Estando em Buenos Aires, onde fui levar o meu filho Pedro Gabriel para assistir ao show da banda australiana de rock AC/DC (quem acreditaria se eu contasse que ia fazer isso, um dia...), lembrei da discussão provocada pelo livro do Schlee - Os Limites do Impossível, Contos Gardelianos - centrado na polêmica do local de nascimento de Carlos Gardel, e trazendo a lume os personagens que fizeram parte dessa história, na versão do escritor jaguarense de que o cantante teria nasscido em Tacuarembó, Uruguay, pelo que procurei também alguma coisa sobre o Gardel, e, entre tantas obras, escolhi uma baratinha, produzida pelo grupo do conhecido periódico La Nacion, de uma série intitulada Protagonistas de la cultura argentina, editada em 2006.
(*) Morocho vem do castelhano "moreno", embora alguns utilizem a expressão (indevidamente) também para "rapaz", ou "jovem" (tal deve ocorrer porque a definição de morocha vem quase sempre acompanhada do "rapariga" antes de "morena", daí a confusão, imagino).
Logo no início do livro - Carlos Gardel, El Morocho del Abasto(*) - vem à tona a questão do nascimento e a posição da editora argentina é a de que Gardel nasceu em... Toulouse, França, a outra hipótese aventada e discutida desde a morte do ídolo do tango ocorrida em 1935.
Para a questão do passaporte de Gardel (onde consta: nascimento em Tacuarembó, Uruguay), o livro traz a hipótese de que o documento teria sido "facilitado" (eufemismo para falsificado) por um funcionário uruguaio, com vinculações com Buenos Aires, para facultar as viagens de Gardel ao exterior, já que o cantor não teria como obter passaporte no seu país de origem (no caso, a França), em razão de ser militarmente "insubmisso" (acho que é esse o termo), pelo fato de Gardel não haver lutado "bajo bandera" durante a Primeira Guerra Mundial.
Já para afirmar que Gardel era francês, os editores se utilizam do Testamento do cantor, onde este diz, já no início das suas 'disposições de última vontade': "primero soy francés nacido en Toulouse - el dia 11 de Diciembre de 1890 y soy hijo de Bertha Gardes..." (cfe. reprodução abaixo).
Como se vê é longa (e talvez interminável) a discussão sobre o local de nascimento de Carlos Gardel, o extraordinário mito do tango argentino e mundial.
(*) Morocho vem do castelhano "moreno", embora alguns utilizem a expressão (indevidamente) também para "rapaz", ou "jovem" (tal deve ocorrer porque a definição de morocha vem quase sempre acompanhada do "rapariga" antes de "morena", daí a confusão, imagino).
Já Abasto é um bairro de Buenos Aires, onde Gardel foi criado. No bairro existe hoje o Museu Carlos Gardel, e a estação de Subte (metrô) Carlos Gardel (linha "B"), onde se desce bem em frente ao moderno Shopping Abasto, com sua praça de alimentação pasteurizada e suas franquias internacionais.
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