
O Zé era zagueiro, eu centroavante, e os meus calcanhares foram testemunhas de que ele não era um defensor fácil; chegava junto, direto no corpo, e dava uma batidinha por baixo de vez em quando.
Teve uma época em que os jogos contra “eles” se tornaram quase um “clássico” e o Zé tinha um costume que ajudava a aumentar essa rivalidade. Sempre depois de um gol do time deles, ele gritava pra todo o mundo ouvir: “Ih, tomaram um, agora nós vamos fazer dez”, dizia alto, de propósito, pra irritar mesmo. Ou, então, quando nós, do mesmo time, discutíamos, coisa normal no futebol, ele chegava perto e provocava: “Se vão brigar, paramos, vocês são amigos”, dizia, dando uma gravidade que a coisa não tinha, pra nos desestabilizar ainda mais.
Mais tarde, fomos companheiros no Kbção, Campeão no auge do Futebol de Sete na cidade. O Zé era zagueiro titular e eu reserva do Paulão, um dos maiores orgulhos da minha modesta passagem pelo futebol.
Depois, o Zé deixou a oficina mecânica do pai e resolveu entrar pra política; foi vice-prefeito do Chorê em 92 e vereador em 96, 2000 e 2004, sempre pelo PDS, mais tarde PP.
Tornou-se um político hábil, esperto. Em 92, por exemplo, nós do PT também disputávamos a eleição pra Prefeito, e o Zé, prevendo que nós tiraríamos mais votos do Ermínio, do PDT, do que do Chorê, companheiro dele no PDS, fazia rasgados elogios ao PT no palanque, o que muito me irritava, mas comprovava a habilidade política dele.
Pois esse Zé, agora, vai pro maior desafio da sua vida, já que deve ser confirmado candidato a Prefeito pelo PP.
Mesmo estando em lados opostos eu quero te desejar boa sorte Zé, e boa sorte, em política, não é apenas vencer, senão que é sair vivo - embora com cicatrizes enormes - dos desafios que perpassam a simples disputa eleitoral. Sorte, em política, significa terminar uma batalha de cem dias e voltar pra casa com a sensação do dever cumprido, ao lado dos companheiros, ao lado dos amigos da gente, ao lado da família.
É certo que a Isabel e a Eduarda vão sofrer com a campanha, mas já devem estar acostumadas com o destino do marido e do pai, que escolheu não ser pouco nesse mundo. Então vai, Zé, vai buscar o teu destino na vida. Destino que - independente da sorte e do resultado que tiveres - já fez de ti um nome respeitado, já fez de ti um Seu Chaleira, um Seu José Guilherme, já fez de ti, com certeza, um vitorioso Seu Zé.
2 comentários:
Estive por aqui... Juninho, a foto do time do cabeção é lembrança por demais. O time era a sensação do campeonato...lembro muito. Gostava quando raramente entrava em campo Aloísio do Íssa ...nas divídida ele tirava o pé..risos.. Centroavante igual ao Paulão, díficil outro igual....o estilo lembra um pouco Adriano ex- São Paulo/Internaziolane ...muita força e habilidade, diferenças nas pernas, um é destro, chuta com a direita (Paulão) e outro conhoto, chuta com a esquerda. Paulão cabeciava mais que o Adriano cabeceia atualmente. Ele jogava mais plantado entre os dois zagueiros. Com personalidade díficil mas rapito com a bola era o Caminhão... O Birinha pela esquerda era o ponto forte do Time, ...mas o melhor de todos ai na foto em termos de exercer com maestria a sua função é Cicíco. Massagista de primeira linha....O que surgia de gozação e piadas das arquibancadas quanto ele entrava na quadra era por demais...bons tempos aqueles.
Grande Solismar.
Não é a toa que eu digo na croniqueta que o meu maior orgulho no futebol foi ser reserva do Paulão, o cara jogava demais.
Mas o time tinha ainda o Osvaldo Britto, um baita goleiro; tinha o Murilo, em início de carreira, o Chaleira, de quem já falei no texto, o Didi "da Hilá", o último camarada a jogar de 'Conga'; tinha o Cacaio, um craque, além dos outros a quem fizesse referência - Caminhão, Birinha, Oscar do Cazinho...
Tinha o Cizico, até hoje um símbolo da nossa cidade, e, como figuraça, o Paulinho Kbção, o maior de todos - exêntrico, provocativo, maluco beleza - grande amigo, grande irmão, grande presença de um tempo maravilhoso que ainda existe na alma e na lembrança de todos nós.
Abração.
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