sábado, 19 de julho de 2008

FUTEBOL - PAIXÃO E ARTE*

(Pedro Jaime Bittencourt)

Paixão e arte, alegria e sofrimento, o futebol se encontra em todo o mundo, na esperança e nos sonhos de milhões e milhões de pessoas.
Das grandes cidades às pequenas aldeias, dos vilarejos à solidão da campanha, há sempre um retângulo verde, onde a bola corre, se eleva sobre a terra, traça cálculos mágicos e trajetórias caprichosas.
As multidões se agitam, os corações batem com tamanha força que às vezes ameaçam explodir no peito.
Lágrimas e sorrisos, mãos que nervosamente se contorcem, corpos que sentam e levantam acompanhando a bola, até que, repentinamente, como numa explosão incontida, o grito de gol se levanta para o céu.
Os jovens atiram os corpos sadios para o ar; os velhos subitamente reencontram as crianças que um dia foram; as mulheres se iluminam de uma graça nova, uma beleza definitiva e contagiante.
O futebol é semelhante à vida; o tempo escorrega sobre ele, passam os anos e as gerações se sucedem, partem os antigos jogadores, chegam os novos, e o futebol sempre jovem permanece.
Nós temos homenageado aqui, neste espaço, os heróis do passado; temos reverenciado a memória e a lembrança dos que escreveram inesquecíveis páginas na história do nosso futebol.
Muitos ainda se encontram entre nós, fazem parte do nosso dia-a-dia – convivem com a gente. Outros, porém, já se foram; partiram, decerto, rumo a um dos tantos retângulos verdes que devem existir disseminados no infinito...
Aqui, lembramos à clássica elegância de um Duarte; o escanteio mortal do Ari; a genialidade de um Gita; o futebol descontraído e plástico de um Agapito; a presença decisiva do Martim; a combatividade ferrenha do Xirú; a pertinácia do Tritri; os vôos heróicos do Ceceu; a intelectualidade de um Sérgio Papagaio; a força do Casinha; o arrojo do Arlem - “o Leão dos Eucaliptos” -; a precisão de um Dante; os malabarismos do Silveira; o chute do Vinícius; a visão do Jesus Lúcio; o comando do Ivo – e, enfim, as proezas heróicas de todos os que fizeram do futebol de Arroio Grande esse espetáculo lindo, inesquecível e eterno que todos nós reverenciamos.
Hoje, porém, a nossa homenagem não se dirige a um jogador isolado, mas a todos eles. Aos que ainda agora levantam as torcidas em nossas praças de esporte, fazendo a festa dos estádios; e também àqueles cuja visão encoberta pelo tempo nos chega do fundo do passado, trazendo, luminoso e feliz, um grito de gol que não termina nunca.

(*) O poeta Pedro Jaime Bittencourt foi também cronista e comentarista de futebol em Arroio Grande - no final da década de 60 e início dos anos 70. Na época escreveu esta crônica, aqui revivida em homenagem ao 19 de julho - Dia Nacional do Futebol.

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