sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

SUBSTITUIÇÃO

Essa história de um time jogar com os titulares ou com os reservas traz a tona uma questão nem sempre bem resolvida no futebol, que é a substituição dos jogadores no decorrer das partidas. A troca, ainda que normal no futebol, sempre traz certa controvérsia, gerando dúvidas e alguma insatisfação.
Aqui no Arroio Grande correm inúmeras histórias de substituições de jogadores; eu vou relatar duas, conhecidas dos boleiros pelo folclórico da situação.
Uma ocasião, nos anos 70, o Arroio Grande jogava em Santa Vitória do Palmar contra o Rio Branco daquela cidade. O Gita era o treinador e, pela ausência do titular, acabou escalando o Paulo Fernando, o popular “Caminhão”, como lateral-direito do time. O Caminhão era um glorioso centro-médio, à moda antiga, de enorme vitalidade; à época, porém, estava recém começando e era reserva do time.
A cada vez que o Arroio Grande saía para o ataque, o Gita, aos gritos, pedia para o Caminhão avançar: - Caminhão, vai, vai que tem um corredor à tua frente... Ao que o Caminhão respondia: - Calma hômi, calma que eu não to na minha (afinal, era meio-campista improvisado na lateral...). Meia hora de jogo, a situação se repetindo e o Gita gritando: “Vai, vai...”, e o Caminhão respondendo: - Calma hômi, que eu não to na minha... Pois o Gita não esperou muito, casmurríssimo, mandou outro jogador aquecer e substituiu o Caminhão no finzinho do primeiro tempo.
Quando se cruzaram, o Caminhão saindo e o Gita na lateral do campo, o jogador protestou: - Pô, hômi, tu não tem paciência, tu sabe que eu não to na minha. Ao que o técnico rebateu: - Ah, é? Pois agora tu vais voltar ‘pra tua’; senta ali no banco de reservas, senta que ali é o teu lugar. E liquidou a questão, voltando a se concentrar no jogo.
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Uma outra substituição “famosa” aconteceu com o Internacional, quando jogava em Camaquã contra o Guarani local. Com o time perdendo, o técnico Osvaldo resolveu mexer no ataque e mandou o “Mosquinha” aquecer.
Conta o Mosca que enquanto corria pela lateral ouvia da torcida caturrita palavras de estímulo para entrar em campo. - Vai, Mosca, pra cima deles! Vai lá, mete gol! ‘Vamu’ empatar esse jogo! - incentivavam. E o Mosquinha ali, se preparando feito um leão, com fome de bola, pronto para arrasar em campo. Então, o técnico aguardou mais alguns minutos e, cansado das oportunidades que o time desperdiçava, virou para o banco e decidiu: - Não dá mais para esperar, vai ser agora, vou tirar um atacante! Ato contínuo, olhou para os reservas e, pondo fim às expectativas do Mosca que já não aguentava mais aquecer, chamou o ponteiro Veiga - o Veiguinha - para entrar, “rápido e bem aberto na ponta esquerda...”.
O Mosquinha sentou novamente no banco e até hoje escuta certos torcedores jurarem que ele virava aquele jogo...
Gita, quando era ainda jogador, no Maracanã, em partida contra o Flamengo, no ano de 1950. No meio, entre Gita e Geada, o ex-gremista Hermes, se despedindo do Clube gaúcho e vestindo pela primeira vez a camiseta do rubro negro carioca.

2 comentários:

fabio ferreira feijo disse...

este e meu vo wilson um homen de carater .

Pedro Jaime Bittencourt Junior disse...

O teu avô, Fábio, que escreveu o poema lá de cima - "Fatalidade" - em homenagem à morte do Salvador Soares, costumava publicar escritos e versos nos jornais locais; tenho alguns desses textos e, na medida do possível, vou postando por aqui.
Essa veia poética da família foi também muito bem representada por um dos filhos do Wilson - o Adylson Feíjó, meu amigo pessoal, figura extraordinária que, aliás, ilustra a postagem atual desde blog (Confraria, post de 17/11/2011). Dá uma conferida por lá e vê o velho "surdo" de guerra nos acompanhando no Hermena, uma paixão de todos nós.
Grande abraço.