Esquina Máximo Pereira c/Júlio de Castilhos - Bar do Dovinha
Em seguida à minha formatura, na metade da década de 80, retornei para o Arroio Grande para decidir o que fazer, da profissão e da vida. Não foi fácil. De repente, a Faculdade termina e a gente deixa de conviver com aquele ambiente efervescente – o aprendizado, as rodas de discussões, as festas, as gurias... – e, aos vinte e poucos anos, fica assim “meio perdido”, relutando em deixar uma vida que, decididamente, é a melhor de todas.
Pois aconteceu comigo, como acontece com quase todos. No meu caso, depois de estudar fora por duas décadas, eu, aos 23 anos de idade, estava de volta ao Arroio Grande. Não foi fácil, não foi bom, como se tornaria mais tarde voltar a viver por aqui.
Então, eu encontrei na parceria com o Donga alguma motivação, e lá fomos nós, em plenos anos 80, encontrar o que fazer nesta cidade: pintar quadros, escrever textos, colaborar com os jornais e freqüentar bares, muitos bares, aqui e por toda a região.
Do Herval à Praia do Hermenegildo, de São Lourenço à Cuchilha, no Uruguay, a nossa vida era um bar aberto, e nos permitíamos sonhar e prolongar um pouco mais a juventude.
Em Arroio Grande, então, fazíamos um roteiro barsístico invejável, que incluía, além da indefectível Top Set, também o Bar do Tino, o Mostardão, o Bar do Bibico, e - o começo de tudo - o aperitivo no Bar dos Esportes, também chamado de Bar do Dovinha.
Pois ali, na esquina da Máximo Pereira com a Júlio de Castilhos, se reunia, a cerca de 20 anos, uma turma considerável, que discutia de tudo – futebol, política, pescarias e sobre questões bizarras e improváveis, como, por exemplo, quanto a veracidade de certos acontecimentos do universo. Não tenho bem certeza, mas acho que ali é que foi lançada à dúvida sobre o homem ter ou não pisado na Lua, sobre a Revolução Russa também, idem para o suicídio de Getúlio e outros fatos que marcaram a história.
O Donga era o mediador e, não raro, vinha de casa com alguma enciclopédia debaixo do braço (na época não havia internet), para dirimir questões da véspera, ou mesmo de longa data, já que era comum as dúvidas persistirem por um bom tempo, prolongando a cizânia entre os freqüentadores do bar.
Ao lado de tudo isso, detrás do balcão, olhos e ouvidos atentos, mas irretocável na discrição, a figura paternal, respeitosa e amiga de Aldrovando Horner, o Seu Dovinha, de quem seria possível dizer muito.
Pois o Seu Dovinha nos deixou recentemente e, tal qual os velhos tempos do Bar dos Esportes, vai ficar como uma lembrança inesquecível de uma época boa desta cidade.
Para mim, particularmente, que tenho agora os cabelos esbranquiçados, que já não sonho como aos vinte e poucos anos, que freqüento bem menos bares do que gostaria, resta, na partida do Seu Dovinha, além da perda de um amigo, de uma figura irretocável, de um cidadão de bem, a certeza da partida também da minha mocidade, e de que a minha juventude se foi, definitivamente.
Em seguida à minha formatura, na metade da década de 80, retornei para o Arroio Grande para decidir o que fazer, da profissão e da vida. Não foi fácil. De repente, a Faculdade termina e a gente deixa de conviver com aquele ambiente efervescente – o aprendizado, as rodas de discussões, as festas, as gurias... – e, aos vinte e poucos anos, fica assim “meio perdido”, relutando em deixar uma vida que, decididamente, é a melhor de todas.
Pois aconteceu comigo, como acontece com quase todos. No meu caso, depois de estudar fora por duas décadas, eu, aos 23 anos de idade, estava de volta ao Arroio Grande. Não foi fácil, não foi bom, como se tornaria mais tarde voltar a viver por aqui.
Então, eu encontrei na parceria com o Donga alguma motivação, e lá fomos nós, em plenos anos 80, encontrar o que fazer nesta cidade: pintar quadros, escrever textos, colaborar com os jornais e freqüentar bares, muitos bares, aqui e por toda a região.
Do Herval à Praia do Hermenegildo, de São Lourenço à Cuchilha, no Uruguay, a nossa vida era um bar aberto, e nos permitíamos sonhar e prolongar um pouco mais a juventude.
Em Arroio Grande, então, fazíamos um roteiro barsístico invejável, que incluía, além da indefectível Top Set, também o Bar do Tino, o Mostardão, o Bar do Bibico, e - o começo de tudo - o aperitivo no Bar dos Esportes, também chamado de Bar do Dovinha.
Pois ali, na esquina da Máximo Pereira com a Júlio de Castilhos, se reunia, a cerca de 20 anos, uma turma considerável, que discutia de tudo – futebol, política, pescarias e sobre questões bizarras e improváveis, como, por exemplo, quanto a veracidade de certos acontecimentos do universo. Não tenho bem certeza, mas acho que ali é que foi lançada à dúvida sobre o homem ter ou não pisado na Lua, sobre a Revolução Russa também, idem para o suicídio de Getúlio e outros fatos que marcaram a história.
O Donga era o mediador e, não raro, vinha de casa com alguma enciclopédia debaixo do braço (na época não havia internet), para dirimir questões da véspera, ou mesmo de longa data, já que era comum as dúvidas persistirem por um bom tempo, prolongando a cizânia entre os freqüentadores do bar.
Ao lado de tudo isso, detrás do balcão, olhos e ouvidos atentos, mas irretocável na discrição, a figura paternal, respeitosa e amiga de Aldrovando Horner, o Seu Dovinha, de quem seria possível dizer muito.
Pois o Seu Dovinha nos deixou recentemente e, tal qual os velhos tempos do Bar dos Esportes, vai ficar como uma lembrança inesquecível de uma época boa desta cidade.
Para mim, particularmente, que tenho agora os cabelos esbranquiçados, que já não sonho como aos vinte e poucos anos, que freqüento bem menos bares do que gostaria, resta, na partida do Seu Dovinha, além da perda de um amigo, de uma figura irretocável, de um cidadão de bem, a certeza da partida também da minha mocidade, e de que a minha juventude se foi, definitivamente.
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