…Feriado
de 1º de maio no Arroio Grande. Cidadezinha pequena, tranquila, nada
para fazer por aqui… Como assim, nada para fazer? As opções de
matear e almoçar na zona urbana, de ir para o leste ou incursionar
pelo lado oeste não serviram? Pois então vamos trocar de bandas.
Vamos rumar para o lado o norte, e para o sul, e, se for preciso,
novamente para o leste… Mas vamos procurar outros caminhos por esta
zona de fronteira, nada vai nos impedir de aproveitar o feriado, ora
bolas! Que tal, por exemplo, irmos visitar o local onde existiu uma
charqueada, aquela situada próximo a foz do arroio Chasqueiro, junto
à Lagoa Mirim, construída lá pelos anos 1860? Ou quem sabe
seguimos até Santa Izabel para percorrer a nossa pacata vila de
pescadores e já aproveitar e comprar algum filé de traíra, para
saborear e também auxiliar na economia local? Hein? Daí já
aproveitamos a proximidade e inspecionamos os restos do Forte São
Gonçalo, ali na região do Liscano. A fortificação que protegia
estes torrões de possíveis invasões castelhanas, construído em
1754 – eu disse mil setecentos e cinquenta e quatro – vejam só!
Convém lembrar que estamos nos anos 1980, já se passaram mais de
220 anos do erguimento do Forte, e essas marcas
não
vão durar para sempre, não é verdade? Bem, amigo, mas se isso
também não serve, e se quisermos realmente aproveitar este dia,
vamos tentar novamente estender o nosso passeio até algum município
vizinho, pode ser? Quem sabe Pedro Osório, daí passamos a
tarde
acampados próximo
à ponte
férrea existente sobre o Rio Piratini, ali, na passagem para o
Cerrito? Não? Que tal então Jaguarão, que tem como atração a
conhecida Ponte Internacional, ligando o Brasil ao Uruguay, assim
como ainda mantém as ruínas do centenário prédio da Enfermaria
Militar… Também não serve? Não quer gastar comprando Crush,
Norteña ou butifarras
no Rio Branco? Mas lá é feriado também – Dia Universal do
Trabalhador,
lembra? Nada
de compras, embora seja certo
que a Parrillada Tacuary está funcionando, assim como também deve
ter alguma carrocinha de pancho próximo à Praça do Arredondo, na
Cuchilla, para a gente se alimentar. Eu sei, eu sei… É muita opção
e o amigo já está meio atrapalhado, afinal, não dá para fazer nem
a metade desse roteiro em apenas um dia, não é? Então, como é que
não tem nada para fazer no 1º de maio por aqui? Tem tudo isso e
muito mais. De dia e até de noite, já que podemos terminar o feriado colocando a prosa em dia, falando desse eterna desigualdade existente entre o que ganham os que trabalham (pedreiros, balconistas, professores, enfermeiros, agentes de saúde - agora a gente conhece, né? e outros tantos) e os que detêm o capital (aqueles que vivem só de grana, plata, money, saca?), e, inclusive, conversando sobre o.... Putz, lembrei! Vai ter Clássico no final de semana. Até
que enfim!
Quanta expectativa… O que, afinal, poderá acontecer na tão
esperada partida de domingo? Vai ganhar o Saci? Vencerá o Caturrita?
Vai dar empate? Será que a bola vai rolar realmente? Então, vamos
lá, vamos aproveitar o fim
de feriado,
nesta sexta-feira outonal, enquanto aguardamos o Clássico. Vamos
apostar, brincar, celebrar… Vamos comemorar, amigo, festejar a
vida, ficando em casa ou saindo, mas
com total
segurança,
fazendo o que os tempos permitirem que a gente faça, na cidade que
amamos e que escolhemos para viver. E que tem, sim, muita coisa para
fazer, nos anos 1980 ou em qualquer tempo. Afinal, alguém já disse
ou ainda vai dizer, talvez até em forma de canção, sobre o nosso
Arroio Grande: o Paraíso é aqui!
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Imagens:
I
e II – Charqueada (Acervo de Clara Maria Silveira de Ávila Campelo
– Clarinha).
A
primeira imagem consta do livro “14 personagens e 5 vultos
históricos do Arroio Grande” – Org. do Autor – 2018 – pág.
52, ilustrando texto de Lizandro Araújo de Carvalho sobre a vida do
charqueador Antônio Gonçalves de Aguiar (1808–1878).
A
segunda imagem é de uma reprodução feita por Flávia da Conceição
Corrêa.
III
e
IV –
Vila de Santa Izabel (Fotografias do autor).
V,
VI e
VII
–
Forte São Gonçalo (Acervo de Flávia da Conceição Corrêa).
VIII
– Ponte Internacional Mauá (Fotografia do autor).
IX
– Parrillada Tacuari
(Fotografia do autor).
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