sexta-feira, 31 de outubro de 2008

ARNOBIANAS E CABOCLIANAS (II)


(O Duelo entre a Figueirinha e o Capão das Pombas)

O Arnóbio acordou cedo, por volta das 6:00 horas. Preparou o chimarrão, esperou o Corsa aquecer e tomou o rumo da Figueirinha. Passaria primeiro pela chácara, para ver como andavam as coisas, antes de partir para o Encontro, desta vez marcado para as imediações da Ponte Mauá.
O Caboclo sequer havia dormido, pois ficara toda a madrugada acompanhando uma rádio do Caribe, uma mostra de ritmos com músicos ligados às poblaciones do Rio Magdalena; a propagação estava perfeita, sem interferência, uma beleza, à noite toda.
De vez em quando ia até a porteira e espiava os céus, tudo calmo, tranqüilo, sem qualquer sinal de nuvens lá pras orrillas do Uruguay; o Capão das Pombas respirava tranquilamente a fria madrugada de setembro.
O 2º encontro entre arnobianos e caboclianos, o duelo entre a Figueirinha e o Capão das Pombas, havia se transformado num acontecimento na cidade.
As provas eram bastante simples, com adeptos do Arnóbio e do Caboclo respondendo perguntas escolhidas antecipadamente por outras tendências – os bittanquianos, os salaberrynos, as donguetes... -, a respeito dos dois criadores, indo depois as respostas para julgamento. Quem melhor se apresentasse, a critério de um Juiz escolhido de comum acordo pelas partes, poderia incorporar mais adeptos ao seu respectivo movimento. No ano anterior havia dado empate.
E começaram os questionamentos.
Preferência Musical:
- Tango, Bolero, Conjunto do Elias e Adão Miranda – disseram os arnobianos;
- Amy Winehouse, Atanásio, o Bando de Sandino e Mestre Baptista – responderam os caboclianos.
Viagem:
- Chile, Paris, o Chasqueiro e Herval de tardezinha – largaram os arnobianos;
- As cavernas de Granada, Chapada dos Guimarães, Vênus e Marte, logo ali, passando a porteira dos Muñoz – disseram os segundos.
Ideologia e política:
- Democracia da diversidade – Dr. Ulysses, Jorginho e Mariela, e Leleco – responderam os primeiros;
- Metamorfose Ambulante - Anarco Social Liberal, Che e PT (não yuppe) – disseram os caboclianos.
Siglas:
- OAB, MDB, I.E.E.A.S.C. - disseram uns;
- OVNI, LSD, Genteboa – responderam os outros.
Visitações:
- Biblioteca Pública, Casa de Cultura Mário Quintana, o Louvre – disseram os primeiros;
- Sebos, As Doquinhas e o Bento Freitas – responderam os segundos.
Ao final, perguntados se pretendiam se fazer acompanhar de defensores diante do Juiz, responderam:
- Sobral Pinto e Marta Rocha – os arnobianos;
- O Sérgio Canhada e o Badico – escolheram os caboclianos, acrescentando: - Mas se tiverem problema de amizade íntima com a outra parte, serve o Profeta do Redondo da Praça – garantiram.
E foram todos juntos para a “Rua da Bahia”, esperar a chegada do Basílio, escolhido Juiz de comum acordo. Enquanto aguardavam a decisão, a conversa ia girando sobre literatura, canções eruditas e música de cabaré, vida campeira e extraterrestre, com bebida farta garantida, afinal a cerveja havia ficado por conta do Pedro Bittencourt, não tinha como falhar.
Ah, o resultado? Deu empate, de novo!

SOBRE O ZANOTTAS E O DAMATTA (DE NOVO)





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O que o Arnóbio e o Caboclo têm em comum, e o que têm de diferente além do Fusca branco e do Corsa azul? Quais as (im) prováveis preferências de cada um - na música, na literatura, na política, no esporte...? O que dizem os seus seguidores? O que defendem os Arnobianos e os Caboclianos? Não percam: "O duelo entre o Capão das Pombas e a Figueirinha" - no fim-de-semana aqui no blog e nas páginas do jornal "A Evolução".

terça-feira, 28 de outubro de 2008

"COMEÇO O DIA TRANQUILAMENTE APERTADO EM TEUS PEITOS, PEDINDO CAFÉ E AMOR" (*)















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Hoje - 28/10 - é o aniversário da Verônica.
Hoje ela será o meu dia, por completo.
Com ela eu começo o dia, almoço o dia, entardeço o dia, escureço o dia e embebedo o dia, antes de deitar e comer o dia... por completo!
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(*) De uma canção de Sílvio Rodrigues

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

BAILE DE DEBUTANTES


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Depois de praticamente três décadas vesti novamente um smoking para ir a um Baile de Debutantes.
Fui por uma razão muito simples, a Isabela, o que dispensa qualquer outra justificativa.
Mas fui ao Baile, e entre o modelo da época dos meus pais que ainda remanesce - o smoking, os vestidos brancos, a valsa, o wuisque... - e a interferferência da modernidade - a decoração com banners, a música por DJ, o funk, red bull... - percebi que o tempo realmente não pára, e que, como já diziam e cantavam Tom Jobim e Vinícius de Moares na época do meu penúltimo smoking, beleza e juventude são fundamentais. Em qualquer tempo.

sábado, 25 de outubro de 2008

O QUE HÁ DE BOM






















Enquanto parte da cidade ainda discute (apesar da sentença do Dr. Juiz) se as 70 cestas básicas da Assistência serão capazes de derrubar as 2.665 almas lavadas do Arnóbio, o escritor José Saramago termina o seu novo livro “A viagem do Elefante”, o documentário Vinícius lembra com ternura a vida do poeta, e o uruguaio Jorge Drexler e o pelotense Vitor Ramil cantam lado a lado “A zero por hora”.
Todo o mundo gira, tudo segue e a vida se projeta, colorida como sempre.
Aqui, aqui mesmo em Arroio Grande continua a existir vida muito além da Prefeitura. Permanecem ao alcance de todos as coisas simples e belas da cidade; coisas que independem do Jorginho ou do Chaleira, do governo ou da oposição e que não custam nada ou quase nada, o que, como já cantou Chico Buarque, não é o mesmo mas é igual.
Andar pela Visconde de Mauá, sentar num banco na Praça Central, visitar o Acampamento Farroupilha, assistir ao Carnaval (e torcer pela Promorar, óbvio); caminhar pela estrada que vai para o Herval, andar de bicicleta em direção à Vila Silvina e percorrer a pé quase todas as ruas da cidade, desde que não chova, é claro.
Ler o Caboclo no Meridional, espiar o humor do Donga na Evolução; escutar a Marcela e o João no Xiringa, ouvir os músicos da terra – o Jones, o Saninho, o Sandro, os demais daqui e também o time de fora.
Almoçar no Baldaratti, tomar um cafezinho no Banrisul, um aperitivo com a turma do Éber, comer um bolinho de batata da Dona Neta lá no Bar do Paulinho, beber com a turma no Eraldo, dar uma passada no Robledus, disputar espaço para provar a parrillada no Setembrino, comer um churrasquinho no João ou no Amílton; fazer um rodízio entre os lanches do Maneca e da Fátima, e ir de vez em quando até o Uruguai que, para quem não lembra, fica bem aqui do lado.
Jogar um Futsal no Gita ou na AABB, desafiar os veteranos do Caturrita ou do Saci; ouvir o Jorge Américo na Difusora, aprender as lições do Mestre Charuto, fazer Ginástica na Camerini ou no Paulista; pedalar, saltar, correr e pedir pelo amor de Deus uma política de esportes para este país e também para o Arroio Grande.
Redescobrir Leonel Fagundes; resgatar Gumercindo Saraiva, saber mais do Dr. Monteiro e do Severo Feijó; reinventar o Marta Rocha e (re)conhecer o verdadeiro Basílio Conceição.
Gostar da cidade da gente como se fosse um pedaço da gente; querer sempre o melhor - para todos -; não remoer raiva, ódio ou rancor – de ninguém -; não ter inveja, ciúme ou despeito – de ninguém -; exorcizar o recalque, o amargor, a vingança; e, finalmente, querer o bem, pregar o bem, fazer o bem.
Só que, para isso, não basta apenas descobrir “O que há de bom” na cidade; para isso é preciso um pouco mais, para isso é preciso ser no mínimo “do bem”, também.
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(*) obrigado ao parceiro Donga pela cedência da caricatura do inigualável JA.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

PEQUENA SERENATA ATEMPORAL

Diz o cubano Sílvio Rodrigues que pedir nada ou quase nada não é o mesmo mas é igual.
Diz Sílvio Rodrigues que se a gente não crer nos que crêem não valerá a pena.
Diz Sílvio Rodrigues que é preciso pedir perdão por ser feliz aos que são infelizes pela felicidade da gente.
Diz Sílvio Rodrigues - e diz Fito Paez e diz Chico Buarque e diz Caetano Veloso... - que, apesar de tudo, o canto continua, o mundo gira, a vida segue e que o sol sobre a estrada é o sol sobre a estrada, é o sol...
O que há de bom existe, e haverá de existir, sempre.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

ALÉM DE CAETANEAR...

Afora continuar discutindo o resultado da eleição (ainda dá?); além de trabalhar, namorar, caminhar, correr, beber, comer...; afora internetear - orkutar, emeessenear, emailizar... -; além de ouvir música, de escutar Amy, Madonna Verônica, Drexler, Adriana, além de Caetanear, afinal o que há de bom nesta cidade?
Sexta, no jornal "A Evolução" e aqui na página, a crônica "O que há de bom", porque todo o mundo gira e a vida segue e se projeta, também aqui no Arroio Grande.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

UMA CERTA RITA

No imaginário coletivo das pequenas comunidades, o Padre, o Juiz e o Médico sempre foram os personagens mais importantes, embora não necessariamente nesta ordem.
Acima deles nem o Prefeito, e com razão, pois este normalmente não cura nem dor de barriga, não dá a extrema-unção e nem pode mandar prender e soltar.
Por isso, importantes mesmo sempre foram o Padre - pela força da Igreja Católica, especialmente até meados do Século passado -, o Juiz, símbolo maior de autoridade, e o Médico, único “Doutor” unanimemente reconhecido em todas as classes sociais.
Em Arroio Grande os médicos permanecem influentes, inclusive nas renhidas disputas políticas locais. Isso já acontecia antigamente com o Dr. Antônio Siedler e o Dr. Nilo Conceição, e, mais recentemente, também com o Dr Farydo Salomão e o Dr. Ivan Guevara.
O Farydo inclusive virou até personagem de crônica, com a jovem Amanda Duquia emprestando o nome do médico para um Edifício futurista do Arroio Grande, numa justa homenagem àquele que é um exemplo de dedicação à Medicina na cidade, como, aliás, acontece com a maioria dos seus colegas.
Pois lendo sobre a importância dos médicos nestes trópicos, descobri que a primeira mulher a se formar em Medicina no Brasil foi a gaúcha (de Rio Grande) Rita Lobato, que se casaria com um Amaro, de Jaguarão, lugar onde Rita clinicou durante algum tempo, lá pelos idos de 1900. Depois, a médica mudou-se para Rio Pardo, onde foi eleita a primeira mulher vereadora do Rio Grande do Sul (pelo PL), em 1935, vindo a falecer em 1954, com quase 90 anos de idade.
Essa Rita é realmente um símbolo, pois foi a primeira mulher a cursar a tradicional Faculdade de Medicina da Bahia (1ª Escola Médica do País), o que causou profundo impacto à época (1887) e fez com que a estudante sofresse enorme preconceito da sociedade de então. Só para se ter uma idéia, Rita, para não ser “contaminada” por alguma “imoralidade”, tinha que assistir às aulas de anatomia acompanhada de uma senhora “de boa reputação”, o que levou o escritor e também médico Moacyr Scliar a escrever recentemente, referindo-se a acompanhante da acadêmica: “fico pensando no que essa pobre mulher deve ter sofrido assistindo às dissecações dos cadáveres...”.
Pois neste 18 de outubro - Dia do Médico – é de se cumprimentar toda a categoria de profissionais da cidade, desejando que a perseverança e a abnegação de Rita Lobato, presentes no exercício da Medicina por décadas, sirvam de exemplo aos Doutores e Doutoras do Arroio Grande; a todos eles, sem exceção.
Afinal, se os médicos permanecem influentes a séculos junto à sociedade local, tem, acima de tudo, a sua grande importância no trato diário da saúde de cada um de nós, especialmente das classes menos privilegiadas. E pela vida inteira.

- Na quarta-feira (15), Dia do Professor; no sábado (18), Dia do Médico; domingo (19), Dia do Escritor: semana valorizada essa...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

CANÇÃO DA DOR INFINITA*











ATÉ QUANDO?
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Num canto, sobre a calçada
Chama atenção a Senhora
Vê-se tão desesperada
Que em plena rua chora.
Será uma esposa traída
Chorando as mágoas sozinha?
(No desespero, aturdida,
Nem vê por onde caminha...)
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Pediu divórcio o marido?
Coitada! Estará doente?
Acaso terá perdido
Algum amigo ou parente?
Foi despedida e tem fome?
Não enxerga mais direito?
Que mal secreto a consome
E a faz chorar desse jeito?
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De onde vem a aflição,
Tamanha dor que a devora?
Que estranha, oculta razão
Martiriza essa Senhora?
Eis que chega uma Doutora
Que a examina e verifica,
E para o geral espanto
Pacientemente ela explica:
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- Descobri a razão do pranto;
Está resolvido o mistério
Nada tem de extraordinário
Embora seja bem sério:
É uma velha Professora
recebendo o seu salário!!!

(*do "Velho" Pedro Bittencourt - escrita em 1992 - precisa atualizar???)
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15 de outubro - Dia do Professor - homenagens e esperança

domingo, 12 de outubro de 2008

LÓGICO

Existem determinados acontecimentos que são fáceis de prever, que são mais do que prováveis, mais do que esperados; são acontecimentos que simbolizam aquilo que Nélson Rodrigues chamou um dia de o “óbvio ululante”. São hipóteses que tendem à confirmação, que são praticamente inevitáveis, exceto, é claro, para quem vive de distorcer a lógica dos fatos.
Lógica, não é preciso estudar filosofia para saber, é o estudo dos processos que levam a verdade; em outras palavras, Lógica seria a maneira de raciocinar com coerência, simplesmente.
Pois a reeleição do Jorginho e da Mariela para a Prefeitura era um desses acontecimentos tidos como previsíveis, aliás, por quase toda a cidade, exceto, repita-se, por quem vive de distorcer a lógica dos fatos.
Os dois – o Prefeito e a Vice – desde que se afirmaram há quatro anos, praticamente só cresceram, seja como políticos ou como administradores.
Na administração, governaram com sabedoria, “deselitizaram” o poder, priorizaram os bairros e trataram bem a máquina interna, ao mesmo tempo em que buscaram elevar o nome do Município externamente.
Na política, souberam atrair individualmente antigos adversários, principalmente da direita local, mas não se afastaram nunca da chama da militância trabalhista; hábeis, conquistaram também a aliança de partidos com histórico similar – como o PT e o PSB –, extraviados em picuinhas passadas que tinham características muito mais pessoais do que políticas. Os que souberam entender isso valorizaram uma coligação que teve espaço para todos, em face do objetivo igual.
Já a oposição, que mesmo unida havia sido derrotada pela mesma dupla em 2004, fragilizou-se ainda mais, dividindo-se com o lançamento de duas chapas, uma encabeçada pelo PP e outra pelo PMDB.
Por isso, apesar dos esforços do Chaleira e do Eglon, que representaram com dignidade as suas respectivas siglas, o resultado era previsível, plenamente esperado, quase que inevitável, exceto, mais uma vez, para quem vive de distorcer a lógica dos fatos.
O que não era previsível, talvez, seria a diferença tirada em cima do mais tradicional adversário: dois mil seiscentos e sessenta e cinco votos, algo extraordinário, grandioso, espetacular, estonteante, acachapante, praticamente impensável num Município como Arroio Grande, sempre dividido e exigente com os seus gestores.
Pois se quem ganhou ainda está buscando entender as razões para tamanha diferença, quem perdeu também deveria fazer tal avaliação, e, com coerência, com lógica, poderia até incluir entre os diversos fatores que levaram ao massacre do Jorginho – como trabalho, organização, competência, seriedade... - também o valor justiça, justiça das gentes, justiça do povo.
E não é difícil pensar assim, a não ser, é claro, para quem pretende viver eternamente de distorcer a lógica dos fatos; mas aí já não é lógico, é apenas óbvio. Demais.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A COERÊNCIA DAS MULTIDÕES E O ÓBVIO ULULANTE

No fim de semana, aqui na página e no Jornal "A Evolução".
O título da crônica é: "Lógico".
Fala das eleições em Arroio Grande e do seu resultado, lógico.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

ESCOLHAS

A apenas três dias das eleições, e com a maioria do eleitorado já tendo praticamente definido o seu voto para Prefeito, às atenções se voltam para a disputa entre os candidatos ao legislativo, talvez a competição mais difícil da nossa comunidade.
Realmente, com as Sessões da Câmara transmitidas ao vivo pela Rádio - o que não acontece com as ações do Executivo - o vereador possui enorme visibilidade e acaba criando um vínculo muito estreito com o eleitorado e com a população de uma maneira geral.
Daí a importância de escolher um bom vereador, o que deve estimular à gente a alguma reflexão, fazendo com que a decisão recaia em gente séria, capaz e competente.
E candidato é o que não falta em Arroio Grande. Nas três coligações – Unidade Social Trabalhista, União Cidadã e Frente Popular – existem excelentes candidatos para todos os gostos.
Tem os atuais vereadores, que buscam continuar no cargo - o Capenga, o Luciano, o Oscar, o Leleco, o Henrique e o Bena; tem os que já foram vereadores e querem voltar, como o Sérgio Corrêa, o Honorinho e o Plínio; existem as mulheres, como a Silvana, a Carla e a Liziane, só pra citar uma de cada coligação, e tem até aqueles nomes que despertam alguma curiosidade, como o do Ydi Sidatta, o Rafael e o Chalita, por exemplo, figuras conhecidas na comunidade, mas todos iniciantes em política. E têm muitos outros, ótimos nomes pra nos representar no legislativo municipal.
Resta, portanto, a cada eleitor estabelecer os critérios da sua escolha. Têm uns que votam por amizade, outros por parentesco, alguns por “obrigação”, e poucos, poucos mesmo, por convicção. De qualquer forma, quase todos possuem um motivo pra votar em alguém. Eu não sou diferente e até já escolhi o meu candidato.
Vou votar num cara que é bom para todo mundo sem ser meramente assistencialista; que é popular sem ser populista; que é humano sem ser demagogo; que pode legislar sem ser somente legalista; que é sério sem ser pedante; que é engraçado sem ser simplório; que é falante sem ser chato; um cara que é gente com “G” maiúsculo.
Eu vou votar num cara que, se for escolhido, pode fazer um baita dum trabalho na Câmara, mas caso não venha a ser eleito volta tranquilamente pro seu trabalho, com a consciência tranqüila e sem dever nada pra ninguém.
Vou votar num cara independente, ético, inteligente e de uma enorme grandeza; um cara que todos conhecem, respeitam e admiram - como funcionário público, como artista e como pessoa. Só não vou dizer que vou votar num cara irrepreensível, no vereador que toda a cidade está esperando, porque aí já vão me acusar de estar fazendo campanha pro Donga.
(Obrigado LFVeríssimo)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

EN ESA MÚSICA YO SOY. YO QUIERO SER. YO ME DESANGRO...


Deu no Jornal Zero Hora - Segundo Caderno, Contracapa, do Roger Lerina - Edição de 25/9/2008.
· JORGE LUIS BORGES, O ROQUEIRO (1)
Que Carlos Gardel nada! O som que Jorge Luis Borges curtia era Pink Floyd, Beatles e Rolling Stones. A revelação tri surpreendente foi de María Kodama, viúva do grande escritor argentino, em entrevista concedida à BBC Mundo, em Paris – onde está em cartaz a mostra El Atlas de Borges.
– O hino para seu aniversário não era o Happy Birthday, mas The Wall. Vimos o filme uma infinidade de vezes – disse María, referindo-se ao célebre musical cuja trilha sonora é assinada pela banda inglesa Pink Floyd.
A admiração do autor de O Aleph pelo som dos roqueiros dos Rolling Stones também merece uma história curiosa, segundo a companheira de Borges:
– Encantavam-no, também dizia que tinham una força incrível. Um dia estávamos no Hotel Palace, de Madri, esperando que nos viessem buscar para a ceia, e vejo que Mick Jagger se aproxima. Se ajoelha, pega a mão de Borges e diz: “Mestre, sou seu admirador”. Borges, um pouco assombrado, não o via, diz: “E você, quem é, senhor?”. E ele responde: “Sou Mick Jagger”. E Borges diz: “Ah, um dos Rolling Stones”. Mick Jagger quase desmaia e pergunta: “Como, mestre, o senhor me conhece?”. E Borges diz: “Sim, graças a María”.
· JORGE LUIS BORGES, O ROQUEIRO (2)
De acordo com María Kodama, Borges gostava de canções com letras divertidas, de duplo sentido:
– Ele dizia que era um surdo musical, porque tinha ouvido apenas para a música da palavra. E dizia coisas como por exemplo que Beethoven não o agradava, o que produzia horror sagrado em todos os especialistas. Mas ele gostava de Brahms, Bach, a música antiga, medieval, a música folclórica, a milonga e os “tangos de la guardia vieja”, como dizia. Achava que Gardel havia arruinado o tango, porque o havia tornado “sentimental e chorão”.
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Como dizia o Seu Zéquinha, lá na Praia do Hermenegildo, quando se atrapalhava com as cartas no truco, pro seu parceiro de jogo: vê tu, Mendes, vê tu...