sexta-feira, 11 de julho de 2008

MUITO ALÉM DO POMELO

Eu tenho um amigo que se chama Leo. É um menino ainda, tem pouco mais de seis anos de idade, mas é muito meu amigo. Dia desses, quando eu chegava no escritório, o Leo me viu e veio correndo: - Ô tchê, ô meu amigo! – gritou, e abriu um sorriso enorme, franco, com os seus grandes olhos preenchendo completamente o rosto redondo.
Eu conheci o garoto no último verão, na Praia do Hermenegildo. Lá, o Leo ganhou um apelido - ou se auto-apelidou, não lembro direito -: “assassino de pomelo”. A brincadeira tinha, obviamente, uma justificativa. O Pomelo é uma bebida uruguaia, feita de uma fruta ácida, mas que, bem gelada, é ótima para a sede nos calores do verão. Pois o Leo pegava o seu copo de Pomelo e entornava, todinho; em seguida, lambia o lábio, escancarava aquele sorriso que só ele tem, e dizia, com o ar mais terrível do mundo: - Bota mais um pouco que isso é bom mesmo, é muuuito bom! – repetia, carregando no ‘u’ pra não deixar dúvida, enquanto a gente se dobrava de rir da cara “sem-vergonha” dele, e servia outro copo e depois outro, pra ele “matar” de vez o Pomelo, justificando o apelido.
Espertíssimo, o Leo sabia que nós aguardávamos pelo seu show particular diariamente e valorizava bastante a sua arte de “liquidar pomelos”.
Quando eu voltei do Hermena, bem depois de o Leo já haver retornado, trouxe algumas garrafas de Pomelo que deixei com os seus pais na casa da família, ali na Dr. Dionísio. Ao chegar da rua e saber do presente, o menino, na certa recordando da promessa que eu havia feito, escancarou mais uma vez o seu largo sorriso e exclamou: - Puxa, ele se lembrou, ele é meu amigo mesmo!
Pois o Leo, o meu amigo, é um menino forte e saudável, tem pai e mãe que trabalham e vive a sua infância de criança feliz.
O Leo não sabe ainda de política, não sabe direito de educação, de saúde, de segurança, de tudo que o Estado Brasileiro tem a obrigação de fornecer a ele e a todas as crianças, do país inteiro. É um menino apenas e não deve sequer saber que em outubro tem eleição para prefeito aqui em Arroio Grande.
Mas o que ele não sabe, os nossos candidatos a prefeito – o Jorginho, o Chaleira e o Mário – devem saber. Devem saber, por exemplo, que a nossa cidade - principalmente nos bairros, nas vilas, na periferia pobre - está cheia de crianças que precisam mais do Estado, que precisam mais do Prefeito, que necessitam que se trabalhe mais e mais por elas.
Por isso, Senhores Candidatos, antes dos apadrinhamentos políticos, das “chacrinhas de cumpadres”, da fartura do cargo; antes das vantagens pessoais, do proveito próprio, da riqueza individual; pensem primeiro na velhice abandonada, nos adultos desestimulados, nos jovens desempregados, na infância necessitada. Pensem nos milhares de Leos, de Joãos e de Marias que formam uma população que ainda precisa ter alguma esperança na classe política.
Pensem, portanto, além do foguetório e das carreatas, além do uísque da comemoração, além da simples eleição; pensem além, muito além do pomelo...

2 comentários:

Eduardo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedro Jaime Bittencourt Junior disse...

Eduardo.
Legal a tua participação aqui no blog.
O que o Pedro (meu pai) escreveu foi sobre o futebol do Arroio Grande; não especificamente sobre o Caturrita.
O texto é do final dos anos 60 e ele fala sobre os jogadores que atuaram naquela década e na anterior; alguns já tinham até parado e outros estavam por parar de jogar.
São nomes históricos do futebol da cidade, muitos do Caturrita, como Ceceu, Cazinho, Arlem, Macksoud, Naiter, Casquinha, Dante, etc... Outros são do Sacy e alguns jogaram nos dois times da cidade.
Pretendo ler a crônica no Programa do Silvinho, na Difusora - sexta, dia dezoito de julho - e publicá-la na "Evolução" e aqui na página na mesma data, como uma homenagem ao "Dia do Futebol", que se comemora no sábado, 19 de julho.
Um abraço.