sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A MINHA RUA MAIS BONITA

A minha fixação pelas ruas vem das caminhadas, vem das leituras, vem da imaginação, vem das utopias...
As ruas me dizem tudo, rompem fronteiras e encaminham para o fantástico, para o sobrenatural, formando um desenho às vezes provinciano, às vezes universal.
A rua que percorri em Colônia do Sacramento – a Calle de los Suspiros -; a rua em que silenciei em Paris – a Rue D’Orchampt, que tem a calçada mais estreita do mundo-; a rua que imaginei estar em Aracataca, na Colômbia - a Macondo do 'Cem Anos de Solidão', obra prima de Garcia Márquez; as ruas de tomar sol no Bonfim, cantadas pelo Nei Lisboa; as ruas do Mário Quintana, no Mapa de Porto Alegre: “Olho o mapa da cidade, como quem examinasse a anatomia de um corpo... sinto uma dor infinita das ruas... onde jamais passarei”.
A minha fixação pelas ruas vem da paixão de viver cada lugar, cada rua que percorro (ou que imagino percorrer), por aqui, por ali, pelo mundo todo.
A minha rua preferida, porém, fica aqui mesmo no Arroio Grande. Entre a Basílio Conceição e a Dr. Dionísio, entre o início lá próximo ao Balneário da Ponte e o fim perto da Cooperativa; a antiga Gal. Delphim, a extinta Dr. Menandro - a Herculano de Freitas é a minha rua mais bonita.
Ali, na Herculano de Freitas, está uma dos trechos que compõe o casario mais interessante do Arroio Grande. Começa pela Igreja Matriz; depois, tomando o rumo leste, a partir da Praça Central, após percorrer a calçada da antiga Câmara de Vereadores, de frente para o Clube Instrução e Recreio; depois de passar pela Casa Gaúcha, do Vadi Salameni e a antiga Exatoria; depois de ultrapassar o Casarão dos Lisboa, diante do que foi o Restaurante Formigueiro; pois bem ali, no número 377, em frente à Chinininha, antes de chegar ao antigo Banco da Província, está a casa em que vivo hoje, dentro da minha rua mais bonita.
É uma casa antiga, de pé direito alto, com paredes dobradas, e o pátio que é um latifúndio. Por esse pátio, é possível escutar o assovio dos pássaros, o latir dos cachorros, é possível enxergar coqueiros, é possível vislumbrar o arroio; por esse pátio é possível espiar a cidade e o mundo, e as estrelas e a lua também.
A Casa e o pátio começam na Herculano de Freitas, atravessam todo o quarteirão e vão muito além da rua seguinte - a Basílio Conceição.
Possuem um corredor que, além de mim, ninguém mais conhece e que me permite atravessar fronteiras e florestas, e mares e desertos, e conhecer lugares e pessoas – e entre elas escritores e músicos e pintores e poetas e bêbados e vagabundos... - e percorrer todas as outras ruas do mundo em segundos, e ir e voltar quando quiser.
Duvidam, não acreditam? Pois, se querem saber de verdade, agora, agorinha mesmo, está um frio danado cá em Lisboa...


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

RUAS DO MUNDO

Qual a relação entre estes lugares?
O que existe de comum entre estas Ruas?
Calle de Los Suspiros - Colonia del Sacramento - Uruguay
Rue de Orchamp't - Paris - França

Rua de Aracataca - A Macondo de 'Cem Anos de Solidão'

Rua do Bonfim - Centro de Porto Alegre
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Sexta-Feira, aqui na página, a crônica "Ruas do Mundo", onde aparece também a minha rua mais bonita...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

MANDO NOTÍCIA

Enquanto que no vizinho País Uruguay a população aguarda o confronto del balotaje (segundo turno) - entre 'Pepe' Mujica (Frente Amplio = 48% dos votos no último domingo) e Lacalle (Partido Nacional/'Blanco' = 28% dos votos) - marcado para o dia 29 de novembro, para decidir democraticamente quem será o sucessor do atual Presidente Tabaré Vasquez (FA), recebo notícia de que aqui pelo Rio Grande a coisa não anda tão democrática assim, e que o Cantador Pedro Munhoz, homem que canta e transmite as coisas do nosso Pampa e da nossa gente, tem sofrido perseguições pelos órgãos do Estado, em razão da divulgação pública de um poema por ele criado em homenagem ao Sem Terra Elton Brum, morto há pouco tempo pelas forças "de segurança" deste mesmo Estado.
Do fato, assim como do poema, mando notícia, em nome da democracia, em nome da liberdade. Ao Pedro Munhoz, a solidariedade irrestrita.
"Quando matam um Sem Terra"
(Pedro Munhoz)

1.Quem contar traz à memória,
sabendo que a dor existe,
quando a morte ainda insiste,
em calar quem faz a História.
Pois quem morre não tem glória,
nem tampouco desespera,
é um valente na guerra,
tomba, em nome da vida.
Da intenção ninguém duvida,
quando matam um Sem Terra.

2.Foi assim nesta jornada,
quando mataram mais um,
o companheiro ELTON BRUM,
não teve tempo pra nada.
Numa arma disparada,
o Estado é quem enterra
e uma vida se encerra,
em nome da covardia.
Toda a nossa rebeldia
quando matam um Sem Terra.

3.É o desatino fardado,
armado até os dentes,
até esquecem que são gente,
quando estão do outro lado.
E vestidos de soldado,
todo o sonho dilacera,
violência prolifera, tiro certeiro, fatal.
Beiram o irracional,
quando matam um Sem Terra.

4.Quem és tu, torturador,
que tanta dor desatas,
desanima e maltrata
o humilde plantador?
Negas a classe, traidor,
do povo tudo se gera,
te esqueces deveras,
debaixo de um capacete.
Dá a ordem o Gabinete,
quando matam um Sem Terra.

5.Em algum lugar da pampa,
ELTON deve de estar,
tranquilo no caminhar,
jeito humilde na estampa.
E algum céu se descampa,
coragem se retempera,
outras batalhas se espera,
dois projetos em disputa.
Não se desiste da luta,
quando matam um Sem Terra.

Barra do Ribeiro/RS
27.08.09

domingo, 25 de outubro de 2009

A ESQUERDA FRENTE A POSSIBILIDADE DE CONTINUAR GOVERNANDO... O URUGUAY


Acontecem neste domingo as eleições gerais no Uruguay, gerando grande expectativa a possibilidade de continuação da Frente Amplio (a esquerda de lá) no Governo, com o ex-Tupamaro, ex-Senador e Ministro ‘Pepe’ Mujica (à direita da foto) substituindo ao atual Presidente Tabaré Vasquez (no Uruguay não há reeleição), fato este que seria inédito na história daquele país.
As últimas “encuestas” (pesquisas), não obstante a ampla vantagem de Mujica, apontam ainda a possibilidade de segundo turno, com a seguinte projeção:
Pesquisas - Primeiro Turno (25/10):
Frente Amplio – com José (Pepe) Mujica – 45% dos votos;
Partido Nacional (Blanco) – com Lacalle (Ex-Presidente) – 29%;
Partido Colorado – com Bordaberry (Filho de Ex-Presidente) – 13%
Disputa ainda o Partido Independiente, com Pablo Mieres – 3%

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

FRUSTRAÇÕES

Eu tenho três frustrações na vida, todas irreversíveis. Não aprendi a falar inglês, não sei tocar violão e não consigo nadar mais do que dez metros. Tem um quarto fracasso, também, que foi o de não ter “ficado” com a loirinha da 7° ‘B’, quando ela mandou um recado de que estaria me esperando na esquina da Pracinha, depois da aula. Mas essa frustração já nem conta mais, perdi a menina para um colega no mesmo dia e a loirinha já deve ser avó há anos.
O tempo do Ginásio, aliás, é que veio me dar a exata noção da irreversibilidade de certas coisas, que se tornam irrecuperáveis com o passar dos anos. Os namoros que deixei de ter, a paixão platônica pela Professora de coxas grossas, a inter-série que não ganhei, pela falta mal apitada pelo Charuto, os "vales" que paguei para os guris maiores que eu, tudo, tudo sem recuperação, sem nova chance, sem direito à segunda época.
Depois, tiveram também as decepções da minha mãe, que queria que eu fosse Juiz ou Médico, mas, convenhamos, que filho do Pedro Bittencourt iria se sujeitar a passar a vida toda bebendo escondido?
Mas as minhas outras frustrações são derrotas mesmo; são definitivas, irrecuperáveis.
Quanto ao inglês, a minha capacidade de apreensão, hoje, com o winchester totalmente ocupado – processos para atender, contas para pagar, filhos a preocupar... -, me impede de absorver qualquer coisa “nova”, mesmo que seja uma velha língua como a english language, mesmo que esteja toda ela no computador, com tradutor on line dentro de casa, “isn’t truth?”.
Hoje, também o meu corpo reluta em se movimentar para uma pequena caminhada, ou para andar de bicicleta. Nadar, então, nem pensar, ainda mais com esse tempo aqui do Sul, com cada inverno que parece envelhecer a musculatura da gente pela vida inteira.
Também os meus dedos, agora, estão tensos demais para dedilhar um violão, meu ouvido piorou assustadoramente, e até o meu gosto musical deve estar comprometido, invadido que foi pelo pagode, pelo funk, pelo créu, por toda essa bobageira music que anda solta nas rádios, na televisão, nas ruas, nos emburrecendo diariamente.
Mas, a vida segue, e eu continuo admirando as pessoas que, com simplicidade, conseguem fazer coisas que para mim são difíceis, complicadas, verdadeiramente impossíveis.
Como passar uma camisa de gola, andar de motocicleta, aprender matemática, assistir um culto religioso, dançar um samba...; tudo difícil, impossível mesmo, irrealizável para mim.
A vida segue e eu vou me completando agora na realização dos outros, como no filho que toca violão, no sobrinho que é campeão de natação, na enteada que estuda inglês, e nos guris que, na maior cara de pau, chegam em todas as loirinhas de todas as sétimas, preenchendo a nossa mesa de velhos com histórias surpreendentes para quem tem apenas quinze anos.
A vida segue e eu permaneço acreditando ser capaz de superar as minhas frustrações não mais as realizando, mas simplesmente falando sobre elas.
Porque escrever sobre frustrações e conquistas, e sobre derrotas e vitórias, se tornou também irrecuperável dentro de mim. Ainda bem.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O QUE FICOU PARA TRÁS

Instituto de Educação Aimone Soares Carriconde, o Ginásio da minha adolescência.
De que resultaram as aulas de Inglês? E as lições de Música?
Que fim levou a loirinha da Sétima 'B'?
Amanhã, na crônica "Frustrações", aqui na página.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

IMAGEM

Imagem - Entre o sol e a lua by Cláudio Kodá

Uma das atrações da 1ª Conferência Municipal de Cultura foi a “Dança das Imagens”, coreografia apresentada pelas gurias da Academia Camerini, que mostrou um conjunto de imagens retiradas de fotografias do Arroio Grande, reunindo o passado e o presente, o velho e o novo.
Entre as fotografias, chamou a atenção uma imagem do entardecer do Arroio Grande, que a página reproduz aqui, para conhecimento dos leitores que não puderam apreciar o belo espetáculo apresentado no Centro Cultural.

sábado, 17 de outubro de 2009

O QUE A GENTE É!

“A gente não é o que diz que é ou que pretende ser; a gente é o que faz. Ou deixa de fazer.” A frase, assim com esse formato, é do Luís Fernando Veríssimo, embora seja meio recorrente, com inúmeras variações.
A expressão, na verdade, quer chamar a atenção para o fato de que todo o ser humano possui tendência a proclamar as suas qualidades e pretensões, deixando de reconhecer os seus defeitos e fracassos.
Assim, todo mundo se auto-proclama “bom”, “correto” e “virtuoso”; - “Eu sou uma pessoa maravilhosa!” - é o que gente costuma ouvir, para ficar no mínimo.
Pessoalizando a questão, todo político jura que trabalha para o povo; todo centroavante se considera um fenômeno de gols; os maridos se acham bons maridos, as mulheres se dizem boas esposas, todo jovem se acha capaz de transformar o mundo (inclusive os que vivem em “estado de contemplação” o tempo todo), todo velho diz que já deu a sua contribuição (inclusive os que viveram em “estado de contemplação” o tempo todo), e a vida segue.
O tema é espinhoso, até porque a falta de noção do que realmente somos (o que fazemos ou deixamos de fazer), vem do instinto de defesa, já que uma autocrítica mais rigorosa praticamente implicaria num juízo de condenação de nós mesmos.
Por isso, o político desonesto costuma acobertar a desonestidade nas suas possíveis ações de benemerência (“eu ajudo um monte de gente”), o centroavante que perde o gol feito atribui a falha à falta de sorte (“levei azar”), o marido que agride a mulher justifica a violência por uma provocação (“ela me tirou do sério”), a mulher que vive de incomodar o marido desculpa o seu comportamento pela inconsistência da relação (“ele me deixa insegura”), e a vida segue.
Na realidade, pensamos que essas atitudes – desonestidade, mediocridade, agressividade, possessividade... - só aparecem como defeito “nos outros”, sendo praticamente irrelevantes quando partem de nós mesmos. Consideramos, de verdade, que as nossas “pequenas” infâmias não têm o poder de nos diminuir, já que a condição de definir quem somos é somente nossa (“tu não me conheces, eu sou uma pessoa maravilhosa!”) e de mais ninguém. Tudo em nós se justifica, nos outros, não.
Aliás, quando alguém nos atinge emitindo o julgamento daquilo que supostamente somos, a nossa primeira reação, pela auto defesa, é a de desqualificar o julgador (“quem ele pensa que é?!”), pois - segundo o que pensamos -, ninguém tem a menor condição de nos dizer quem somos.
E assim seguimos andando, dia a dia, mês a mês, ano a ano, repetindo os mesmos erros e reiterando na nossa sordidez, já que o nosso cérebro se acostumou a aceitar somente aquilo que pensamos que somos (o que gostaríamos de ser), excluindo todo o resto.
Quanto ao que verdadeiramente fazemos ou deixamos de fazer melhor mesmo nem pensar, definitivamente.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CANÇÃO DA DOR INFINITA (ATÉ QUANDO?)

Num canto, sobre a calçada,
Chama a atenção a Senhora;
Vê-se tão desesperada
Que em plena rua chora.
Será uma esposa traída,
Chorando às mágoas sozinha?
No desespero, aturdida,
Nem vê por onde caminha.



Pediu divórcio o marido?
Coitada! Estará doente?
Acaso terá perdido
Algum amigo ou parente?
Foi despedida e tem fome?
Não enxerga mais direito?
Que mal secreto a consome
Que a faz chorar desse jeito?
De onde vem à aflição,
Tamanha dor que a devora?
Que estranha, oculta razão,
Martiriza essa Senhora...?



Eis que chega uma Doutora.
Que a examina, verifica;
E para o geral espanto,
Pacientemente ela explica:
- Descobri a razão do pranto,
Está resolvido o mistério
Nada tem de extraordinário
Embora seja bem sério:
É uma velha Professora
Recebendo o seu salário!



Escrito pelo Velho Pedro Bittencourt há mais de uma década.
Já foi publicado aqui na página, mas hoje, quando se comemora mais um ‘Dia do Professor’, permanece atual... e doloroso.
Até quando?

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ÉPICO













O encontro entre as pátrias oriental e platense, entre as terras de Artigas e San Martin, será sempre mais, muito mais do que um simples evento esportivo, do que uma mera partida de futebol, ainda mais quando, como hoje, está em disputa uma vaga para a Copa do Mundo, o que mexe com o orgulho e a estima dos habitantes dos dois países.
Uruguay e Argentina não é um clássico, mas um épico do futebol.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

HISTÓRIAS (XIII) - À MESA DO VILARIÑO

"Na mesa do Vilariño surgiu a nossa classificação dos bêbedos: sociais, são os colunáveis que saem nas fotos de jornais e revistas com o copo na mão; barulhentos, aqueles que se reúnem em grandes mesas e discutem sobre todos os assuntos; e, finalmente, o mais solitário e anônimo de todos: o bêbedo de estribo. Este entra em qualquer botequim, vai direto ao balcão, ordena uma pura com o trocado no ato da entrega, joga uns pingos pro santo, sorve a brasa e sai. No seu roteiro pode entrar uma infinidade de bares e botecos, mas a sua cara cheia só é vista pela mulher, quando ele chega em casa, depois de descer do último estribo..."

(Fernando Lobo - À MESA DO VILARIÑO - Ed. Record - 1991 - p. 15)



O Vilariño, ou Vilarino, é um Bar localizado bem no centro da cidade do Rio de Janeiro, inaugurado no início dos anos 1950, e que abrigou a fina flor do jornalismo, da intelectualidade e da boêmia carioca, restando registrado que foi lá que teve início à histórica parceria de Tom Jobim com Vinícius de Moares, em 1956, com a criação pela dupla de Orfeu da Conceição.

Pelo Vilariño circularam, com assiduidade, além dos citados Vinícius e Tom e de Fernando Lobo, também Paulo Mendes Campos, Antonio Maria, Dolores Duran, Aracy de Almeida, Elizete Cardoso, Lúcio Rangel, Mário Reis, Sérgio Porto; também Ari Barroso, Di Cavalcanti, Otto Lara Resende, e, mais raramente, Carlos Drummond de Andrade. No Vilariño estiveram, juntos, os poetas Pablo Neruda e Manuel Bandeira. O Bar permanece ainda hoje em atividade.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

RUAS DA CULTURA

A Rua do Artesanato, uma iniciativa lá da Secretaria da Cultura, chefiada pelo Donga, e que teve a sua 1ª edição no último domingo, bem que poderia ser o embrião de outras “Ruas”, retratando as diversas manifestações culturais da cidade.
Como a Rua dos Músicos, por exemplo. Imaginem, num domingo à tardinha, uma rua repleta de músicos: o Caboclo, o Cleiton, o Jones, o Julinho Salaberry, o Julinho do Tuíca, a Marcela, o Sandro Campelo, o Saninho, o Sidney e outros, todos eles mostrando a sua arte, tocando e cantando o que há de bom no Arroio Grande. Imaginem o Jelson Domingues com um piano, apresentando Piazzola, suavemente, em plena Praça Central. É difícil de acontecer? Pode até ser, mas a Rua do Artesanato não saiu? E por que não a Rua dos Músicos, a Rua das Canções, hein, por que não?
Ou a Rua da Dança, então, fácil de montar por aqui. Com a Verônica, a Letícia, a Manoela, a Lucélia, a Janaína, enfim todas as ‘Profas’ de dança, com as suas alunas bailando ritmos diversos – o hip hop, salsa, jazz, salão... -, no meio da rua, em cima dos paralelepípedos. E quem se animaria a dançar um Tango – “Por una Cabeza/Todas las locuras...” -, quem se arriscaria a marcar uns passos da dança porteña em pleno Centro da cidade, hein?
Rua da Dança, que espetáculo! Ao menos de vez em quando bem que a gente poderia ter uma edição dessa Rua por aqui.
Como a Rua da Poesia, também, por que não? Para as pessoas expressarem desde os poemas latinos – de Neruda, de Benedetti – os gauchescos – de Jayme Caetano Braun, do Silva Rillo – até a poesia local, representada pelos sonetos do Leonel Fagundes, ou pelos poemas do Pedro Bittencourt ou do Lauro Machado, e mesmo por aqueles versos que viraram música, como o Delírio, do Basílio Conceição.
Bom, no caso de acontecer mesmo essa Rua da Poesia, já aviso que vou me inscrever para dizer alguma coisa, quem sabe um canto do Martin Fierro, quem sabe o Dom da Dor, da Marília Kosby: - ...Só tenho um vício/codinome arte/Que não me oferta lá grande sorte/Mas, pelo menos, dele não me poupam/É só meu/Foi a dor quem me deu. – Que beleza, que maravilha que poderia ser essa Rua da Poesia! Para a gente ficar arrepiado e encher a alma, literalmente.
Poderiam ser criadas também a Rua da Pintura, a Rua do Desenho, a Rua da Fotografia; como se vê, arte é o que não falta por aqui, e nem artistas e nem arteiros para preencherem as ruas da cidade.
Como a Rua da Gastronomia, por exemplo – com direito a pastel, churrasquinho, bolinho de batata... -, ou a Rua do Trago, esta última que, certamente, traria alguma dificuldade para a sua instalação.
Porque aqui no Arroio Grande, amigo, pela clientela, pela freguesia, uma só Rua do Trago não iria bastar. Pelo volume de “artistas” que atuam no ramo, a gente ia precisar de pelo menos duas ou três Avenidas; no mínimo, companheirada, no mínimo.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

SE ESSA RUA, SE ESSA RUA FOSSE MINHA...

A Rua do Artesanato - recentemente criada numa parceria entre o pessoal do ramo e a Secretaria de Cultura do Arroio Grande -, projeta à possibilidade do surgimento de outras “Ruas” ligadas à produção cultural local.
Sugestões? Na crônica “Ruas da Cultura” – sexta-feira, aqui no blog e na página 3 do Jornal “A Evolução”.

domingo, 4 de outubro de 2009

GRACIAS A LA NEGRA QUE NOS HA DADO TANTO...


Si no creyera en quien me escucha,
Si no creyera en lo que duele,
Si no creyera en lo que quede,
Si no creyera en lo que lucha!
(La Maza - Sílvio Rodrigues)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

EXPRESSÕES






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O que o escritor brasileiro Millor Fernandes e o ex-jogador irlandês George Best têm em comum? Boas frases, amigo, boas frases...
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Eu gosto de frases de impacto, todo mundo gosta. Frases, por exemplo, como a do Tom Jobim, que utilizei para abrir uma crônica tempos atrás: “O problema do passar do tempo é que as mulheres estão cada dia mais bonitas e eu cada vez mais velho”. Maravilha, não é?! Inclusive na exaltação da mulher como instrumento de contemplação dos homens.
Aliás, como o tempo mental da maioria dos homens é gasto metade pensando em como ganhar dinheiro e a outra metade em como gastar esse dinheiro com mulheres e com outros “prazeres” (futebol não vale, estúpidos!), fui procurar na literatura “machista” algumas frases que realmente valem à pena. Ei-las.
Do ex-jogador do Manchester, o irlandês George Best, chamado na sua época de “o quinto Beatle”, um boêmio e frasista primoroso:
"Em 1969 cheguei a abandonar o álcool e as mulheres; foram os piores 20 minutos da minha vida".
Ou esta, do mesmo Best:
“Gastei metade do dinheiro que ganhei com mulheres, bebidas e automóveis; a outra metade eu desperdicei”;
Tem mais ou menos o mesmo sentido que aquela famosa frase do General Flores da Cunha que, perguntado sobre o fim da sua riqueza, respondeu:
“Perdi toda a minha fortuna em cavalos lerdos e mulheres ligeiras” -; o que levava os ouvintes à conclusão lógica: se ainda fosse o contrário...
Já Bernard Shaw dizia que:
“De todas as perversões sexuais a abstinência é a mais perigosa”.
Isso são frases, sacadas, não aqueles pensamentos tolos, aqueles provérbios de auto-ajuda que praticamente nunca se confirmam.
“Quem espera sempre alcança”; alcança o que? A aposentadoria, artrite, artrose? “Os últimos serão os primeiros”, pois nem na fila do INSS... “Eu acredito!” e outras bobagens do gênero.
Eu não gosto dessas simplorices, não gosto mesmo. Não gosto de conselhos, de ditados, de provérbios. Quem quiser que compre as soluções “prontas”, que entregue a vida às rezas dos pastores, eu não. Não gosto de nada disso.
Eu gosto mesmo é do criativo, da ousadia, da inventividade como forma de transformar o mundo. De frasezinhas de consolo, de lugares comuns, de discursos babacas a gente já está farto por aqui, de tão cansado de ouvir.
O que mais se ouve falar em Arroio Grande, aliás, é sobre humildade: – “Eu sou humilde”; “Sou uma pessoa simples”, gostam de dizer. Pois eu fico com o Millor Fernandes quando ele diz que “a humildade é uma espécie de orgulho que aposta no perdedor”.
E sobre essa coisa da gente mesmo se auto julgar, quem diz bem é o Luís Fernando Veríssimo: – “A gente não é o que diz que é ou o que pretende ser; a gente é o que faz. Ou deixa de fazer”. Boa, Veríssimo! Se bem que isso já nem é mais uma frase, mas uma análise de grupo.
Que faz a gente pensar e pode dar assunto para mais uma crônica. No mínimo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

CONFERÊNCIA

Nesta sexta-feira (02/10) tem início a 1ª Conferência Municipal de Cultura do Arroio Grande, no Centro Cultural Basílio Conceição. Começa de manhã, bem cedo, com a presença de autoridades, como o Prefeito Jorginho, o Secretário Donga, com apresentação da Banda Municipal, da Academia Camerini (estavam ensaiando até agora a pouco...), tudo conforme a programação que o blog faz questão de divulgar (abaixo).
O eixo principal da conferência é: "Qual a representação de Cultura no Município?", com palestra da Margarete Moraes, que conhece do ramo desde que esteve a frente da Cultura em Porto Alegre.
Eu vou estar lá, afinal a Secretaria de Cultura é novidade por aqui, a conferência é inédita e o tema é interessante; tem tudo para ser um evento marcante.
"Qual a representação de Cultura" por aqui?
Se bem compreendo, é para a gente discutir o que significam esses movimentos todos que existem desde os saraus do antigo Instrução e Recreio, desde a Banda Farroupilha (foto), do "Papagaio da Rua Nova" e chegam até as novas gerações através do Grupo Quixote, da Milonga Mauá, das Lavadeiras do Mato Grande; da música, da pintura, da poesia, da literatura, da dança, da tecelagem, do artesanato, de tudo, enfim, que mexe um pouco com as consciências desta pequena paróquia.
Eu vou estar lá, e espero que outros também estejam, para verificar também se - como disseram o intelectual contestador e o artista irreverente - realmente "existe outro caminho por aí!".


1ª CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA


PROGRAMAÇÃO

Manhã

8h – Credenciamento
8h30min – Abertura oficial
Banda Municipal de Arroio grande

Ricardo Freitas
Secretário de Cultura

Jorge Luiz Cardozo
Prefeito Municipal


9h – Apresentações Culturais
“Projeto Campereando Emoções”
E.E.E.F. Cândida S. Haubmann


“Dança das Imagens”
Academia Camerini

9h30min – Conferência:
“Qual a representação de Cultura no Município?”

Palestrante: Margarete Moraes
Assessora Especial do Ministro da Cultura
Representante do Instituto Brasileiro de Museus

10h50min – Questionamentos

Tarde:

13h30min - Apresentação dos eixos nacionais e suas implicações para o Município.

Eixo 1- Produção simbólica e diversidade cultural

Eixo 2- Cultura, Cidade e Cidadania

Eixo 3- Cultura e Desenvolvimento Sustentável

Eixo 4- Cultura e Economia Criativa

Eixo 5- Gestão e Institucionalidade da Cultura

15h- Intervalo

15h às 17h- Oficinas

17h - Plenária para sistematização do documento de Arroio Grande para a Conferência Nacional e escolha dos delegados para a Conferência Estadual.

18h - Encerramento
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