sexta-feira, 13 de novembro de 2009

PEDRO - O PAI

Para melhor compreensão leia na ordem - A Série tem início com a postagem de 11/11 (abaixo)
- Pedro Jaime; Pedro Jaime Jr. e Pedro Jaime Neto (o Pedrinho) -
O meu pai se chamava Pedro. Pedro Jaime. O nome Pedro foi uma homenagem ao avô paterno, Pedro Vitancurt, nascido em Índia Muerta, lugarejo de Rocha, interior do Uruguai. O Jaime veio do avô materno, Jayme Ramis, um filho de espanhóis, de Sineo, cidadezinha de Mallorca, uma das Ilhas Baleares, Espanha.
O meu pai se chamava Pedro, igual ao “Vovô Pedro”, como ele costumava se referir ao avô. Eu também me chamo Pedro, o meu sobrinho “Pedrinho” se chama Pedro e o meu filho Pedro Gabriel é, obviamente, Pedro também.
O meu pai nasceu num dia 17 de novembro e fez 72 aniversários até o ano de 2005. Uma ocasião, num dos seus aniversários, ele recebeu um cartão, acho que da Maria Goreti, que dizia mais ou menos assim: - “Ao Dr. Pedro, o homem mais interessante que conheci”. O meu pai, o Pedro, era advogado - por isso o “Doutor” - e era realmente um sujeito muito interessante.
Para definir o meu pai, alguém, que eu não consigo lembrar quem, costumava se utilizar de um conceito complicado, mas que tinha a idéia de ser engrandecedor. – “Pedro Jaime, o homem que encanta as mulheres e encanta os homens também!”.
Eu não sei se isso era bem verdade, acho até que não, por uma questão lógica, de silogismo puro. É que, normalmente, quem encanta as mulheres acaba por atrair certa inveja dos homens; logo, se o Pedro encantava as mulheres, não podia encantar os homens também. Ou podia?
Ademais, o meu pai era bastante irreverente, o que atraia muitas reações contrárias, logo não deveria ser tão encantador assim. Ou era?
Na verdade, eu sempre achei o meu pai um provocador, que gostava de afrontar. O Sérgio Canhada costuma dizer que eu afronto muito mais do que ele, porque digo o que penso, escrevo o que penso e me comporto de acordo com o que penso, se é que penso o que penso.
Eu não concordo muito com o Sérgio, não, aliás não concordo nada, embora concorde com ele em algumas outras coisas. Mas lembro, por exemplo, de uma ocasião em que o meu pai passeou uma tarde inteirinha, no táxi do Duca, com o carro cheio de Chinas, e ele tomando cervejas e atirando as latinhas pela janela do Opala, em plena luz do dia, bem no Centro da cidade. Isso é provocação, isso é afronta, e eu não recordo de ter feito algo parecido, ao menos com profissionais...
Mas esse era um pouco o estilo do meu pai, meio “sem modos”, como costumava dizer dele o Camarão.
O meu pai se chamava Pedro – Pedro Jaime – e era interessante e encantador, e irreverente e provocador, e absolutamente envolvente.
Pedros com esse perfil existem vários, assim como são muitos os Pedros na família, embora a maioria deles talvez não deva ser tão interessante assim. Eu me chamo Pedro, o meu sobrinho é Pedro, meu filho é Pedro e o Vovô Pedro era, obviamente, Pedro também.
Mas pai mesmo eu só tive um, e ele deveria estar fazendo outro aniversário neste 17 de novembro...
O meu pai se chamava Pedro. Pedro Jaime.
E eu sinto uma saudade boa, intensa, maravilhosa; uma saudade interessante, do interessante homem que foi o Pedro - meu Pai.

- Pedro Gabriel E. Bittencourt -

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