sábado, 31 de dezembro de 2011

CARTA AO GOOGLE

Prezado Sr. Google
Neste exato instante são vinte e três horas e cinquenta e nove minutos do dia trinta e um de dezembro de 2011. Daqui a pouco um novo ano irá começar e, por tradição ou esperança, é chegado o momento da gente fazer os pedidos para o período que se aproxima.
Recorro, pois, ao Senhor, que a tudo localiza com extrema agilidade, para que neste Ano Novo me auxilie a encontrar alguns prazeres que desapareceram da minha vida já há algum tempo, assim como desapareceram também da vida dos meus amigos e dos meus familiares, e de todas as pessoas que eu conheço.
Queria que o Senhor localizasse, primeiro, uma caneta à tinta, para que eu pudesse lhe escrever uma Carta à mão, com caligrafia caprichada e com um português senão perfeito, mas ao menos razoável, com palavras inteiras, como, por exemplo, “risos” em vez de rsrsrsrs (ou eheheh, ou huashuas), e “beleza” em vez de blz, e terminar o texto com um “abraço” do remetente, em vez de abs ou abço (ou deu! ou fui!), e sem precisar “curtir”, nem “comentar”, nem rtw, só para a nossa conversa ser mais cordial, o Sr. entende?!!
Depois, gostaria que o Senhor também localizasse uma calçada segura onde eu pudesse colocar uma cadeira para sentar à noite, e escutar um rádio de pilha (o Sr. me localiza um radinho de pilha?) sintonizado numa estação qualquer, que toque música e não pagode, ou sertaneja, ou funk, ou sei lá o que mais (o Sr. também localiza música de verdade, não é?), de preferência bebendo uma cerveja e olhando para a lua, sem medo de atropelamento, sem medo de assalto, sem medo de nada.
Mais tarde, se eu estiver sem sono, gostaria que o Senhor me localizasse também um baralho, para um jogo de cartas, tipo pife ou pontinho (sabe?) ou robamonte ou escova, qualquer um, pois não precisa ser a dinheiro não, afinal a gente só quer jogar para se divertir, como antigamente, sem se importar em ganhar ou perder dinheiro, como agora.
Por último, e aproveitando que o fim-de-semana se aproxima, gostaria que o Sr. localizasse também um Cinema para que a gente pudesse ir, de preferência com uma carrocinha de pipoca na frente e com um baleiro dentro do próprio cinema. Depois, ao final do filme, gostaria de encontrar uma daquelas carrocinhas de cachorro quente, para a gente lanchar na rua mesmo, a fim de comer com o pão ainda quentinho e evitar dar trabalho as tele entregas, compreende?
Finalmente, Senhor Google, depois de tudo, eu pretendo me reunir com a minha mulher, com os meus filhos e com alguns amigos, e aí, se não for pedir demais, gostaria que o Sr. se desligasse um pouquinho, pois tenho vontade de falar com eles sobre o sentido de algumas expressões como diálogo, amizade, respeito, compreensão, tolerância, solidariedade...
Eu sei, eu sei que o Senhor pode localizar essas palavras para nós facilmente, Mr. Google, sei das suas boas intenções, mas lhe peço: por favor, deixe a gente descobrir junto o sentido dessas coisas, deixe a gente discutir, discordar, debater, para, ao menos por uma vez nos tempos atuais, poder escolher entre errar pela própria cabeça ou permanecer julgando que acertou pelo repetitivo aperto de um simples botão, que, aliás, para ser justo com o Sr., não tem qualquer culpa nessa história. Mas uma desligadinha de vez em quando bem que ajudava...
Um abraço respeitoso do seu fiel usuário,
Pedro

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

FIM DE ANO

Sempre por esta época acontecem os tradicionais jogos de fim de ano, onde peladeiros de toda a espécie acabam se juntando para comemorar sabe-se lá o quê.
A minha turma, na sua maioria já entrada nos cinquenta, deixou de realizar o tal jogo faz algum tempo, pulando sem escalas "das pernas para a barriga", isto é, trocando a "pelada" pelo encontro direto com a cerveja, como ainda acontece com alguns de nós que acabam se encontrando todos os anos.
Todavia, como "recordar é viver", encontrei esta foto de um jogo ocorrido há exatos 20 anos (dia 29.12.1991), época em que os cinquentões de hoje beiravam a casa dos trinta, período em que ainda podiam fazer um bom papel no futebol até porque, a bem da verdade, todos eles tinham alguma intimidade com a bola.
Foto: 29.12.1991
Local: AABB - Arroio Grande
Time (camiseta do E. C. Arroio Grande), com as respectivas profissões:
Em pé: Mário Eduardo (Banrisul), Petry (Desembargador-SC), Ricardo Freitas/"Donga" (Coordenador Regional Corsan), Pedro Jr/"Juninho" (Advogado), e Fábio Lima (ex-jogador do Grêmio, técnico de futebol);
Agachados: Eduardo Pereira (ex-jogador do Pelotas, comentarista da Rádio Pelotense e técnico de futebol), Afrânio Costa/"Faneco" (Engenheiro Civil), Giovanni/"Xiringa" (Empresário-SC), Avelino (Orizicultor) e Ricardo/"Difa" (Professor e func. público municipal).
A turma de adversários (que jogou com a camiseta do G. E. Internacional, fazendo o tradicional Clássico local) também foi devidamente "retratada", mas não consegui encontrar a foto que fica para outra oiportunidade.
Ah, e o jogo? E o resultado? Deu empate (acho que 6 X 6) e com muita discussão a respeito do último gol, aliás como não poderia deixar de ser.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

COPACABANA 35

Esta foto é de uma passagem da minha família pelo Rio de Janeiro, em dezembro de 1976, mais ou menos por esta época.
Eu - então com apenas 15 anos de idade - sou o "do meio", situado entre o meu cunhado - Zé Paulo "Barbudinho" - e o Kiko da Candinha (bebendo chope), num bar qualquer de Copacabana.
Do outro lado da mesa, para onde o garçom mais se dirigia devido a repetição dos pedidos (mais chope, mais chope, mais chope...), estava certamente o meu pai, o velho Pedro Bittencourt, e deveriam estar também a minha mãe Josina e as minhas irmãs Nazine e Magali, se é que estas não sairam para fazer compras enquanto os homens bebiam, fumavam e olhavam o doce balanço das cariocas.
E lá se vão trinta e cinco anos...

sábado, 24 de dezembro de 2011

PARA TODOS

Arroio Grande tem a cara de todos os seus habitantes e a cidade vem se construindo do trabalho, do suor e da dedicação de cada um.
Entretanto, por uma característica ‘mui’ peculiar, a cidade vive demais o que chamam de “política”, a classe política é superestimada e a “lógica” das pessoas acaba sendo aquela apregoada pelos grandes grupos locais, onde “quem não está comigo está contra mim” e por aí vai...
Em Arroio Grande – é verdade – quem não é do PDT é contra o PDT, quem não é do PP é anti PP, e quem não está do lado dos irmãos Cardozo é contra os irmãos Cardozo. Assim é, exatamente como foi há algum tempo, quando quem não era Flávio Pereira e Chorê era contra eles; tudo igual, absolutamente igual, como, aliás, deve ser no embate político, desde que travado nos limites da civilidade.
Só que eu, que não sou do PDT, mas não sou contra o PDT, que não sou PP, mas que não sou anti PP, e que não tenho nada contra os irmãos Cardozo, tenho preferido dedicar este espaço a outros assuntos, até porque acredito que a transformação e o desenvolvimento de uma cidade estão muito acima dos simples movimentos dos políticos locais.
Ajudam a transformar o Arroio Grande, por exemplo, aqueles que trabalham anonimamente no seu dia-a-dia: os cozinheiros, as balconistas, os garçons, os garis, os advogados, os médicos, os arrozeiros, os peões, funcionários públicos, domésticas, muitos que não tem um milionésimo de espaço que a mídia destina diariamente aos políticos que – reconheça-se em alguns deles – também ajudam a desenvolver a cidade.
Ajudam a transformar o Arroio Grande aqueles que se dedicam a contar e a interpretar a sua história, como a Profª Flávia, o Sérgio Canhada, o Arnóbio, o Vitor Schoreder e a Carla Hernandez, entre tantos outros.
Ajudam a transformar o Arroio Grande os artistas da cidade, como o Caboclo e o Sidney, o Jélson e o Sandro Campello, o Saninho e o Julinho do Tuíca, e novos valores como o Gregory e a Marina Vidal, e a gurizada das bandas, o Cão de Guarda, a Toca do Bandido e muitas outras.
Ajudam a transformar a cidade, o trabalho da Verônica, na dança, a poesia da Marília Kosby, o traço do Zé Darci, nas artes plásticas, e a marca da Ana Machado, da Eliana Lúcio e da Márcia Ferreira, nas fotografias.
Ajudam a transformar a cidade, as lições da Profª Maristela, na Educação, o trabalho do Prof. Ivan, com a sua inventividade, a atuação do diretor Paulista, no Colégio Aimone, e das diretoras Gisiane e Jussara que estão verdadeiramente revolucionando as suas Escolas, lá, bem longe dos holofotes, no interior do município.
E tem mais, muito mais gente, que trabalha anônima e intensamente para fazer um Arroio Grande melhor, dia a dia, mês a mês, ano a ano.
Pois é para todos eles, os citados e os não citados – do Prefeito Jorginho ao mais humilde catador de papel – o desejo de um Feliz 2012, e que o trabalho de todos esteja sempre voltado à inclusão e a felicidade das pessoas, pois a política de desenvolvimento de um lugar não pode se dar à custa da exclusão nem do sofrimento de ninguém, em qualquer tempo.
Porque o Feliz Ano Novo, mais do que uma expressão de fim de ano, tem que ser realmente um direito de todos!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

INESQUECÍVEL











Um dos momentos impagáveis do jornalismo local aconteceu num 22 de dezembro como agora, só que em 1959, há exatos 52 anos.
Foi no jornal "A Tribuna", que havia sido fundado um ano antes, e que tinha a participação do meu pai, o velho Pedro Bittencourt, junto com o Martinelli, o Notari e o Lauro Cavalheiro.
Trata-se da famosa briga do Venâncio (da oficina) com o Pitico (vendedor), que "A Tribuna" reproduziu em três capítulos. Como o jornal era semanal, os capítulos foram publicados nas edições de 8, 15 e 22 dezembro, conforme as reproduções acima (acho que clicando sobre as imagens dá para ler alguma coisa do original, vale a pena tentar), deleitando os seus leitores com o folhetim, mas tudo para sair de uma crise financeira que assolava o novel pasquim, como assegura o Arnóbio.
Já faz algum tempo eu fiz uma referência sobre o caso aqui mesmo na página, mas nem lembro em qual post; entretanto, qualquer que tenha sido a abordagem esta não terá tido a menor significância se comparada à crônica escrita pelo Arnóbio que transcrevo na postagem abaixo junto com o link do seu blog.
O folhetim bolado pelo Pedro é impagável e entrou para a história como um dos momentos inesquecíveis do jornalismo local; já a crônica escrita pelo Arnóbio é incomparável, não é a toa que ele tem a melhor "pena" por aqui, não é por nada que nós o chamamos de "Professor", sempre.
Leiam a crônica de Arnóbio Zanottas Pereira - Seu Venâncio - na postagem abaixo.

SEU VENÂNCIO

Lá pelos idos de 1958 surgiu em nossa cidade um jornal semanal de nome A Tribuna. Era liderado pelo Pedro Jaime Bittencourt (o Eterno), mais o Fernando Martinelli, o André Notari, o Ney e o Lauro Cavalheiro. Naquele tempo os jornais da terra, que eram dois, contando com o A Evolução, lidavam com sérias e distintas dificuldades de ordem financeira. Tanto que, a bem de comprar papel para as rotativas, e cumprimento da obrigação de estar na mão do leitor às sextas-feiras, o Pedro teve de aproveitar como matéria de capa, uma briga envolvendo o Pitico com o Seu Venâncio. A contenda, publicada em três edições, em forma de crônica, tinha a lavra do Seu Venâncio. Foi assim: À época, era Delegado o Herculano Ghan e a D.P. ficava naquela esquina confronte à CEEE, hoje propriedade do Basciri e do Nasser, recentemente QG do Partido Progressista; a redação do semanário estava localizada onde hoje é a Loja da Sinaleira, na calçada defronte à SSMAG, dividindo, na semana de Carnaval, as instalações com a loja A Momolândia, do Conceição. Tudo na mesma calçada do escritório de advocacia do Doutor Aimone Carriconde, que ficava na Visconde de Mauá, na esquina da hoje Farmácia Saúde. Pois - situado o leitor geograficamente -, não tendo o Seu Venâncio encontrado o advogado em seu local de trabalho, dirigiu-se à Delegacia de Polícia; e, justo no caminho onde estava o Pedro, à porta da tipografia, desconsolado por não ter papel para rodar a edição da semana, passa o Seu Venâncio, com um curativo imenso no braço e uma vontade mais imensa ainda de contar o seu infortúnio. Não deu outra... Parou. Contou. O Pedro, ai minina!, nem esperou ele terminar o seu registro. No ligeirão, com o pião já na unha, partiu para o ataque: Que ele Seu Venâncio contasse a desdita numa crônica, como matéria paga, jogando aos quatro cantos do mundo, a agressão do Pitico... Preço acertado saiu a catilinária. Foi ao prelo em três capítulos, nas três edições de 08, 15 e 22 de dezembro de 1959. Os gozadores, aproveitando uma novela radiofônica em que era galã o Amilton Fernandes, na Rádio Farroupilha, chamada o Direito de Nascer, apelidaram a da briga de O Direito de Morder. Eis, copiado ipsis literis, um minúsculo trecho da primeira das três crônicas meio corrigido gramaticalmente, como se vê, por uma boa alma: “ ... Eu disse, tive, fui levar o dinheiro da banha. Ele me respondeu: Lá não se vende banha nenhuma, faz hora que ando te procurando para te dar muito pau. Eu disse: Mas o que é que há, E ele já tira de uma arma branca e levou direito a minha barriga, dizendo: O que há é isto e eu tentei sair fóra, a moda criança, levando a mão direita a arma que ainda-me atingiu a coxa esquerda, um ferimento bastante profundo e com o mínimo de 11c centímetros de comprimento conforme diversos cidadões viram e ainda podem ver, ferindo-me a mão do mesmo lado a respeito do ferimento eu tinha mais argumentos a fazer, mas a pedido de um amigo deixo de faze-lo nesta ocasião. Daí, como ia contando, Deus me ajudou a dar um soco que a arma desapareceu, mas aí ele tentou novamente deixar quatro filhos pequenos sem pai; dando-me uma gravata para me enforcar, mas Deus me ajudou de novo, deu-me. A lembrança de pegalo o braço com uns pedaços de dente que foi toda a minha salvação, pois talves com a dôr ele parou de tentar-me apertando o cogote com os dedos, ocasião em que eu, que não sou de briga soltei-o e nos empurramos um do outro e ele ficou dizendo-me; Tenho que te dar muito. Eu disse: vou dar parte de ti, ordinário, me cortaste e embarquei no auto e vim direito ao Dr. Aimone...”. Como dizia o Seu Ramãozinho, filosofando lá na Liga Operária, espargindo os seus ensinamentos: Assim como são os homens, são as criaturas...
(Arnóbio Zanottas Pereira)
Leiam o texto no original em:
http://arnobiopereirahistorias.blogspot.com/2011/12/seu-venancio-la-pelos-idos-de-1958.html

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ZÉ DARCI

Zé Darci, entre Márcia Ferreira, Marília Kosby e Pedro Jr, na Mostra de Arte - fotografia, poesia, texto e pintura - que o grupo de Arroio Grande apresentou na BPP, em 2010.

O Zé Darci, arroio-grandense, porteiro do DAER, artista plástico, ligado ao Movimento Negro desde as suas raízes, nosso companheiro de "arteirices" por aqui (1ª foto acima), começa a ter o seu trabalho reconhecido em toda a região sul.
A seguir, trechos da matéria que saiu "de página inteira" sobre o trabalho do Zé no Diário Popular, tradicional jornal de Pelotas, Secão Zoom, edição de 19/12/2011.
Grande Zé Darci!

"Momentos
Arte negra está em exposição na Bibliotheca Pública
Foto: Jô Folha
Momentos reflete a vida e a paixão do porteiro que mora em Arroio Grande
Para retratar os momentos mais importantes de sua vida, o artista plástico Zé Darci valeu-se de suas experiências tanto na profissão quando na luta pelo Movimento Negro. O resultado são as 11 peças que estão expostas no Espaço de Arte Mello da Costa, vinculado ao Museu Histórico da Bibliotheca Pública Pelotense (BPP). Momentos reflete a vida e a paixão do porteiro que mora em Arroio Grande, trabalha em Pelotas e viaja pelo mundo com sua arte. Leia a matéria na íntegra sobre a mostra na edição impressa do Diário Popular desta segunda-feira (19).ServiçoO quê: exposição Momentos, de Zé DarciQuando: até quinta, dia 22, com visitação hoje e quarta, das 13h às 17h, ou por meio de agendamento direto na BPP pelo telefone (53) 3222-3856Onde: Espaço de Arte Mello da Costa, vinculado ao Museu Histórico da BPP, praça Coronel Pedro Osório, 103. Entrada franca".
Link da matéria do DP:


sábado, 17 de dezembro de 2011

A COLINA DOS HOMENS PERDIDOS

Um dos filmes que marcou a minha mocidade – já vai lá um certo tempo... – chama-se “A Colina dos Homens Perdidos”, que eu costumava assistir numa televisãozinha preto e branco existente no meu quarto de estudante, na casa dos meus pais, na Rua Júlio de Castilhos, 34, aqui mesmo em Arroio Grande.
O filme passava seguidamente na “Sessão Coruja”, acho que repetiam pelo menos uma meia dúzia de vezes ao ano, e eu assistia sempre que a Globo o reprisava; era absolutamente fascinado pelo roteiro, pela fotografia em preto e branco e pelas interpretações dos atores.
Não sei por que o filme me encantava tanto, a ponto de nunca esquecê-lo e de sempre querer revê-lo, mesmo agora que a tecnologia é outra, e quando as salas de cinema deram lugar a pontos de estacionamento, mesmo agora quando obras como “A Colina dos Homens Perdidos” não passam mais na televisão, sequer nas madrugadas.
O filme retrata um drama psicológico vivido num acampamento do exército britânico durante a 2ª Guerra Mundial, mantido com a finalidade de disciplinar militares insurrectos ou desertores. Lá, os soldados são obrigados diariamente a escalar uma colina, sob um sol escaldante, já que o drama se passa no deserto da Líbia, subindo e descendo a pequena montanha para absolutamente nada, pois a escalada não possui nenhuma finalidade que não seja a da punição pela tortura.
Algo semelhante foi retratado pelo russo Feodor Dostovievsky no seu livro “Recordação da Casa dos Mortos”, onde o escritor relatava a experiência da sua prisão na Sibéria por cerca de cinco anos – de 1849 a 1854.
Na “Colina” não é muito diferente, variando a época e o lugar – da Rússia dos Czares à aventura nazista, do calor do deserto para o frio da estepe – mas permanecendo a tortura psicológica como tormento de uma geração de homens que tinha dificuldades de conviver com a guerra, ainda que, segundo a “lógica” militar, homens, e, principalmente, soldados, tenham obrigação de conviver com a estupidez da guerra.
É um filme seco, contundente, instigante e perturbador, que marcou a minha mocidade e que hoje, me valendo das facilidades da internet, vou procurar no mercado virtual. Quero muito voltar a assistir “A Colina...”, até para ver se ainda é possível manter as impressões que tive do filme mais de três décadas depois de tê-lo assistido. Aliás, se alguém for mais rápido e quiser aproveitar o Natal para me presentear...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

É TRI!













Capa e contracapa do Jornal "A Evolução" de dezembro de 1991 com o grupo Campeão do Rio Grande do Sul.

O goleiro Jaques, o dirigente Paulo Freitas (com a Taça) e o meia Biluca; agachado o ídolo e goleador Cabrito, maior nome do título de 1991.

Fotografia histórica: o veterano Arizinho, treinador da equipe, comemora correndo pelo gramado em meio aos atacantes Álvaro e Cabrito - E. C. Arroio Grande tri-campeão em 1991.

Não poderia deixar passar em branco a data. Neste dia 15 de dezembro fazem 20 anos da maior conquista de futebol da cidade: E. C. Arroio Grande - Tri-campeão estadual de amadores (1967, 1969 e 1991).
O grande título Saci foi conquistado depois de três jogos disputados na cidade de Sobradinho, no chamado Campeonato Absoluto de Amadores (que incluia os 4 campeões das chaves regionais), com os seguintes resultados:
Arroio Grande 3 x 2 América (da cidade de Tapera);
Arroio Grande 2 x 0 Internacional (de Arroio Grande, o maior rival);
Arroio Grande 2 x 0 Atlético Sobradinho (anfitrião).
A partida decisiva foi disputada exatamente no dia 15.12.1991, um domingo à tarde, sendo testemunhada pelo blogueiro e por cerca de 300 arroio-grandenses que se deslocaram para o noroeste do Estado a fim de assistir o maior clássico da história do nosso futebol e o último título de um time local. (Posteriormente, em meados da década de 90, ambos os clubes da cidade - E. C. Arroio Grande e G. E. Internacional - encerrariam as suas atividades, perdurando paralisados até os dias atuais).

* As fotografias e a história do clássico disputado em Sobradinho, bem como do grande título Saci constam detalhadamente do livro "O Clássico - uma história de paixão", escrito pelo autor desta página e editado pela Secretaria de Cultura de Arroio Grande durante as comemorações do aniversário da Cidade.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

FRUTEIRA

Escrevi aqui, há bem pouco tempo (postagem de 05/11), sobre a produção do Edu Damatta intitulada Fruteira Brian Jones, uma homenagem do Caboloco ao nosso Basílio Conceição, e dos sonhos e devaneios que o Peninha tinha de viver em Arroio Grande, aliando a vida de artista com as coisas do campo e da natureza, ainda nos anos 1980.
Pois a obra do Caboclo está disponível apenas na internet; para quem quiser escutar ou baixar as músicas basta acessar o site abaixo, é "de grátis", mesmo.


(A primeira faixa - Pode o céu produzir flores, do poeta hervalense Pedro Canga que viveu por aqui há mais de 150 anos... - eu declamei "de improviso", sem direito a repetição ou edição, ao melhor estilo cabocliano).
A "capa" do Fruteira (foto ao alto) é um primor, como o CD inteiro, como tudo que o Caboclo produz, aliás faz tempos.

sábado, 10 de dezembro de 2011

VOU TER QUE ESCREVER MAIS CURTO

A maior reclamação dos meus leitores não está exatamente no conteúdo das crônicas, mas no seu tamanho. A maioria considera os textos extensos demais, escancarando o que já se sabe: todo mundo gosta de ler, mas ninguém gosta de ler textos longos. É compreensível. Para que ler uma matéria inteira, um artigo, uma crônica, se a capa do provedor na internet dá a notícia ali, na hora, pequenininha, resumida, enxuta?
Por isso é que ninguém mais quer ler, e, aliás, ninguém quer mais conversar sobre nada. As conversas, especialmente entre os homens, se resumem hoje quase que só ao futebol. Nem de mulher se fala mais. Tenho saudade do tempo em que a gente ia para os bares falar do caminhar, do sorriso, do trejeito, do corpo e das formas... das mulheres, naturalmente.
Hoje, não se fala mais nada disso, é só internet (é boa aquela piada que diz que a geração atual trocou a trilogia sexo-drogas-rockanroll por masturbação-ice-restart). Tudo vem da net e a net deve retornar. Não se fala em outra coisa que não esteja na web – no youtube, no twitter, no facebook –; é o mundo virtual ditando o comportamento do mundo real.
Para não dizer que não se fala sobre mais nada, às vezes ainda é possível escutar alguma coisa sobre política, sobre o preço do arroz, a previsão do tempo, e, depois, futebol, futebol e futebol. As conversas sobre futebol estão na televisão, nos bares, nas ruas, em todo o lugar, enquanto que falar de mulher – vejam só! – se tornou desinteressante.
As mulheres, pelo contrário, continuam falando de homem e ainda contam com a ajuda da internet para isso. E falam para o bem e para a mal. Aliás, do jeito que a gente ajuda mais para o mal. Falam de tudo um pouco: do trabalho delas (é raro, hoje, mulher que não trabalha), de política, de estética, mas continuam falando dos homens, o que é importante para não desaparecermos. Já a última vez que ouvi uma roda de homens falando de algo que não fosse futebol foi sobre o casamento gay, e a maioria se posicionou contra, para logo seguir falando... sobre futebol. Eu não tenho nada contra – nem contra o casamento gay, nem contra o futebol –, mas preferia trocar de assunto, e falar um pouco de literatura, de música, ou quem sabe voltar a falar sobre as formas das mulheres.
Como não tenho muito com quem falar é que escrevo – sobre música, sobre literatura, sobre história, sobre tudo. Entretanto, para não chatear mais os leitores, prometo que futuramente – ano novo, velhas promessas... – vou tentar escrever mais curto.
A não ser que a gente volte a falar das formas das mulheres, porque aí, amigo, do jeito como elas costumam aparecer nesta época do ano, dá para preencher páginas e páginas sobre a matéria, e, se bobear, com direito a fotografia e tudo. Pode ser que assim os marmanjos sepultem de vez o assunto “futebol”, pelo menos até a Copa de 2014, ou, vá lá, até o início do Brasileirão 2012, em abril. Uma folga dessas já estaria boa demais.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

LÓGICO

A gentileza e generosidade dos leitores não tem limite.
Seguidamente eles enviam críticas, elogios, textos, fotografias, ideias e sugestões para publicar aqui na página.
Agora, o Solismar Venzke – arroio-grandense radicado em São Paulo (o “Rato”, lembram?) –, frequentador habitual do blog, manda desde Campinas este “Pensamento Crítico – O Poder da Lógica e da argumentação”, indicando que a obra pode ser útil, especialmente nas divagações a que a página eventualmente se propõe.
Embora os tempos de Ortega & Gasset e de Henry Lefvebre (“Lógica formal e lógica dialética”) do blogueiro já estejam longe, e, como dizem o Arnóbio e o Sérgio, a gente já tenha passado da idade de ler essas coisas “difíceis demais”, já dei uma boa olhada na obra e vou me esforçar para terminar a leitura, Solismar, prometo.
O agradecimento pela gentileza, porém, é desde agora, e imensurável, com toda a certeza.

domingo, 4 de dezembro de 2011

ESCOLHA

Escrevi aqui, há pouco tempo, sobre a minha “capitulação” como gremista, pelo fato de um dia ter adentrado na loja oficial do S. C. Internacional para comprar um presente para a minha filha colorada. Na ocasião, falei do meu vínculo com o Grêmio – pelo Gita, pelo Agapito, pelo Telê Santana, por tudo! –, mas não cheguei a contar o que afinal me fez gremista, como foi que tudo começou.
Eu tinha perto de sete anos de idade e a minha família morava ainda na Rua D. Pedro II, esquina da Praça Central, diagonal com a Igreja Matriz. Aos domingos, quando não havia jogo do Arroio Grande na cidade, o meu pai tinha por hábito sentar em frente à casa, acompanhado de um chimarrão, para escutar as partidas do seu Internacional, de Porto Alegre, num enorme rádio que ele ligava na Rádio Guaíba.
Eu ficava por ali, na volta, em meio à rua ainda sem calçamento, pouco interessado no jogo de futebol que o meu pai escutava. Gostava mesmo era de brincar descalço, de pular nos montes de areia e de subir nos canteiros da Praça, como faziam todos os guris da minha idade.
Uma ocasião, porém, os gritos do narrador esportivo chamaram demais a minha atenção e acabaram por definir o meu futuro como torcedor de futebol.
Foi no ano de 1968. O meu pai escutava um Grenal, e eu, entre um salto e outro para o meio da rua, ouvi o narrador (o Pedro Carneiro Pereira? O Milton Ferreti Jung? Já seria o Ranzolin?) gritar gol, goooooooooool do Grêmio, por diversas vezes, repetidas vezes, praticamente a tarde inteira.
O meu pai, impassível sobre a velha cadeira de madeira, não dizia nada, mas a cada goooooooooool do Grêmio propagado pelas ondas do rádio, parecia engolir a contragosto os goles de chimarrão.
Eu não sabia direito o que estava acontecendo, pois não me interessava pelo jogo. Entretanto, a cada vez que me aproximava de onde estava o rádio do meu pai escutava invariavelmente o mesmo grito: gol, goooooooooool do Grêmio.
O jogo, eu saberia depois, foi o Grenal de n° 187, realizado em 2 de junho de 1968. O Grêmio ganhou do Inter por 4 X 0 – gols de Alcindo, duas vezes, Joãozinho e Volmir. Entre as repetições do intervalo e do final da partida, eu devo ter escutado a expressão “goooooooooool do Grêmio”, umas dez, doze vezes, no mínimo, naquela tarde.
E foi esse Grenal, ou melhor, foram os gritos de gol desse Grenal, que me fizeram gremista, a despeito do enorme amor que eu sempre tive pelo meu pai – colorado fanático – e não obstante o meu pouco gosto pelo futebol naqueles tempos.
Todavia, para o menino que eu era à época, a reverberação, a tonitruância, a repetição incontida do grito máximo do futebol tiveram tamanho efeito que acabaram por determinar uma das grandes paixões da minha vida.
E eu me fiz gremista para gritar “goooooooooool do Grêmio” incontáveis vezes mais tarde, e eu me fiz gremista para gritar “goooooooooool do Grêmio” por décadas e décadas depois. Ali, no dia 2 de junho de 1968, eu me fiz gremista para sempre!

sábado, 3 de dezembro de 2011

DANÇA

Todo ano a cena se repete: bailarinos, coreágrafos, alunos e professores de Dança se reunem em Arroio Grande para ocupar o Centro de Cultura, atraindo um público que lota os seus 450 lugares; todo ano a Mostra Regional de Dança da Academia Camerini é o acontecimento e desta vez não será diferente.
Dança de Salão, ballet, jazz, dança contemporânea, hip hop e outros estilos vão se misturar novamente, agora com o acréscimo do Tango, do Prof. Leandro Pizzani, da Cia da Dança, que vai trazer até Arroio Grande fragmentos do seu "Asi se baila el Tango", premiadíssimo no Estado.
Todo ano a cena se repete e o melhor da Dança da região passa por Arroio Grande.
É neste sábado, 21 horas, no Centro de Cultura Basílio Conceição e desde ontem já não há mais ingressos, lotação esgotada. Como nos anos anteriores, aliás.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

CASA DA CHÁCARA



A programação cultural tem sido realmente extensa em Arroio Grande (quem diria, hein!?); além do nosso "Almoço com o escritor" (postagem abaixo), paralelo à Feira do Livro teve também a inauguração da "Casa da Chácara", verdadeiro museu da memória histórica do Arroio Grande, idealizado e realizado pela Profª Flávia da Conceição Corrêa, pesquisadora e historiadora do município.

Para conhecer mais da "Casa da Chácara", entre no link abaixo - blog da Secretaria de Cultura de Arroio Grande, de onde foram retiradas as fotografias que ilustram esta postagem.


Vale a pena conhecer a "Casa da Chácara", uma parte da história de Arroio Grande encontra finalmente onde repousar.

domingo, 27 de novembro de 2011

ESPETÁCULO











A ideia do almoço foi minha, a provocação foi do Sérgio Canhada que propôs um churrasco “campeiro”, aquele de fogo de chão, para o que foi convidado o Pedrinho Mendes que aceitou o desafio de se desempenhar como assador. Então, com a concordância e a parceria da Verônica, abrimos a casa e o bar da casa da Rua Herculano de Freitas e recebemos os convidados no sábado ao meio dia.
A maioria se deliciou aperitivando linguiça com pão, e alguns até provaram uma cachaça da Bahia, e muitos beberam cerveja "à la farta", e todos, absolutamente todos comeram o melhor churrasco de cordeiro dos últimos anos, assado como nos velhos tempos, como se fosse numa casa de campanha, como se fosse para o casamento de alguma filha do intendente, como se o anfitrião estivesse por receber a visita do padre.
É verdade que, para o bem da conversa, no nosso churrasco padre não havia, mas lá compareceram escritores e amigos, como o Aldyr Schlee, o João Félix e o Vaz (estes últimos com as respectivas mulheres), o Arnóbio, o Pedrinho, o próprio Sérgio e o filho Gabriel, a Madelaine, a Tuda, a Telinha, a Marisa e o menino Bernardo, a Márcia e a Profª Flávia; depois ainda chegaram o Mauro Freda e a Simone, a Jussara e o Cláudio Pereira, o Schlee sobrinho e a Juliana e a pequena Flora, e, mais tarde ainda, quase ao final, chegou o Gastal, com o filho Leo e mais amigos.
E em meio ao almoço – antes, durante e depois do cordeiro – muita conversa, muitas histórias, muitas palavras, a satisfação de sempre e a certeza de um encontro raro e extraordinário, daqueles que só a literatura e a amizade podem proporcionar.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

RELANÇAMENTO

FEIRA DO LIVRO – QUEM JÁ RECEBEU E COMO RECEBER "O CLÁSSICO – UMA HISTÓRIA DE PAIXÃO”
Pouco mais de oito meses depois do seu lançamento, ocorrido no aniversário da Cidade (24 de março), o livro O “Clássico” – Uma história de paixão tem uma espécie de “relançamento” programada para a Feira do Livro de Arroio Grande, que deverá acontecer nos dias 25, 26 e 27 de novembro, na Praça Central.
Para quem ainda não possui o livro é uma boa oportunidade de conhecer a obra que conta a história dos dois grandes clubes de futebol da cidade – o Esporte Clube Arroio Grande e o Grêmio Esportivo Internacional – da fundação dos mesmos (ECAG em 1939 e GEI em 1943) até o encerramento das suas atividades oficiais, por volta de 1995.
Pelo que se sabe, deve existir ainda cerca de uma centena de exemplares do livro, que deverão estar à disposição do público leitor na Feira do Livro, e, depois, na Secretaria de Cultura do Município, aguardando os eventuais leitores que deverão juntar-se aqueles que já possuem o livro, como é o caso, entre outros, de...
(seguem-se mais de 100 nomes dos quais o autor tem conhecimento da aquisição do livro).
1) Jorge Cardozo (Prefeito)
2) Mariela Ferreira (vice-prefeita)
3) Donga (secretário de cultura)
4) Madelaine Mendes (sec. de cultura)
5) Afrânio Ávila (sec. de desporto)
6) Flávia Conceição (sec. de administração)
7) Sérgio Corrêa (vereador)
8) Silvana Costa Vianna (vereadora)
9) Fernando Marroni (dep. federal)
10) Miriam Marroni (dep. estadual)
11) Miltinho (vereador-Pelotas)
12) João Vítor Domingues (gabinete do governador-POA)
13) Cláudio Martins (prefeito-Jaguarão)
14) Alencar Porto (sec. de cultura-Jaguarão)
15) Marco Aurélio-Camarão (ex-prefeito-Herval)
16) Aldyr Schlee (escritor)
17) João Félix Soares (escritor)
18) Marília Kosby (poeta)
19) Edu (Caboclo) Damatta (músico)
20) Valder Valeirão (designer-Pelotas)
21) Rui Carlos Ostermann e
22) Luiz Carlos Vaz (jornalistas – foto)
23) Jorge Américo Borges (jornalista)
24) Casca Silva (imprensa)
25) Sílvio Ferreira (imprensa)
26) Flávio Teixeira (imprensa)
27) Pedrinho Bittencourt Neto (imprensa)
28) Álvaro Barcellos (imprensa-Pelotas)
29) Maristela Garcia Pires (professora)
30) Carla Duffau (professora)
31) Verônica Camerini (professora)
32) Nazine Bittencourt (professora)
33) Ilá Rodrigues de Freitas (professora)
34) Arnóbio Zanottas Pereira (advogado)
35) Edson Sant’anna de Lemos (advogado)
36) Paulo Carriconde (advogado)
37) Sérgio Canhada (advogado)
38) Carlos Ricardo Souza (advogado)
39) Álvaro Nílton Mendes da Silva (advogado)
40) Roberto Viríssimo Cunha (advogado)
41) Jaifel Rodrigues de Freitas-Didi (advogado)
42) Samuel Chapper (advogado-Pelotas)
43) Eisler Cavada (advogado-Pelotas)
44) Cláudio Dutra (advogado-Pelotas)
45) Henry Goy Petry Junior (desembargador-SC)
46) Afif Jorge Simões Neto (juiz recursal-RS)
47) Nílton Tavares da Silva (juiz de direito-Porto Alegre)
48) Sílvio da Silva Tavares (juiz de direito-Porto Alegre)
49) Luiz Carlos Gastal (juiz do trabalho-Pelotas)
50) Fernando Luiz Cassal (juiz do trabalho-Porto Alegre)
51) Magali Bittencourt (servidora judiciário-Porto Alegre)
52) Aldyr Schlee Filho (pretor-Pelotas)
53) Antônio Siedler (médico)
54) Marcial Ribeiro (fundador do G. E. Internacional)
55) Ermette Rocco Ardizone (ex-Presidente do ECAG)
56) Adão Silveira Machado (ex-Presidente do ECAG)
57) Élvio Feijó (ex-Presidente do ECAG)
58) Cláudio Ávila (Presidente do ECAG)
59) Ronaldo Costa (Presidente do GEI)
60) Prof. Hamílton-Charuto (técnico)
61) Prof. Paulista (preparador físico)
62) Daniel Pereira (árbitro de futebol-Pelotas)
63) José Nunes (árbitro de futebol-Porto Alegre)
64) Agapito (ex-jogador)
65) Chirú (ex-jogador)
66) Arlém (ex-jogador)
67) Varzinho (ex-jogador)
68) Cacaio (ex-jogador)
69) Betinho (ex-jogador)
70) Cabrito (ex-jogador)
71) Aires Roberto Brito (ex-jogador)
72) Wilson do Ari (ex-jogador)
73) Álvaro (ex-jogador)
74) Paulinho da Barraca (ex-jogador)
75) Paulinho da Granja (ex-jogador)
76) Ciro (ex-jogador)
77) Di (ex-jogador)
78) Murilo Costa (ex-jogador)
79) Jesus David (ex-jogador)
80) Fábio Lima (ex-jogador)
81) Dagoberto Lima (ex-jogador)
82) Celso Guimarães (ex-jogador)
83) Pelezinho Gelci (ex-jogador)
84) Bibico (ex-jogador)
85) Caminhão (ex-jogador)
86) Melão (ex-jogador)
87) Charles-Chalita (ex-jogador)
88) Otacílio Cortez-Lila (orizicultor)
89) Paulo Ênio Caetano (militar)
90) Hector Rodrigues (professor-Uruguay)
91) Aguinaldo Médici Severino (físico-Santa Maria)
92) José Maciel (historiador-Sapucaia do Sul)
93)José Vali (bancário-Santa Vitória do Palmar)
94) Prof. Beto (professor-Pelotas)
e mais os arroio-grandenses que residem fora do município:
95) Darci Ribeiro (aposentado-Jaguarão)
96) Flávio Camões “Avirelis” (bancário-Pelotas)
97) Claudionir Coelho-Kiko (bancário-Pelotas)
98) Birinha-Gita (professor-Pelotas)
99) Rovani Mello (corretor-Pelotas)
100) Fábio Bonneau (corretor-Pelotas)
101) Eduardo Muñoz (comércio-Pelotas)
102) Denise Moraes (Mato Grosso)
103) Solismar Venzke (Campinas)
... e muitos outros.

domingo, 20 de novembro de 2011

ALMOÇO NO MERCADO



O meu filho Pedro Gabriel fez um trato comigo, um acerto entre nós dois, mas que impôs uma obrigação a ele – ao Pedro filho – não a mim – o Pedro pai –, ao menos desta vez.
Não lembro quando fizemos o trato, mas certamente foi depois da morte do meu pai, o velho Pedro Bittencourt, a partir de quando, nas conversas com o meu filho, eu passei a contar inúmeras histórias sobre o avô dele, especialmente àquelas reveladoras da forma diferente como o Pedro encarou a vida, e, sobretudo, da maneira como ele realmente viveu.
O trato foi o seguinte: do primeiro dinheiro que o Pedro Gabriel ganhasse com o trabalho dele, fosse no ofício que fosse, ele deveria guardar uma parte para me pagar um almoço no Mercado Público, em Pelotas, ou em algum boteco similar, freqüentado por gente simples e abastecido por comida caseira.
A proposta, ao que lembro, foi do meu filho mesmo, e a ideia só pode ter vindo em memória do velho Pedro, o eterno inspirador das coisas da minha família.
O Pedro Bittencourt era um sujeito interessante (para dizer o mínimo, nesta época de homens comuns) e tinha algumas manias que ultrapassavam a mera excentricidade, como, por exemplo, almoçar no Mercado de vez em quando, independente da quantia de dinheiro que tivesse no bolso.
E isso porque o Pedro, que ganhou muito dinheiro em face da reconhecida capacidade como advogado, gostava de experimentar extremos, e para ele tanto fazia comer salmão ou dobradinha, beber whisky 12 anos ou vinho de garrafão.
Não foram poucas as ocasiões em que o Pedro, depois de receber fartos honorários de algum cliente mais abastado, convidou a turma toda – a mim, ao Kiko, o Bardou... – para almoçar no Mercado, em Pelotas, com a comida servida em “prato feito” e acompanhada de uma cerveja barata.
O único que relutava em nos acompanhar era o Sílvio Santana, um amigo de assumida origem burguesa e playboy por natureza. Figura extraordinária, o Sílvio havia falido; então, teve que trocar o whisky farto e os chopes do Bavária por uma cachaçinha com limão “anotada” pelo Modesto, no Taperinha, assim como trocou o espeto corrido do Lobão pelo meio risoto do Madelaine, sem, entretanto, jamais abandonar o adágio que carregava: – Pobre, mas café bem doce! – justificava, para nos deixar em meio à caminhada para o Mercado.
Pois agora, como vinte e cinco anos depois, e com o Mercado fechado para intermináveis reformas, agora que o meu filho já recebeu o seu primeiro salário, nós estamos nos preparando para almoçar num boteco qualquer – comida caseira, conta paga por ele, no limite de R$ 4,90 por pf, conforme o combinado – tudo para comemorar o primeiro ganho de um trabalhador.
Mais que isso, para festejar uma história compartilhada entre três gerações – filho, pai e avô – nesse ciclo interminável da vida que, felizmente, propicia a gente sempre algum motivo de comemoração.
À tua saúde, meu filho, e um grande brinde, meu pai!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

CONFRARIA

No dia 12 de outubro publiquei uma postagem no blog com o título de “Dia” e a seguinte expressão:
“Sou o último menino que me resta, não permitam que ele cresça...”.
Coloquei assim, entre aspas, sem nominar o autor, pois nunca soube ao certo se a frase é do meu pai, ou do Álvaro Moreyra, ou do Jules Laforgue, ou de algum dos demais poetas que o Pedro costumava celebrar.
O Fernando Grassi Filho, identificando o local onde a frase está escrita, comentou:
“Saudade das paredes do Hermena”.
Ao que eu respondi:
“... Das paredes, dos personagens, da poesia, do trago, dos meninos que eu, o meu pai e o meu avô – todos! – deixamos por lá. Eu tenho saudade de tudo!”
Pois agora, na data de mais um aniversário do Pedro (17/11/1932), publico uma fotografia* “das paredes do Hermena” contemplando a poesia, o trago e o encontro de alguns dos personagens mais extraordinários que por lá passaram, uma confraria de “meninos” verdadeiramente notável, brilhante, inesquecível!
*Fotografia tirada na Praia do Hermenegildo em 1990: De "trás para frente": Pedro Jaime (sentado, na cabeceira), Roger Viana (em pé), Fausto Domingues, Fernando Grassi, Dr. Passinhos (fumando) e Adílson Feijó (de boné).

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

FLIA/2011

Os Baobás do fim do mundo...

da autora Marília Kosby

Cenas da Feira Independente

O espetáculo de Serginho da vassoura elétrica


O entardecer no "Quadrado"

Feira do Livro Independente e Autônoma - "Quadrado" do São Gonçalo - Pelotas - 15/11/2011

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

BAOBÁS NA FLIA

Os baobás do fim do mundo, obra da poeta e antropóloga Marília Floor Kosby, com ilustrações do Zé Darci, ambos gauchinhos paridos e crescidos no Arroio Grande, mas universais na sua arte, terá mais um lançamento amanhã (15/11), além daquele que ilustra a imagem acima, ocorrido na Biblioteca Pública Pelotense, no dia 11/11/2011.

A próxima apresentação do livro será na FLIA - Feira do Livro Independente e Autônoma - evento que ocorre paralelo à tradicional Feira do Livro da Pça. Cel. Pedro Osório de Pelotas, previsto para acontecer no local conhecido como "Quadrado", próximo à Zona do Porto, a partir das 13h. deste feriado de 15 de novembro.

A FLIA, aliás, é uma ótima iniciativa, e tem as suas origens em Buenos Aires, onde o pessoal tido como alternativo da capital porteña resolveu ampliar os limites das tradicionais Feiras do Livro da Argentina (que, como no Brasil, se preocupam mais com a comercialização das obras e menos com a ampliação dos espaços para os artistas e com as discussões literárias propriamente ditas), criando um evento paralelo que estimula os debates, promove as produções independentes e valoriza as expressões artísticas nas suas múltiplas expressões, sejam de escritores, músicos, artistas plásticos ou artesãos.

O lançamento do livro da Marília é as 13h., pelo que sei; deixemos, pois, o almoço do feriado para mais tarde (ou mais cedo, dependendo do hábito de cada um), e todos à fila da flia, a Marília e o Zé Darci merecem e a companhia deles é sempre um imenso prazer, no meu caso, aliás, é bem mais que isso, é necessidade.

sábado, 12 de novembro de 2011

ENQUANTO A VAGA NÃO CHEGA

A piada é conhecida: no centro de uma grande cidade, o sujeito, chegando em cima da hora próximo ao local onde iria assumir um cargo importante e sem ter onde estacionar o carro, ergue as mãos para os céus e suplica: – Senhor, por favor, me arruma uma vaga urgente, agora, neste instante! Prometo que se isso acontecer vou parar de beber, serei bom pai, vou ser fiel a minha mulher... Enquanto ele desfiava o seu rosário de promessas, um carro se retira bem à sua frente, abrindo vaga para o estacionamento. O sujeito, então, olha novamente para os céus e exclama rapidamente: – Não precisa mais, Senhor, retira tudo o que eu disse, não precisa mais!!!
É bem assim, exatamente assim, somos todos iguais, rigorosamente iguais ao personagem da anedota.
Fazemos promessas que não pretendemos cumprir, invocamos um Deus no qual não acreditamos, e, mais que isso, não fazemos questão de honrar, e somente prometemos qualquer coisa quando não temos “vaga para estacionar”.
Mais: somos o “exemplo” de uma sociedade que não colabora em nada para a construção daquilo que costuma exigir. Cobramos ética dos políticos, condenamos a corrupção, criticamos a imoralidade, mas cometemos diariamente os mesmos erros, e somos aéticos, imorais e criminosos o tempo todo.
Praticamos a pirataria, furamos filas nos bancos, passamos nos sinais vermelhos, dirigimos depois de beber, não procuramos devolver o dinheiro que eventualmente achamos, cobiçamos tudo o que não é nosso (ainda mais se estiver próximo), e somos fofoqueiros, invejosos e desleais. Quer dizer, em termos de valores morais não devemos nada à turma do mensalão, aos malufistas, ou aos colloridos, a nossa diferença com eles está apenas em termos de valores econômicos, ainda que seja grande.
Este é, infelizmente, o retrato da nossa sociedade. A imensa maioria das pessoas que conhecemos costuma agir assim, apenas uma minoria é que se comporta rigorosamente dentro das regras da moral, da ética e da legalidade.
E depois ainda reclamamos que queremos um Mundo melhor, um Brasil melhor, um Arroio Grande melhor. Melhor para quem, cara pálida? Falamos em deixar um planeta melhor para os nossos filhos, mas na verdade o que fazemos é colaborar – e como! – para deixar os piores filhos para o nosso planeta.
Disso tudo, só o que nos salva é o mesmo que nos condena: o fato de sermos humanos – safados, imorais, criminosos, mas humanos.
Porque o fim do homem, embora todos os cálculos e previsões, parece estar longe de se tornar realidade, o que significa que ainda podemos prometer muito ante a falta de estacionamento, e, quem sabe, começar pouco a pouco a pagar as nossas promessas, ao menos enquanto a vaga não chega...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

PERSONAGENS DO ARROIO GRANDE (VI) - CEL. OTÁVIO ESTEVES

Nascido por volta de 1880, Otávio Adalberto Esteves ganhou fama e patente de “Coronel” na região sul e em Arroio Grande, cidade onde viveu até o início dos anos 1970, quando veio a falecer com mais de 90 anos de idade.
Estancieiro, proprietário da “Fazenda Santana” onde começou a criar gado no começo dos anos 1920, Otávio Esteves especializou-se na criação de bovinos (2.200 reses, no início da década de 40), ovinos (3.500, na mesma época) e inúmeros equinos, com destaque para cavalos das raças criola e percheron, sendo muitos desses animais adquiridos no Uruguay e na Argentina.
Correligionário e amigo de Assis Brasil (Joaquim Francisco de Assis Brasil – 1857/1938 – advogado e político, proprietário do histórico Castelo de Pedras Altas, onde foi assinado o pacto que pôs fim à Revolução de 1923) e de Zeca Neto (José Antônio Mattos Neto, General e caudilho maragato - 1854/1948), Otávio Esteves foi membro da Junta Revolucionária de 23, em Arroio Grande, na luta empreendida entre assisistas e borgistas – maragatos e chimangos – no Rio Grande do Sul, naquela que foi a última das três grandes revoluções dos gaúchos (Revolução Farroupilha - 1835, Revolução Federalista - 1893, e Revolução de 1923).
Em razão das quizílias políticas remanescentes, Otávio Esteves, que dividia o seu tempo entre o Arroio Grande (onde possuía as suas terras), Jaguarão (onde tinha parentes) e Melo, no Uruguay (onde costumava visitar Assis Brasil que por lá se mantinha “exilado”, mesmo após o armistício de 23), possuía também diversos desafetos, entres eles o Ten. Coronel Manoel Amaro Junior, um legalista, partidário de Borges de Medeiros, que morava na mesma Jaguarão que o Cel. Otávio Esteves seguidamente visitava.
Pois conta a história* que no dia 1° de agosto de 1924 esses dois personagens se encontraram e acabaram por travar um duelo, havendo Otávio Esteves levado a melhor no confronto onde morreram os “dois Amaro” – o pai militar e o filho farmacêutico, que acudira em defesa do seu genitor –, na famoso crime de "Rua do Centenário", em pleno Centro de Jaguarão.
Preso e impronunciado sob a tese da legítima defesa (a impronúncia se dá quando o Juiz do caso entende que a prova em favor do réu é tão forte que ele sequer precisa ser levado a Júri), por decisão do magistrado Álvaro da Costa Franco (pai do historiador Sérgio da Costa Franco, autor de “Origens de Jaguarão”), que teve a sentença confirmada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Otávio Esteves retornou a sua vida de estancieiro em Arroio Grande, sendo objeto de muitas histórias depois do episódio das mortes em Jaguarão.
O autor desta página, quando menino, conheceu pessoalmente o Cel. Otávio Esteves, de quem lembra de algumas características: porte alto e imponente, cabeleira branca, voz firme e autoritária, péssimo motorista (se ouvia de longe a batida da sua caminhonete contra as paredes da garagem, a cada vez que guardava o carro) e do respeito que o Coronel, apesar da idade avançada, ainda gozava junto à comunidade - tudo em razão da vizinhança das casas de ambas as famílias na Rua Dom Pedro II, em Arroio Grande, no final dos anos 1960, onde Otávio Esteves residiu até o seu falecimento na primeira metade da década de 70.
* A descrição do “duelo” entre o Cel. Otávio Esteves e “os Amaro”, no ano de 1925, em Jaguarão, consta detalhadamente do livro “O cigarro ensangüentado e outros contos”, de João Félix Soares Neto (Ed. Ponto de Vista, 2007), e, resumidamente, no “Diário de Cecília Assis Brasil” (L&PM, 1983). Também neste blog existe menção ao episódio no texto “A Rua da minha infância”, crônica publicada no Jornal "A Evolução", no ano de 2008.

sábado, 5 de novembro de 2011

OBRIGATÓRIOS




Neste fim de semana acontece o Expocanto, uma oportunidade de apreciar boa música junto ao evento que é parte integrante da tradicional Exposição Feira de Arroio Grande. Eu não irei. “Por causa de umas questões paralelas” (como diria Chico Buarque), deverei ficar em casa, daí já aproveito para ouvir os meus discos preferidos dos artistas locais: o Milonga Mauá, do Sidney Bretanha e o Fruteira Brian Jones, do Caboclo Damatta.
São duas grandes obras musicais que, por razões distintas, preenchem as minhas madrugadas de solidão e de abandono intelectual neste triste fim dos pampas.
São dois trabalhos raros, surpreendentes, sem o menor conteúdo comercial, mas que contêm canções antológicas, como Milonga pro meu povoado e a própria Milonga Mauá, no primeiro, e a versão de Y Hard days night e o texto “Os latifúndios marcianos”, no segundo, que poderiam estar tranquilamente rodando em qualquer Rádio da cidade ou da região. Possuem, ainda, as extraordinárias participações de músicos como o Pardal Moura e o Miguel Vidal (no Milonga Mauá), e da Marcela Rodrigues e do próprio Sidney, no Fruteira Brian Jones.
O Fruteira é uma homenagem do Caboclo ao Basílio, o “louco” que virou ícone, e que tinha as suas canções desprezadas pela sociedade local, as mesmas que hoje aparecem em releituras a todo instante.
Já o Milonga Mauá é, na verdade, um imenso mosaico que desnuda todo o Arroio Grande – de Mauá à Morocha, de Gumercindo Saraiva a Adolfina –; um disco agressivo, mordaz, cáustico, como, aliás, é característico do seu criador.
São discos libertários, mas que deveriam ser obrigatórios – como diz o título desta crônica – por uma simples razão. Mostram um outro Arroio Grande que não o do “Poder”, nem o das colunas sociais, a cidade que não aparece nos discursos fáceis e nem nos clicks noturnos dos nossos jornais. É o Arroio Grande dos párias, dos desvalidos, dos bêbados e das putas pobres; o Arroio Grande do gentio, a cidade sem qualquer glamour, o Arroio Grande sem trilhos, a cidade dos becos e das vielas escuras, e da Dr. Monteiro vazia nas frias noites do sul.
O Caboclo e o Sidney, diga-se de passagem, são músicos da melhor estirpe e, certamente, estão ao lado de “monstros sagrados” da vida musical da cidade, como o Nenê Balhego e o Biriri, por exemplo. Paradoxalmente (ou não), são dois personagens bastante controvertidos na paróquia que, de alguma forma, os rejeita, assim como renegou tantos artistas e intelectuais ao longo da sua história.
Do Marta Rocha ao Pedro Bittencourt, de Leonel Fagundes ao próprio Basílio, nunca as cabeças pensantes da cidade foram bem digeridas pelo medíocre padrão de comportamento da conservadora sociedade local.
Nisso, só o Arroio Grande é que permanece perdendo, nesse eterno conflito que deve ter começado bem antes de Mauá, antes da primeira milonga e da primeira fruteira, e que, pelo jeito, não vai terminar nem no Caboclo e nem no Sidney. Pelo jeito, aliás, não vai terminar nunca.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

JA

Quando soube da vinda da Maria Tereza Goulart até Arroio Grande, e não podendo estar presente ao evento, enviei um email ao Jorge Américo Borges – o nosso repórter multimídia, que costuma cobrir de jogos de futebol a bailes da terceira idade, de corridas de cavalos até enterros... –, com o seguinte texto:
"Incomparável Américo!
'Melhor que Colombo ter descoberto a América, foi Arroio Grande ter descoberto o Américo', inigualável e intrépido repórter para todas as causas e matérias, inclusive as imateriais.
Por falar nisso, peço ao amigo que se for fazer a cobertura do evento na Escola João Goulart, me consiga boas fotos da viúva Maria Tereza - verdadeiro patrimônio do País - a fim de que eu possa criar algo para postar no blog - o autorretrato - que aproveitaremos para publicar depois no Jornal 'A Evolução', na próxima edição.
Se der, tira algumas fotos somente dela, de frente, de perfil, etc... porque quero trabalhar com a imagem da “eterna primeira dama” na matéria, ok!
Grande abraço.
Pedro"
Posteriormente, fiquei sabendo que o Jorge, fiel ao seu estilo, leu a mensagem “no ar” no seu programa na Rádio Difusora, tornando público o email que reservadamente lhe enviara.
O Arnóbio, que estava escutando a Rádio, não perdeu tempo, e aproveitando a mania que temos de “adjetivar” o Jorge – inigualável, extraordinário, inimitável, e por aí vai... – escreveu a seguinte Carta que publicou no seu blog, o arnobiopereirahistórias, cujo link segue abaixo:


Leiam e percebam a quantidade de adjetivos que o Arnóbio utiliza para tentar definir o indefinível Jorge Américo, o mais notável repórter desta região do "sul do sul", fabulosa "cria" do Seu João Saraiva desde a fundação da Rádio Difusora, já vai pra mais de 30 anos.

Festejando a oportunidade de apresentar a página do grande escritor que é o Arnóbio, aproveito também para divulgar o blog do Donga - link

http://www.dongadesenhos.blogspot.com/ de onde retirei a caricatura do JA que ilustra este texto.

A todos eles, Arnóbio, Donga e Jorge Américo, inigualáveis parceiros na arte e nas arteirices, o meu fraterno e inestimável abraço.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

SOBRE MULHERES E BOLACHAS

Outubro é o mês de aniversário da minha mulher. Ela está ficando mais velha, e mais bonita! É o que eu acho, como admirador da beleza que ela me transmite a cada dia. Eu gosto de admirar a beleza de mulheres mais velhas, como é a beleza da minha mulher, que está ficando mais velha, e mais bonita.

Eu sei que os homens, aliás, a maioria das pessoas, costuma vincular a beleza à juventude. Existe até uma expressão que se costuma usar, uma expressão debochada, criativa, onde se diz que "não existe mulher bonita, o que existe é mulher nova!"

Eu acho a frase até bem bolada, "sutil", engraçadinha, mas não concordo muito com ela não.

Como assim - "mulher nova"??? Nova, que eu saiba, tem que ser bolacha, ou empada, ou picanha, essas coisas. A gente passa pela padaria e já vai perguntando: - A bolacha é nova? A empada é de hoje? Ou então vai até o açougue e diz: - Me vê uma picanha, mas nova, hein, porque senão ninguém consegue comer! Até aí tudo bem: empada, bolacha, picanha, tudo isso tem que estar novinho, de forma a ser aceito pelo paladar dos comensais.

Mas mulher, não. Onde já se viu comparar mulher a picanha, a quindim, a rapadurinha. É bem verdade que existe mulher melancia, mulher morango, mulher pêra, e essas realmente tem que ser novas, pois com o passar do tempo deverão perder o prazo de validade, e, aí sim, tal como as frutas, haverão de se tornar também incomíveis para qualquer um.

Mas mulher, mulher de verdade, não precisa ser assim não. Mulher não é só carne, ou peito, ou bunda... Mulher é cheiro, é pele, é perspicácia, é intuição, é segredo, é mistério... Mulher - diz o poeta - tem até alma, embora a alma de uma mulher contenha tantos mistérios que é mais fácil descobrir os segredos do universo do que uma simples partícula da alma feminina.

As mulheres são assim, e mais, são decididas, dinâmicas, resolvidas. Elas - sabe-se já há algum tempo - possuem a tal visão periférica, que lhes permite ver e fazer várias coisas ao mesmo tempo. Por isso podem ser mães, trabalhadoras, donas de casa e amantes, tudo a um só tempo, diferentemente dos homens que não conseguem sequer falar ao telefone enquanto assistem ao jogo de futebol. E olha que ainda são as mulheres que alcançam a cerveja...

Então, que história é essa de que mulher tem que ser nova, ou tem que estar "no ponto"? Mulher não é chuleta, não é bife, e o verdadeiro ponto de uma mulher passa as vezes a vida inteira sem ser descoberto.

Mulher não tem que ser nada disso, não precisa ser nova, e, aliás, nem necessita se manter permanentemente uma deusa da beleza.

Mulher tem que ser mulher, simplesmente, e, principalmente, tem que ser descoberta pelo seu parceiro como tal. Mas essa, provavelmente, deve ser a parte mais difícil para os homens...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

UMA VISITANTE ILUSTRE

A moça da foto aí de cima – de uma beleza estonteante, incomum – é a mesma senhora da foto lá de baixo – igualmente bela, de uma classe e elegância também incomuns – e que esteve em visita a Arroio Grande no último sábado (22/10).
Maria Tereza Goulart, a eterna “Primeira Dama”, foi, como mulher do ex-presidente João Goulart, um personagem único da República, verdadeiro símbolo de um tempo que deixou profundas marcas no Brasil e no povo brasileiro.
Praticamente vizinha de João Belchior Marques Goulart, em São Borja, RS, Maria Tereza Fontella começou a namorar o político Jango (vinte anos mais velho) muito cedo, quando ela tinha apenas 16 anos de idade.
Do rápido namoro ao casamento, Maria Tereza tornou-se, então, “concunhada” de Leonel Brizola, casado com Neusa Goulart (irmã de Jango) e governador do Rio Grande do Sul à época.
Em consequência, a mocinha Maria Tereza acompanhou todos os fatos marcantes da República no período, desde a eleição de Jango como Vice-Presidente em 1959 até a morte deste, na Argentina, em 1976.
Testemunhou a insegurança e o isolamento do marido no poder desde que ele assumiu como Presidente após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961; testemunhou o famoso comício da Central do Brasil, antes da derrubada de Jango, em março de 1964; testemunhou a triste animosidade que ficou entre os cunhados depois do golpe militar, quando, ambos exilados, deixaram de se falar; testemunhou a comoção que foi o enterro de Goulart, em São Borja, em 1976, quando a filha do casal, Denise, num gesto simbólico, jogou uma faixa onde se lia “Anistia” no caixão do pai, expondo para o país uma expressão proibida pelos militares golpistas que jogaram o Brasil nas trevas da ditadura; e testemunhou, por fim, a redemocratização do país que possibilitou inclusive o ingresso do seu filho João Vicente na política, como deputado federal, sem, entretanto, herdar, ainda que minimamente, o carisma do pai.
Agora, num gesto de grandeza e, ao mesmo tempo, de extrema simplicidade, a “mulher de Presidente mais bonita na história da República” – no dizer do jornalista Alberto Dines –, a moça que rivalizou com Jacqueline Kennedy como símbolo de beleza nos anos 1960, a eterna “primeira dama”, vem até o nosso pequeno município para receber mais uma homenagem, entre tantas que a família Goulart tem recebido pelo país durante esses anos todos.
E o governo trabalhista local, responsável pela vinda da ilustre visitante, tem mais um feito para se orgulhar, pois mostrou respeito reverencial à história trazendo até Arroio Grande não só a mais famosa primeira dama do país, mas uma cidadã que ainda mantém viva na memória a reminiscência de um tempo que os brasileiros esperam que nunca mais se repita.Maria Tereza Goulart recebe homenagem do Prefeito de Arroio Grande Jorge Cardozo (PDT)