- Estação de Trem de Pedro Osório - Anos 1970 -
Já faz tempo, muito tempo... Entre as viagens que a gente costumava fazer – o trivial, de ônibus, de automóvel... -, e às excepcionais – de barco, de avião... -, existia também uma viagem inesquecível: de trem. E eu viajei de trem.
Na primeira vez, o meu pai inventou vir de automóvel do Hermenegildo para o Arroio Grande, “por dentro” do Uruguay, saindo pelo Chuy, até que perto de uma cidadezinha chamada Jose Pedro Varella, próximo a Treinta y Tres, o carro - uma Chevrolet cabine dupla -, estragou feio, tendo que ficar para conserto numa oficina castelhana. Isso acabou proporcionando à família viajar de trem por quase 200 quilômetros pelo interior do Uruguai, até o destino final no Rio Branco, fronteira com Jaguarão.
O que mais lembro dessa primeira vez, na molecagem dos meus dez anos, era do vaso sanitário do banheiro do trem, completamente “sem fundos”, o que permitia fazer xixi em meio aos trilhos, num interminável esgoto a céu aberto. Eu nunca vi isso em lugar nenhum, mas juro que naquele trem que nos trouxe de “Barella” até o Rio Branco era assim, o que muito divertia a gurizada e chocava os adultos, pois que contrário aos hábitos de higiene e de saúde, ainda mais em um país como o Uruguai - “a Suíça da América” à época.
Cerca de duas décadas depois, eu haveria de viajar de trem por diversos países da Europa – Portugal, Espanha, França, Itália... -, mas isso já em veículos e ferrovias com uma estrutura que nunca chegou à América do Sul.
A minha viagem inesquecível de trem, porém, deu-se em meio a esses dois períodos – o do Uruguai e o da Europa – e ocorreu no início da minha juventude.
Eu estudava em Pelotas, no chamado 2° Grau, e, no fervor dos meus dezessete anos, não perdia nenhuma festa, razão pela qual terminava todas as madrugadas de sexta-feira na famosa “Boate do Direito”.
A minha parceria, toda ela de sujeitos mais velhos – o Neneco Silveira, o Emerson Flôor, o Zéca do Valentim, o Darci do Lino, o Nadir da Top Set -, morava na casa do meu pai, na Rua Anchieta, bem em frente ao Colégio Santa Margarida. A gente costumava vir de Pelotas até o Arroio Grande quase todos os finais de semana, pegando carona em razão da “peladura”. Às vezes, porém, a viagem era de trem, e essa era a mais divertida de todas as viagens que se podia fazer.
Eu saía direto da boate do Direito, sem dormir, é óbvio, e rumava com a turma para a Estação do Simões Lopes.
O trem costumava partir às 6 da manhã e demorava cerca de hora e meia até chegar em Pedro Osório, passando antes pelas Estações do Passo das Pedras e do Cerrito; depois, seguia para Bagé. Era a famosa “Maria Fumaça” da canção do Kleiton e do Kledir, que nos levava até o Hotel do Tio Willy, em Pedro Osório, onde trocávamos a música cantada pelo Zéca por pastel e cerveja, até partirmos para a BR em busca de uma carona para o Arroio Grande. Depois, eu ainda seguiria até Jaguarão, a fim de namorar as gurias na Boate do Harmonia, e assistir, já no domingo, às intermináveis “embaixadas” do Mário Franco, na Praça Alcides Marques.
As histórias desse tempo são tantas que não cabem numa única crônica, que o diga o Darci do Lino, o mais divertido parceiro de viagem que conheci, e que, junto com alguns outros companheiros dessa mesma época, pode contar sobre o que já não existe mais: nós viajamos de trem e nunca houve melhor viagem para se fazer por aqui.
Na primeira vez, o meu pai inventou vir de automóvel do Hermenegildo para o Arroio Grande, “por dentro” do Uruguay, saindo pelo Chuy, até que perto de uma cidadezinha chamada Jose Pedro Varella, próximo a Treinta y Tres, o carro - uma Chevrolet cabine dupla -, estragou feio, tendo que ficar para conserto numa oficina castelhana. Isso acabou proporcionando à família viajar de trem por quase 200 quilômetros pelo interior do Uruguai, até o destino final no Rio Branco, fronteira com Jaguarão.
O que mais lembro dessa primeira vez, na molecagem dos meus dez anos, era do vaso sanitário do banheiro do trem, completamente “sem fundos”, o que permitia fazer xixi em meio aos trilhos, num interminável esgoto a céu aberto. Eu nunca vi isso em lugar nenhum, mas juro que naquele trem que nos trouxe de “Barella” até o Rio Branco era assim, o que muito divertia a gurizada e chocava os adultos, pois que contrário aos hábitos de higiene e de saúde, ainda mais em um país como o Uruguai - “a Suíça da América” à época.
Cerca de duas décadas depois, eu haveria de viajar de trem por diversos países da Europa – Portugal, Espanha, França, Itália... -, mas isso já em veículos e ferrovias com uma estrutura que nunca chegou à América do Sul.
A minha viagem inesquecível de trem, porém, deu-se em meio a esses dois períodos – o do Uruguai e o da Europa – e ocorreu no início da minha juventude.
Eu estudava em Pelotas, no chamado 2° Grau, e, no fervor dos meus dezessete anos, não perdia nenhuma festa, razão pela qual terminava todas as madrugadas de sexta-feira na famosa “Boate do Direito”.
A minha parceria, toda ela de sujeitos mais velhos – o Neneco Silveira, o Emerson Flôor, o Zéca do Valentim, o Darci do Lino, o Nadir da Top Set -, morava na casa do meu pai, na Rua Anchieta, bem em frente ao Colégio Santa Margarida. A gente costumava vir de Pelotas até o Arroio Grande quase todos os finais de semana, pegando carona em razão da “peladura”. Às vezes, porém, a viagem era de trem, e essa era a mais divertida de todas as viagens que se podia fazer.
Eu saía direto da boate do Direito, sem dormir, é óbvio, e rumava com a turma para a Estação do Simões Lopes.
O trem costumava partir às 6 da manhã e demorava cerca de hora e meia até chegar em Pedro Osório, passando antes pelas Estações do Passo das Pedras e do Cerrito; depois, seguia para Bagé. Era a famosa “Maria Fumaça” da canção do Kleiton e do Kledir, que nos levava até o Hotel do Tio Willy, em Pedro Osório, onde trocávamos a música cantada pelo Zéca por pastel e cerveja, até partirmos para a BR em busca de uma carona para o Arroio Grande. Depois, eu ainda seguiria até Jaguarão, a fim de namorar as gurias na Boate do Harmonia, e assistir, já no domingo, às intermináveis “embaixadas” do Mário Franco, na Praça Alcides Marques.
As histórias desse tempo são tantas que não cabem numa única crônica, que o diga o Darci do Lino, o mais divertido parceiro de viagem que conheci, e que, junto com alguns outros companheiros dessa mesma época, pode contar sobre o que já não existe mais: nós viajamos de trem e nunca houve melhor viagem para se fazer por aqui.
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