terça-feira, 27 de outubro de 2009

MANDO NOTÍCIA

Enquanto que no vizinho País Uruguay a população aguarda o confronto del balotaje (segundo turno) - entre 'Pepe' Mujica (Frente Amplio = 48% dos votos no último domingo) e Lacalle (Partido Nacional/'Blanco' = 28% dos votos) - marcado para o dia 29 de novembro, para decidir democraticamente quem será o sucessor do atual Presidente Tabaré Vasquez (FA), recebo notícia de que aqui pelo Rio Grande a coisa não anda tão democrática assim, e que o Cantador Pedro Munhoz, homem que canta e transmite as coisas do nosso Pampa e da nossa gente, tem sofrido perseguições pelos órgãos do Estado, em razão da divulgação pública de um poema por ele criado em homenagem ao Sem Terra Elton Brum, morto há pouco tempo pelas forças "de segurança" deste mesmo Estado.
Do fato, assim como do poema, mando notícia, em nome da democracia, em nome da liberdade. Ao Pedro Munhoz, a solidariedade irrestrita.
"Quando matam um Sem Terra"
(Pedro Munhoz)

1.Quem contar traz à memória,
sabendo que a dor existe,
quando a morte ainda insiste,
em calar quem faz a História.
Pois quem morre não tem glória,
nem tampouco desespera,
é um valente na guerra,
tomba, em nome da vida.
Da intenção ninguém duvida,
quando matam um Sem Terra.

2.Foi assim nesta jornada,
quando mataram mais um,
o companheiro ELTON BRUM,
não teve tempo pra nada.
Numa arma disparada,
o Estado é quem enterra
e uma vida se encerra,
em nome da covardia.
Toda a nossa rebeldia
quando matam um Sem Terra.

3.É o desatino fardado,
armado até os dentes,
até esquecem que são gente,
quando estão do outro lado.
E vestidos de soldado,
todo o sonho dilacera,
violência prolifera, tiro certeiro, fatal.
Beiram o irracional,
quando matam um Sem Terra.

4.Quem és tu, torturador,
que tanta dor desatas,
desanima e maltrata
o humilde plantador?
Negas a classe, traidor,
do povo tudo se gera,
te esqueces deveras,
debaixo de um capacete.
Dá a ordem o Gabinete,
quando matam um Sem Terra.

5.Em algum lugar da pampa,
ELTON deve de estar,
tranquilo no caminhar,
jeito humilde na estampa.
E algum céu se descampa,
coragem se retempera,
outras batalhas se espera,
dois projetos em disputa.
Não se desiste da luta,
quando matam um Sem Terra.

Barra do Ribeiro/RS
27.08.09

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