quinta-feira, 12 de junho de 2008

"TUDO NO MUNDO É FRÁGIL, TUDO PASSA/QUANDO ME DIZEM ISTO, TODA A GRAÇA/DUMA BOCA DIVINA FALA EM MIM..."

Seria, com certeza, exagero dizer que a internet ajudou a “descobrir” Florbela Espanca, que hoje tem a sua poesia cultuada pelas novas e velhas gerações.
Florbela - autora de Fanatismo, dos versos aí do título - nascida em Vila Viçosa, lugar do Alentejo, Portugal, viveu apenas 35 anos, mas viveu exacerbadamente a poesia da paixão, aliando o sofrimento, a solidão e o desencanto à vontade de ser feliz.
O amor de Florbela estava nela própria e no desejo de “amar perdidamente e não amar ninguém”.
Que sigamos, pois, descobrindo Florbela Espanca, para alguns a “alma gêmea” de Fernando Pessoa, para outros a “Dom Juan do Feminismo”, mas, inegavelmente, uma poetisa do amor.

Os versos que te fiz
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!
Mas, meu Amor, eu não te os digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!
Amo-te tanto ! E nunca te beijei ...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!
(Florbela Espanca - Os versos que te fiz).

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