direito de Morder. Eis, copiado ipsis literis, um minúsculo trecho da primeira das três crônicas meio corrigido gramaticalmente, como se vê, por uma boa alma: “ ... Eu disse, tive, fui levar o dinheiro da banha. Ele me respondeu: Lá não se vende banha nenhuma, faz hora que ando te procurando para te dar muito pau. Eu disse: Mas o que é que há, E ele já tira de uma arma branca e levou direito a minha barriga, dizendo: O que há é isto e eu tentei sair fóra, a moda criança, levando a mão direita a arma que ainda-me atingiu a coxa esquerda, um ferimento bastante profundo e com o mínimo de 11c centímetros de comprimento conforme diversos cidadões viram e ainda podem ver, ferindo-me a mão do mesmo lado a respeito do ferimento eu tinha mais argumentos a fazer, mas a pedido de um amigo deixo de faze-lo nesta ocasião. Daí, como ia contando, Deus me ajudou a dar um soco que a arma desapareceu, mas aí ele tentou novamente deixar quatro filhos pequenos sem pai; dando-me uma gravata para me enforcar, mas Deus me ajudou de novo, deu-me. A lembrança de pegalo o braço com uns pedaços de dente que foi toda a minha salvação, pois talves com a dôr ele parou de tentar-me apertando o cogote com os dedos, ocasião em que eu, que não sou de briga soltei-o e nos empurramos um do outro e ele ficou dizendo-me; Tenho que te dar muito. Eu disse: vou dar parte de ti, ordinário, me cortaste e embarquei no auto e vim direito ao Dr. Aimone...”. Como dizia o Seu Ramãozinho, filosofando lá na Liga Operária, espargindo os seus ensinamentos: Assim como são os homens, são as criaturas...
(Arnóbio Zanottas Pereira)
Leiam o texto no original em:
http://arnobiopereirahistorias.blogspot.com/2011/12/seu-venancio-la-pelos-idos-de-1958.html

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ZÉ DARCI

Zé Darci, entre Márcia Ferreira, Marília Kosby e Pedro Jr, na Mostra de Arte - fotografia, poesia, texto e pintura - que o grupo de Arroio Grande apresentou na BPP, em 2010.

O Zé Darci, arroio-grandense, porteiro do DAER, artista plástico, ligado ao Movimento Negro desde as suas raízes, nosso companheiro de "arteirices" por aqui (1ª foto acima), começa a ter o seu trabalho reconhecido em toda a região sul.
A seguir, trechos da matéria que saiu "de página inteira" sobre o trabalho do Zé no Diário Popular, tradicional jornal de Pelotas, Secão Zoom, edição de 19/12/2011.
Grande Zé Darci!

"Momentos
Arte negra está em exposição na Bibliotheca Pública
Foto: Jô Folha
Momentos reflete a vida e a paixão do porteiro que mora em Arroio Grande
Para retratar os momentos mais importantes de sua vida, o artista plástico Zé Darci valeu-se de suas experiências tanto na profissão quando na luta pelo Movimento Negro. O resultado são as 11 peças que estão expostas no Espaço de Arte Mello da Costa, vinculado ao Museu Histórico da Bibliotheca Pública Pelotense (BPP). Momentos reflete a vida e a paixão do porteiro que mora em Arroio Grande, trabalha em Pelotas e viaja pelo mundo com sua arte. Leia a matéria na íntegra sobre a mostra na edição impressa do Diário Popular desta segunda-feira (19).ServiçoO quê: exposição Momentos, de Zé DarciQuando: até quinta, dia 22, com visitação hoje e quarta, das 13h às 17h, ou por meio de agendamento direto na BPP pelo telefone (53) 3222-3856Onde: Espaço de Arte Mello da Costa, vinculado ao Museu Histórico da BPP, praça Coronel Pedro Osório, 103. Entrada franca".
Link da matéria do DP:


sábado, 17 de dezembro de 2011

A COLINA DOS HOMENS PERDIDOS

Um dos filmes que marcou a minha mocidade – já vai lá um certo tempo... – chama-se “A Colina dos Homens Perdidos”, que eu costumava assistir numa televisãozinha preto e branco existente no meu quarto de estudante, na casa dos meus pais, na Rua Júlio de Castilhos, 34, aqui mesmo em Arroio Grande.
O filme passava seguidamente na “Sessão Coruja”, acho que repetiam pelo menos uma meia dúzia de vezes ao ano, e eu assistia sempre que a Globo o reprisava; era absolutamente fascinado pelo roteiro, pela fotografia em preto e branco e pelas interpretações dos atores.
Não sei por que o filme me encantava tanto, a ponto de nunca esquecê-lo e de sempre querer revê-lo, mesmo agora que a tecnologia é outra, e quando as salas de cinema deram lugar a pontos de estacionamento, mesmo agora quando obras como “A Colina dos Homens Perdidos” não passam mais na televisão, sequer nas madrugadas.
O filme retrata um drama psicológico vivido num acampamento do exército britânico durante a 2ª Guerra Mundial, mantido com a finalidade de disciplinar militares insurrectos ou desertores. Lá, os soldados são obrigados diariamente a escalar uma colina, sob um sol escaldante, já que o drama se passa no deserto da Líbia, subindo e descendo a pequena montanha para absolutamente nada, pois a escalada não possui nenhuma finalidade que não seja a da punição pela tortura.
Algo semelhante foi retratado pelo russo Feodor Dostovievsky no seu livro “Recordação da Casa dos Mortos”, onde o escritor relatava a experiência da sua prisão na Sibéria por cerca de cinco anos – de 1849 a 1854.
Na “Colina” não é muito diferente, variando a época e o lugar – da Rússia dos Czares à aventura nazista, do calor do deserto para o frio da estepe – mas permanecendo a tortura psicológica como tormento de uma geração de homens que tinha dificuldades de conviver com a guerra, ainda que, segundo a “lógica” militar, homens, e, principalmente, soldados, tenham obrigação de conviver com a estupidez da guerra.
É um filme seco, contundente, instigante e perturbador, que marcou a minha mocidade e que hoje, me valendo das facilidades da internet, vou procurar no mercado virtual. Quero muito voltar a assistir “A Colina...”, até para ver se ainda é possível manter as impressões que tive do filme mais de três décadas depois de tê-lo assistido. Aliás, se alguém for mais rápido e quiser aproveitar o Natal para me presentear...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

É TRI!













Capa e contracapa do Jornal "A Evolução" de dezembro de 1991 com o grupo Campeão do Rio Grande do Sul.

O goleiro Jaques, o dirigente Paulo Freitas (com a Taça) e o meia Biluca; agachado o ídolo e goleador Cabrito, maior nome do título de 1991.

Fotografia histórica: o veterano Arizinho, treinador da equipe, comemora correndo pelo gramado em meio aos atacantes Álvaro e Cabrito - E. C. Arroio Grande tri-campeão em 1991.

Não poderia deixar passar em branco a data. Neste dia 15 de dezembro fazem 20 anos da maior conquista de futebol da cidade: E. C. Arroio Grande - Tri-campeão estadual de amadores (1967, 1969 e 1991).
O grande título Saci foi conquistado depois de três jogos disputados na cidade de Sobradinho, no chamado Campeonato Absoluto de Amadores (que incluia os 4 campeões das chaves regionais), com os seguintes resultados:
Arroio Grande 3 x 2 América (da cidade de Tapera);
Arroio Grande 2 x 0 Internacional (de Arroio Grande, o maior rival);
Arroio Grande 2 x 0 Atlético Sobradinho (anfitrião).
A partida decisiva foi disputada exatamente no dia 15.12.1991, um domingo à tarde, sendo testemunhada pelo blogueiro e por cerca de 300 arroio-grandenses que se deslocaram para o noroeste do Estado a fim de assistir o maior clássico da história do nosso futebol e o último título de um time local. (Posteriormente, em meados da década de 90, ambos os clubes da cidade - E. C. Arroio Grande e G. E. Internacional - encerrariam as suas atividades, perdurando paralisados até os dias atuais).

* As fotografias e a história do clássico disputado em Sobradinho, bem como do grande título Saci constam detalhadamente do livro "O Clássico - uma história de paixão", escrito pelo autor desta página e editado pela Secretaria de Cultura de Arroio Grande durante as comemorações do aniversário da Cidade.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

FRUTEIRA

Escrevi aqui, há bem pouco tempo (postagem de 05/11), sobre a produção do Edu Damatta intitulada Fruteira Brian Jones, uma homenagem do Caboloco ao nosso Basílio Conceição, e dos sonhos e devaneios que o Peninha tinha de viver em Arroio Grande, aliando a vida de artista com as coisas do campo e da natureza, ainda nos anos 1980.
Pois a obra do Caboclo está disponível apenas na internet; para quem quiser escutar ou baixar as músicas basta acessar o site abaixo, é "de grátis", mesmo.


(A primeira faixa - Pode o céu produzir flores, do poeta hervalense Pedro Canga que viveu por aqui há mais de 150 anos... - eu declamei "de improviso", sem direito a repetição ou edição, ao melhor estilo cabocliano).
A "capa" do Fruteira (foto ao alto) é um primor, como o CD inteiro, como tudo que o Caboclo produz, aliás faz tempos.

sábado, 10 de dezembro de 2011

VOU TER QUE ESCREVER MAIS CURTO

A maior reclamação dos meus leitores não está exatamente no conteúdo das crônicas, mas no seu tamanho. A maioria considera os textos extensos demais, escancarando o que já se sabe: todo mundo gosta de ler, mas ninguém gosta de ler textos longos. É compreensível. Para que ler uma matéria inteira, um artigo, uma crônica, se a capa do provedor na internet dá a notícia ali, na hora, pequenininha, resumida, enxuta?
Por isso é que ninguém mais quer ler, e, aliás, ninguém quer mais conversar sobre nada. As conversas, especialmente entre os homens, se resumem hoje quase que só ao futebol. Nem de mulher se fala mais. Tenho saudade do tempo em que a gente ia para os bares falar do caminhar, do sorriso, do trejeito, do corpo e das formas... das mulheres, naturalmente.
Hoje, não se fala mais nada disso, é só internet (é boa aquela piada que diz que a geração atual trocou a trilogia sexo-drogas-rockanroll por masturbação-ice-restart). Tudo vem da net e a net deve retornar. Não se fala em outra coisa que não esteja na web – no youtube, no twitter, no facebook –; é o mundo virtual ditando o comportamento do mundo real.
Para não dizer que não se fala sobre mais nada, às vezes ainda é possível escutar alguma coisa sobre política, sobre o preço do arroz, a previsão do tempo, e, depois, futebol, futebol e futebol. As conversas sobre futebol estão na televisão, nos bares, nas ruas, em todo o lugar, enquanto que falar de mulher – vejam só! – se tornou desinteressante.
As mulheres, pelo contrário, continuam falando de homem e ainda contam com a ajuda da internet para isso. E falam para o bem e para a mal. Aliás, do jeito que a gente ajuda mais para o mal. Falam de tudo um pouco: do trabalho delas (é raro, hoje, mulher que não trabalha), de política, de estética, mas continuam falando dos homens, o que é importante para não desaparecermos. Já a última vez que ouvi uma roda de homens falando de algo que não fosse futebol foi sobre o casamento gay, e a maioria se posicionou contra, para logo seguir falando... sobre futebol. Eu não tenho nada contra – nem contra o casamento gay, nem contra o futebol –, mas preferia trocar de assunto, e falar um pouco de literatura, de música, ou quem sabe voltar a falar sobre as formas das mulheres.
Como não tenho muito com quem falar é que escrevo – sobre música, sobre literatura, sobre história, sobre tudo. Entretanto, para não chatear mais os leitores, prometo que futuramente – ano novo, velhas promessas... – vou tentar escrever mais curto.
A não ser que a gente volte a falar das formas das mulheres, porque aí, amigo, do jeito como elas costumam aparecer nesta época do ano, dá para preencher páginas e páginas sobre a matéria, e, se bobear, com direito a fotografia e tudo. Pode ser que assim os marmanjos sepultem de vez o assunto “futebol”, pelo menos até a Copa de 2014, ou, vá lá, até o início do Brasileirão 2012, em abril. Uma folga dessas já estaria boa demais.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

LÓGICO

A gentileza e generosidade dos leitores não tem limite.
Seguidamente eles enviam críticas, elogios, textos, fotografias, ideias e sugestões para publicar aqui na página.
Agora, o Solismar Venzke – arroio-grandense radicado em São Paulo (o “Rato”, lembram?) –, frequentador habitual do blog, manda desde Campinas este “Pensamento Crítico – O Poder da Lógica e da argumentação”, indicando que a obra pode ser útil, especialmente nas divagações a que a página eventualmente se propõe.
Embora os tempos de Ortega & Gasset e de Henry Lefvebre (“Lógica formal e lógica dialética”) do blogueiro já estejam longe, e, como dizem o Arnóbio e o Sérgio, a gente já tenha passado da idade de ler essas coisas “difíceis demais”, já dei uma boa olhada na obra e vou me esforçar para terminar a leitura, Solismar, prometo.
O agradecimento pela gentileza, porém, é desde agora, e imensurável, com toda a certeza.

domingo, 4 de dezembro de 2011

ESCOLHA

Escrevi aqui, há pouco tempo, sobre a minha “capitulação” como gremista, pelo fato de um dia ter adentrado na loja oficial do S. C. Internacional para comprar um presente para a minha filha colorada. Na ocasião, falei do meu vínculo com o Grêmio – pelo Gita, pelo Agapito, pelo Telê Santana, por tudo! –, mas não cheguei a contar o que afinal me fez gremista, como foi que tudo começou.
Eu tinha perto de sete anos de idade e a minha família morava ainda na Rua D. Pedro II, esquina da Praça Central, diagonal com a Igreja Matriz. Aos domingos, quando não havia jogo do Arroio Grande na cidade, o meu pai tinha por hábito sentar em frente à casa, acompanhado de um chimarrão, para escutar as partidas do seu Internacional, de Porto Alegre, num enorme rádio que ele ligava na Rádio Guaíba.
Eu ficava por ali, na volta, em meio à rua ainda sem calçamento, pouco interessado no jogo de futebol que o meu pai escutava. Gostava mesmo era de brincar descalço, de pular nos montes de areia e de subir nos canteiros da Praça, como faziam todos os guris da minha idade.
Uma ocasião, porém, os gritos do narrador esportivo chamaram demais a minha atenção e acabaram por definir o meu futuro como torcedor de futebol.
Foi no ano de 1968. O meu pai escutava um Grenal, e eu, entre um salto e outro para o meio da rua, ouvi o narrador (o Pedro Carneiro Pereira? O Milton Ferreti Jung? Já seria o Ranzolin?) gritar gol, goooooooooool do Grêmio, por diversas vezes, repetidas vezes, praticamente a tarde inteira.
O meu pai, impassível sobre a velha cadeira de madeira, não dizia nada, mas a cada goooooooooool do Grêmio propagado pelas ondas do rádio, parecia engolir a contragosto os goles de chimarrão.
Eu não sabia direito o que estava acontecendo, pois não me interessava pelo jogo. Entretanto, a cada vez que me aproximava de onde estava o rádio do meu pai escutava invariavelmente o mesmo grito: gol, goooooooooool do Grêmio.
O jogo, eu saberia depois, foi o Grenal de n° 187, realizado em 2 de junho de 1968. O Grêmio ganhou do Inter por 4 X 0 – gols de Alcindo, duas vezes, Joãozinho e Volmir. Entre as repetições do intervalo e do final da partida, eu devo ter escutado a expressão “goooooooooool do Grêmio”, umas dez, doze vezes, no mínimo, naquela tarde.
E foi esse Grenal, ou melhor, foram os gritos de gol desse Grenal, que me fizeram gremista, a despeito do enorme amor que eu sempre tive pelo meu pai – colorado fanático – e não obstante o meu pouco gosto pelo futebol naqueles tempos.
Todavia, para o menino que eu era à época, a reverberação, a tonitruância, a repetição incontida do grito máximo do futebol tiveram tamanho efeito que acabaram por determinar uma das grandes paixões da minha vida.
E eu me fiz gremista para gritar “goooooooooool do Grêmio” incontáveis vezes mais tarde, e eu me fiz gremista para gritar “goooooooooool do Grêmio” por décadas e décadas depois. Ali, no dia 2 de junho de 1968, eu me fiz gremista para sempre!

sábado, 3 de dezembro de 2011

DANÇA

Todo ano a cena se repete: bailarinos, coreágrafos, alunos e professores de Dança se reunem em Arroio Grande para ocupar o Centro de Cultura, atraindo um público que lota os seus 450 lugares; todo ano a Mostra Regional de Dança da Academia Camerini é o acontecimento e desta vez não será diferente.
Dança de Salão, ballet, jazz, dança contemporânea, hip hop e outros estilos vão se misturar novamente, agora com o acréscimo do Tango, do Prof. Leandro Pizzani, da Cia da Dança, que vai trazer até Arroio Grande fragmentos do seu "Asi se baila el Tango", premiadíssimo no Estado.
Todo ano a cena se repete e o melhor da Dança da região passa por Arroio Grande.
É neste sábado, 21 horas, no Centro de Cultura Basílio Conceição e desde ontem já não há mais ingressos, lotação esgotada. Como nos anos anteriores, aliás.