Em pleno maio, mês dos noivos, lembrei de uma frase sobre um filme, cujo título não recordo bem, onde a atriz, referindo-se a sua personagem, diz mais ou menos assim: “É uma história que se passa no Sul, lá os casamentos não são bons, os homens são maus maridos e as mulheres fingem que está tudo bem...”.
O filme é americano, mas a definição da atriz-personagem me chamou a atenção porque parece tratar de uma “queixa” comum também aqui ao nosso Sul. Quem, ao menos uma vez, já não ouviu falar a respeito?
Mas será realmente que os casamentos do Sul não são bons para o sexo feminino? Serão os casamentos do Sul “diferentes” para as mulheres do Norte ou do Centro do País? A “estética do frio” fará diferença, para pior, nas relações entre casais? Os longos e tenebrosos invernos que nos acometem terão o efeito contrário que deles se espera; ao invés de aproximar, afastam? Ou será que o frio aproxima tanto que aperta, aperta tanto que oprime?...
Não sei, mas tal dilema lembra um conto do Borges, não por acaso intitulado “O Sul”, onde o personagem principal, um “candidato” a gaucho, imagina viver num lugar, a Campanha, onde realizaria todos os seus sonhos. No final, o homem, desafiado por um jovem bêbado para um duelo - que não podia aceitar porque não tinha qualquer habilidade com as armas - acaba se vendo com um punhal na mão, sem nem saber o que fazer. Daí...
A nossa índole de sulistas é exatamente assim. Achamos realmente que devemos aceitar todos os desafios, pensamos que ser “do Sul” é garantia de força, de valentia, de coragem, e consideramos que somos mais “Homens” por causa disso.
Em conseqüência, mesmo que nunca tenhamos segurado num punhal jamais nos recusamos a duelar, nem bem pegamos as cartas e já pensamos em gritar “retruco”, nem sabemos o que as nossas mulheres querem, mas afirmamos que somos bons amantes, bons maridos, bons homens...
O sulista, mais do que valente é fanfarrão, e não aceita que duvidem da sua palavra mesmo quando mente de forma descarada. Somos na verdade canastrões, uns artistas, de primeira ou de quinta, dependendo do ângulo.
“Garganteamos” o que acreditamos ser: bons de arma, bons nas cartas, bons de cama, bons em tudo, e ai de quem se atreva a duvidar.
O filme é americano, mas a definição da atriz-personagem me chamou a atenção porque parece tratar de uma “queixa” comum também aqui ao nosso Sul. Quem, ao menos uma vez, já não ouviu falar a respeito?
Mas será realmente que os casamentos do Sul não são bons para o sexo feminino? Serão os casamentos do Sul “diferentes” para as mulheres do Norte ou do Centro do País? A “estética do frio” fará diferença, para pior, nas relações entre casais? Os longos e tenebrosos invernos que nos acometem terão o efeito contrário que deles se espera; ao invés de aproximar, afastam? Ou será que o frio aproxima tanto que aperta, aperta tanto que oprime?...
Não sei, mas tal dilema lembra um conto do Borges, não por acaso intitulado “O Sul”, onde o personagem principal, um “candidato” a gaucho, imagina viver num lugar, a Campanha, onde realizaria todos os seus sonhos. No final, o homem, desafiado por um jovem bêbado para um duelo - que não podia aceitar porque não tinha qualquer habilidade com as armas - acaba se vendo com um punhal na mão, sem nem saber o que fazer. Daí...
A nossa índole de sulistas é exatamente assim. Achamos realmente que devemos aceitar todos os desafios, pensamos que ser “do Sul” é garantia de força, de valentia, de coragem, e consideramos que somos mais “Homens” por causa disso.
Em conseqüência, mesmo que nunca tenhamos segurado num punhal jamais nos recusamos a duelar, nem bem pegamos as cartas e já pensamos em gritar “retruco”, nem sabemos o que as nossas mulheres querem, mas afirmamos que somos bons amantes, bons maridos, bons homens...
O sulista, mais do que valente é fanfarrão, e não aceita que duvidem da sua palavra mesmo quando mente de forma descarada. Somos na verdade canastrões, uns artistas, de primeira ou de quinta, dependendo do ângulo.
“Garganteamos” o que acreditamos ser: bons de arma, bons nas cartas, bons de cama, bons em tudo, e ai de quem se atreva a duvidar.
Por isso, talvez, nossas mulheres pensem diferente e finjam que está tudo bem, embora no fundo vivam repetindo umas pras outras: “aqui no Sul os casamentos não são bons, aqui no Sul os casamentos não são bons...”.
Já nós, homens, pelo contrário não fingimos. Acreditamos de verdade que somos bons, no papel de machos que a vida nos reservou: futebol, cartas e carreiras; noitadas, bebidas e mulheres, ah, e uma boa briga sempre que possível.
Já nós, homens, pelo contrário não fingimos. Acreditamos de verdade que somos bons, no papel de machos que a vida nos reservou: futebol, cartas e carreiras; noitadas, bebidas e mulheres, ah, e uma boa briga sempre que possível.
Como péssimos atores, somos também péssimos leitores de nós mesmos e pensamos que realmente temos tudo o que um “Homem” deve ter.
Só nos falta a autocrítica.
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