
Sem levar em conta a brincadeira do argentino Astor Piazzola, quando diz que "o gaucho foi uma invenção que fizeram para distrair os cavalos", verdade é que o "mito" do gaúcho transcende os costados do Rio Grande, e do oriente uruguayo e da pampa argentina, para se transformar num protagonista da vida latino-americana, ainda que (muitas vezes) fantasioso, como a nossa literatura não cansa de apresentar.
Desse mito, o maior de todos é, sem qualquer dúvida, Martin Fierro, de José Hernandez, um épico de mais de um século (aparecido em 1872, com "El Gaucho Martin Fierro") que a página reproduz aqui através de quatro estrofes (as duas primeiras e as duas últimas) do primeiro canto, da primeira parte.
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"Aquí me pongo a cantar
al compás de la viguela,
que el hombre que lo desvela
una pena extrordinaria,
como la ave solitaria
con el cantar se consuela.
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Pido a los santos del cielo
que ayuden mi pensamiento:
les pido en este momento
que voy a cantar mi historia
me refresquen la memoria
y aclaren mi entendimiento.
(...)
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Y sepan cuantos escuchan
de mis penas el relato
que nunca peleo ni mato
sino por necesidá,
y que a tanta alversidá
solo me arrojó el mal trato.
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Y atiendan la relación
que hace un gaucho perseguido,
que padre e marido a sido
empeñoso y diligente,
y, sin embargo, la gente
lo tiene por un bandido...
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