Prezado Sr. Google
Neste exato instante são vinte e três horas e cinquenta e nove minutos do dia trinta e um de dezembro de 2011. Daqui a pouco um novo ano irá começar e, por tradição ou esperança, é chegado o momento da gente fazer os pedidos para o período que se aproxima.
Recorro, pois, ao Senhor, que a tudo localiza com extrema agilidade, para que neste Ano Novo me auxilie a encontrar alguns prazeres que desapareceram da minha vida já há algum tempo, assim como desapareceram também da vida dos meus amigos e dos meus familiares, e de todas as pessoas que eu conheço.
Queria que o Senhor localizasse, primeiro, uma caneta à tinta, para que eu pudesse lhe escrever uma Carta à mão, com caligrafia caprichada e com um português senão perfeito, mas ao menos razoável, com palavras inteiras, como, por exemplo, “risos” em vez de rsrsrsrs (ou eheheh, ou huashuas), e “beleza” em vez de blz, e terminar o texto com um “abraço” do remetente, em vez de abs ou abço (ou deu! ou fui!), e sem precisar “curtir”, nem “comentar”, nem rtw, só para a nossa conversa ser mais cordial, o Sr. entende?!!
Depois, gostaria que o Senhor também localizasse uma calçada segura onde eu pudesse colocar uma cadeira para sentar à noite, e escutar um rádio de pilha (o Sr. me localiza um radinho de pilha?) sintonizado numa estação qualquer, que toque música e não pagode, ou sertaneja, ou funk, ou sei lá o que mais (o Sr. também localiza música de verdade, não é?), de preferência bebendo uma cerveja e olhando para a lua, sem medo de atropelamento, sem medo de assalto, sem medo de nada.
Mais tarde, se eu estiver sem sono, gostaria que o Senhor me localizasse também um baralho, para um jogo de cartas, tipo pife ou pontinho (sabe?) ou robamonte ou escova, qualquer um, pois não precisa ser a dinheiro não, afinal a gente só quer jogar para se divertir, como antigamente, sem se importar em ganhar ou perder dinheiro, como agora.
Por último, e aproveitando que o fim-de-semana se aproxima, gostaria que o Sr. localizasse também um Cinema para que a gente pudesse ir, de preferência com uma carrocinha de pipoca na frente e com um baleiro dentro do próprio cinema. Depois, ao final do filme, gostaria de encontrar uma daquelas carrocinhas de cachorro quente, para a gente lanchar na rua mesmo, a fim de comer com o pão ainda quentinho e evitar dar trabalho as tele entregas, compreende?
Finalmente, Senhor Google, depois de tudo, eu pretendo me reunir com a minha mulher, com os meus filhos e com alguns amigos, e aí, se não for pedir demais, gostaria que o Sr. se desligasse um pouquinho, pois tenho vontade de falar com eles sobre o sentido de algumas expressões como diálogo, amizade, respeito, compreensão, tolerância, solidariedade...
Eu sei, eu sei que o Senhor pode localizar essas palavras para nós facilmente, Mr. Google, sei das suas boas intenções, mas lhe peço: por favor, deixe a gente descobrir junto o sentido dessas coisas, deixe a gente discutir, discordar, debater, para, ao menos por uma vez nos tempos atuais, poder escolher entre errar pela própria cabeça ou permanecer julgando que acertou pelo repetitivo aperto de um simples botão, que, aliás, para ser justo com o Sr., não tem qualquer culpa nessa história. Mas uma desligadinha de vez em quando bem que ajudava...
Um abraço respeitoso do seu fiel usuário,
Pedro
Neste exato instante são vinte e três horas e cinquenta e nove minutos do dia trinta e um de dezembro de 2011. Daqui a pouco um novo ano irá começar e, por tradição ou esperança, é chegado o momento da gente fazer os pedidos para o período que se aproxima.
Recorro, pois, ao Senhor, que a tudo localiza com extrema agilidade, para que neste Ano Novo me auxilie a encontrar alguns prazeres que desapareceram da minha vida já há algum tempo, assim como desapareceram também da vida dos meus amigos e dos meus familiares, e de todas as pessoas que eu conheço.
Queria que o Senhor localizasse, primeiro, uma caneta à tinta, para que eu pudesse lhe escrever uma Carta à mão, com caligrafia caprichada e com um português senão perfeito, mas ao menos razoável, com palavras inteiras, como, por exemplo, “risos” em vez de rsrsrsrs (ou eheheh, ou huashuas), e “beleza” em vez de blz, e terminar o texto com um “abraço” do remetente, em vez de abs ou abço (ou deu! ou fui!), e sem precisar “curtir”, nem “comentar”, nem rtw, só para a nossa conversa ser mais cordial, o Sr. entende?!!
Depois, gostaria que o Senhor também localizasse uma calçada segura onde eu pudesse colocar uma cadeira para sentar à noite, e escutar um rádio de pilha (o Sr. me localiza um radinho de pilha?) sintonizado numa estação qualquer, que toque música e não pagode, ou sertaneja, ou funk, ou sei lá o que mais (o Sr. também localiza música de verdade, não é?), de preferência bebendo uma cerveja e olhando para a lua, sem medo de atropelamento, sem medo de assalto, sem medo de nada.
Mais tarde, se eu estiver sem sono, gostaria que o Senhor me localizasse também um baralho, para um jogo de cartas, tipo pife ou pontinho (sabe?) ou robamonte ou escova, qualquer um, pois não precisa ser a dinheiro não, afinal a gente só quer jogar para se divertir, como antigamente, sem se importar em ganhar ou perder dinheiro, como agora.
Por último, e aproveitando que o fim-de-semana se aproxima, gostaria que o Sr. localizasse também um Cinema para que a gente pudesse ir, de preferência com uma carrocinha de pipoca na frente e com um baleiro dentro do próprio cinema. Depois, ao final do filme, gostaria de encontrar uma daquelas carrocinhas de cachorro quente, para a gente lanchar na rua mesmo, a fim de comer com o pão ainda quentinho e evitar dar trabalho as tele entregas, compreende?
Finalmente, Senhor Google, depois de tudo, eu pretendo me reunir com a minha mulher, com os meus filhos e com alguns amigos, e aí, se não for pedir demais, gostaria que o Sr. se desligasse um pouquinho, pois tenho vontade de falar com eles sobre o sentido de algumas expressões como diálogo, amizade, respeito, compreensão, tolerância, solidariedade...
Eu sei, eu sei que o Senhor pode localizar essas palavras para nós facilmente, Mr. Google, sei das suas boas intenções, mas lhe peço: por favor, deixe a gente descobrir junto o sentido dessas coisas, deixe a gente discutir, discordar, debater, para, ao menos por uma vez nos tempos atuais, poder escolher entre errar pela própria cabeça ou permanecer julgando que acertou pelo repetitivo aperto de um simples botão, que, aliás, para ser justo com o Sr., não tem qualquer culpa nessa história. Mas uma desligadinha de vez em quando bem que ajudava...
Um abraço respeitoso do seu fiel usuário,
Pedro