Quem vê o trabalho de caras como o José Junior, do grupo
Afroreggae, do MV Bill, e de outros nomes que lutam do lado dos chamados “excluídos” de sociedade, acaba sentindo vergonha do comportamento
burguês-egoísta que caracterizam gente como eu e tantos que me lêem agora, e da postura assistencialista de políticos, de pastores e de empresários, que vivem prestando pequenas ajudas ao “povo” sempre com a intenção de trocar tais favores pelo voto, pelo dízimo ou pelo abatimento no imposto de renda, o que não é o mesmo mas é igual.
Trabalhar junto às comunidades desassistidas, lá onde o Poder Público não consegue chegar, naqueles lugares onde a esperança passa longe, para - através da educação, da arte e do ensinamento de ofícios - tentar retirar pessoas da indignidade, deveria ser uma obrigação de todos, evitando assim à incerteza, o abandono e a marginalidade.
Pois esse trabalho, que existe por necessidade nos grandes centros, dá vergonha daquilo que a gente não faz por aqui, onde as “preocupações” políticas e sociais geralmente não passam de futricas de
cumadres, isto quando não beiram a
bobageira total e se confundem com as birrinhas políticas que a cidade vive alegremente, dia e noite, semana a semana...
Ah, o prefeito ta gordo, xi, a secretaria foi à festa, ah, o vereador
x falou que o vereador
y..., e tome bobagens enquanto o povo se f... e nós na esquina discutindo veleidades, e dando as costas para os reais problemas da vida, sem nada fazer para ajudar na solução de coisa nenhuma.
Existem exceções, é verdade, como o trabalho que o pessoal de alguns Bairros e Vilas ta fazendo aqui em Arroio Grande, além de projetos como o do
Sidatta, e da doação já antiga da Ana e do Gaspar, entre outros, e que, acima do assistencialismo barato, tem por objetivo a cidadania, algo tão comum no discurso, mas dificílimo na prática.
Pois essas pessoas e essas comunidades estão sempre precisando de auxílio, de uma participação que especialmente nós - da
pequena-burguesia-de-bunda-sentada-da-cidade - ainda podemos prestar, fazendo um movimento real que possa sacudir um pouco este lugar, trazendo motivação às pessoas, nos desviando, enfim, do comentário estéril e da discussão inútil que pautam o nosso dia-a-dia.
E isto depende um pouquinho de cada um: do poder público, das associações, dos empresários, dos ‘periodistas’, dos educadores, dos desportistas e dos artistas da cidade, entre tantos outros que podem iniciar uma
movida arroio-grandense que venha a fazer algo realmente por todos neste lugar, mas principalmente por aqueles que mais precisam de quem faça por eles.
Com a participação também de todos, isso se torna bem menos difícil, e poderia fazer da nossa “comunidade” (já repararam como esta é a palavra mais usada por aqui?), um lugar realmente fraterno e solidário, e, por conseqüência, mais agradável pra gente viver.
Eu, por exemplo, estou me oferecendo há tempos...