terça-feira, 15 de dezembro de 2009

JAGUARÃO

Estando em Jaguarão no último fim de semana, pude apreciar (e com certa calma, desta vez) toda a beleza da arquitetura da “Cidade Heróica”, que foi, em certo período, a “pátria mãe” do Arroio Grande, em razão deste ter pertencido como distrito àquela, elevada a freguesia primeiro, isto é em 1812, e, posteriormente, à categoria de cidade, com a denominação de Vila do Espírito Santo de Jaguarão.
Aliás, a diferença de mais de 40 anos entre a elevação à Vila de uma e de outra localidade – Jaguarão em 1832 e Arroio Grande apenas em 1873 – deve-se em muito a decisão do Bispo do Rio de Janeiro, Dom José Caetano da Silva Coutinho, cuja jurisdição eclesiástica se estendia até o sul do Brasil, que propôs ao Príncipe Regente a criação da futura freguesia de Jaguarão, mesmo quando tinham sido os moradores de Arroio Grande que haviam dirigido petição a Dom João pleiteando tal distinção.
Em documento datado de 17 de junho de 1811, conhece-se da decisão do titular da diocese da capital do império, conforme referência do historiador Sérgio da Costa Franco, na sua conceituada obra Origens de Jaguarão (UCS – 1980).

“Proponho, em terceiro lugar para nova Freguesia todo o destricto do Sul do Arroio Grande, e compreendido entre a Lagoa Merim, o Rio Jaguarão, a Fronteira Hespanhola...
E havendo de dar o Assento da Igreja Paroquial no logar mais acomodado às circunstâncias, parece-me que deva ser a Capella denominada a Guarda da Lagoa, e não o oratório da Fazenda de Manoel Jerônimo, como dizem...”.

(op. cit. P. 45, mantida a grafia original)

A proposta da autoridade eclesiástica surtiria efeitos rapidamente, pois já em 1812, através da Resolução Régia de 31 de janeiro, Dom João criaria a Freguesia que viria a se chamar de Jaguarão, sendo que, posteriormente seria criada também a nossa Freguesia de Nossa Senhora da Graça do Arroio Grande, permanecendo como 2° Distrito de Jaguarão.
De lá para cá, a cidade fronteiriça, que iniciou o seu povoamento exatamente como um acampamento militar às margens do Rio Jaguarão, em 1802, se destacaria como ponto estratégico do sul do país, com participações importantes na defesa dos limites das terras luso-brasileiras, como, por exemplo, no histórico episódio de 27 de janeiro de 1865 (que deu nome à Avenida mais central de Jaguarão), quando uma pequena força da Guarda Nacional resistiu, durante 48 horas, a uma tentativa de invasão do território brasileiro por mais de 1,5 mil “blancos” do exército castelhano, o que se transformou em verdadeiro marco de heroísmo e de resistência dos cidadãos jaguarenses na defesa da sua cidade e da própria fronteira pátria.
Por tudo, a quem vai simplesmente fazer compras nos free-shops do Rio Branco, vale a pena dar uma (boa) parada em Jaguarão - a “cidade heróica” -, e experimentar um pouco a beleza dos seus incontáveis prédios antigos, com as suas inigualáveis portas e a sua extraordinária história.

2 comentários:

Canhada disse...

Eu não lembro bem agora, mas acho que 27 de janeiro é uma "DATA NEGRA", muito mais importante que essa "pelegada" contra os "blancos".
Creio que os escravos de Santa Isabel, Piratini e Arroio Grande tentaram coincidir uma revolta com essa invasão "castelhana".
É um assunto a estudar, se o Maestri e/ou o Costa Franco já não escrevaram a respeito.
Um abraço, do
Sergio Canhada

Pedro Jaime Bittencourt Junior disse...

Sérgio.
Nem vou te responder por aqui.
Já lancei o assunto página acima, para ver no que é que dá.
Abraço.