Muito se discute sobre a passagem da Revolução Farroupilha por aqui, até porque o Arroio Grande, embora ocupado desde a chegada das famílias de José Batista de Carvalho (vindo para cá em 1792) e de Manoel Jerônimo de Souza (aqui chegado em 1803), era, no período da Revolução (1835-1845), apenas um distrito de Jaguarão, esta sim recém elevada à categoria de Município - Vila do Espírito Santo do Serrito de Jaguarão - em 1832, ou seja, pouco antes de deflagrada a insurreição Farrapa.
Porém, e até para não descontentar os simpatizantes dos Farrapos, é claro que dá para incluir a nossa Freguesia na Revolução Farroupilha, através de uma escaramuça aqui ou ali (existe enorme confusão entre os combates envolvendo Arroio Grande, pois que alguns ocorridos também próximos a um outro “arroio grande” - situado entre os municípios de São Lourenço e Pelotas), um entrevero acolá, já que deve ter havido mesmo muita quizília nesta terra de encrenqueiros.
Existem notícias de pelo menos três combates na região onde se situa o nosso Arroio Grande: a batalha naval, ocorrida em Santa Izabel, entre o Barco Minuano, do Farroupilha Tobias dos Santos, e o Iate de Guerra Oceano, comandado pelo imperial Manuel Junqueira; o encontro entre os homens de Teixeira Nunes e as forças legalistas de Chico Moringue, presumivelmente no Chasqueiro; e o combate de 17.12.1836, quando David Canabarro surpreendeu e fez prisioneiro Silva Tavares, “em algum lugar do arroio Grande”, mas que bem pode ter sido próximo à nascente do arroio, já no território do Herval. Esta última batalha, aliás, consta registrada no famoso Lenço Farroupilha, um dos símbolos da história dos Farrapos.
Então fica combinado: a Revolução Farroupilha passou por aqui e não se discute mais; mas, se passou, não dá para dizer que aqui a revolução tenha ficado, por mais que a gente queira. Explico: passado o período da revolta com a assinatura do Tratado de Poncho Verde, em 1845, e finda a Guerra do Paraguay (1864-1870), o Arroio Grande, que ascendera a condição de cidade em 1873 (24 de março - a nossa “Independência”), começou a trocar os nomes das suas ruas, com o que se esperava que os principais personagens da luta Farrapa – Bento Gonçalves, Canabarro, Antônio Netto, Garibaldi... - viessem a preencher as vias da cidade, ou virar monumento, afinal a República Rio-Grandense havia sido motivo de orgulho e honra para os gaúchos.
Que nada! Tirando Bento Gonçalves, que dá nome a uma ruazinha no fim da Vila São José - a penúltima da cidade, quase que lá nas Bretanhas... – os demais foram solenemente ignorados pela municipalidade (simpática aos imperiais?), com o que dá para afirmar que as façanhas dos Farroupilhas não serviram de modelo para o Arroio Grande.
E digo isso não para revisar a história ou para contrariar quem quer que seja, digo isso sem qualquer renegação aos valores e ideais farrapos; digo isso apenas para que esses moços – e alguns maturrangos velhos também – que costumam desfilar garbosos durante a Semana Farroupilha, venham a conhecer um pouco mais da história e compreender melhor aquilo que hoje faceiramente abraçam. Não o cavalo ou o violão, mas a causa.
Porém, e até para não descontentar os simpatizantes dos Farrapos, é claro que dá para incluir a nossa Freguesia na Revolução Farroupilha, através de uma escaramuça aqui ou ali (existe enorme confusão entre os combates envolvendo Arroio Grande, pois que alguns ocorridos também próximos a um outro “arroio grande” - situado entre os municípios de São Lourenço e Pelotas), um entrevero acolá, já que deve ter havido mesmo muita quizília nesta terra de encrenqueiros.
Existem notícias de pelo menos três combates na região onde se situa o nosso Arroio Grande: a batalha naval, ocorrida em Santa Izabel, entre o Barco Minuano, do Farroupilha Tobias dos Santos, e o Iate de Guerra Oceano, comandado pelo imperial Manuel Junqueira; o encontro entre os homens de Teixeira Nunes e as forças legalistas de Chico Moringue, presumivelmente no Chasqueiro; e o combate de 17.12.1836, quando David Canabarro surpreendeu e fez prisioneiro Silva Tavares, “em algum lugar do arroio Grande”, mas que bem pode ter sido próximo à nascente do arroio, já no território do Herval. Esta última batalha, aliás, consta registrada no famoso Lenço Farroupilha, um dos símbolos da história dos Farrapos.
Então fica combinado: a Revolução Farroupilha passou por aqui e não se discute mais; mas, se passou, não dá para dizer que aqui a revolução tenha ficado, por mais que a gente queira. Explico: passado o período da revolta com a assinatura do Tratado de Poncho Verde, em 1845, e finda a Guerra do Paraguay (1864-1870), o Arroio Grande, que ascendera a condição de cidade em 1873 (24 de março - a nossa “Independência”), começou a trocar os nomes das suas ruas, com o que se esperava que os principais personagens da luta Farrapa – Bento Gonçalves, Canabarro, Antônio Netto, Garibaldi... - viessem a preencher as vias da cidade, ou virar monumento, afinal a República Rio-Grandense havia sido motivo de orgulho e honra para os gaúchos.
Que nada! Tirando Bento Gonçalves, que dá nome a uma ruazinha no fim da Vila São José - a penúltima da cidade, quase que lá nas Bretanhas... – os demais foram solenemente ignorados pela municipalidade (simpática aos imperiais?), com o que dá para afirmar que as façanhas dos Farroupilhas não serviram de modelo para o Arroio Grande.
E digo isso não para revisar a história ou para contrariar quem quer que seja, digo isso sem qualquer renegação aos valores e ideais farrapos; digo isso apenas para que esses moços – e alguns maturrangos velhos também – que costumam desfilar garbosos durante a Semana Farroupilha, venham a conhecer um pouco mais da história e compreender melhor aquilo que hoje faceiramente abraçam. Não o cavalo ou o violão, mas a causa.
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