sexta-feira, 1 de maio de 2020

FERIADO – OPÇÃO DOIS (DA SÉRIE FIM DE SEMANA NO ARROIO GRANDE – PARTE VII)



Feriado de 1º de maio no Arroio Grande. Cidadezinha pequena, tranquila, nada para fazer por aqui… Como assim, nada para fazer? As opções de matear e almoçar na zona urbana, de ir para o leste ou incursionar pelo lado oeste não serviram? Pois então vamos trocar de bandas. Vamos rumar para o lado o norte, e para o sul, e, se for preciso, novamente para o leste… Mas vamos procurar outros caminhos por esta zona de fronteira, nada vai nos impedir de aproveitar o feriado, ora bolas! Que tal, por exemplo, irmos visitar o local onde existiu uma charqueada, aquela situada próximo a foz do arroio Chasqueiro, junto à Lagoa Mirim, construída lá pelos anos 1860? Ou quem sabe seguimos até Santa Izabel para percorrer a nossa pacata vila de pescadores e já aproveitar e comprar algum filé de traíra, para saborear e também auxiliar na economia local? Hein? Daí já aproveitamos a proximidade e inspecionamos os restos do Forte São Gonçalo, ali na região do Liscano. A fortificação que protegia estes torrões de possíveis invasões castelhanas, construído em 1754 – eu disse mil setecentos e cinquenta e quatro – vejam só! Convém lembrar que estamos nos anos 1980, já se passaram mais de 220 anos do erguimento do Forte, e essas marcas não vão durar para sempre, não é verdade? Bem, amigo, mas se isso também não serve, e se quisermos realmente aproveitar este dia, vamos tentar novamente estender o nosso passeio até algum município vizinho, pode ser? Quem sabe Pedro Osório, daí passamos a tarde acampados próximo à ponte férrea existente sobre o Rio Piratini, ali, na passagem para o Cerrito? Não? Que tal então Jaguarão, que tem como atração a conhecida Ponte Internacional, ligando o Brasil ao Uruguay, assim como ainda mantém as ruínas do centenário prédio da Enfermaria Militar… Também não serve? Não quer gastar comprando Crush, Norteña ou butifarras no Rio Branco? Mas lá é feriado também – Dia Universal do Trabalhador, lembra? Nada de compras, embora seja certo que a Parrillada Tacuary está funcionando, assim como também deve ter alguma carrocinha de pancho próximo à Praça do Arredondo, na Cuchilla, para a gente se alimentar. Eu sei, eu sei… É muita opção e o amigo já está meio atrapalhado, afinal, não dá para fazer nem a metade desse roteiro em apenas um dia, não é? Então, como é que não tem nada para fazer no 1º de maio por aqui? Tem tudo isso e muito mais. De dia e até de noite, já que podemos terminar o feriado colocando a prosa em dia, falando desse eterna desigualdade existente entre o que ganham os que trabalham (pedreiros, balconistas, professores, enfermeiros, agentes de saúde - agora a gente conhece, né? e outros tantos) e os que detêm o capital (aqueles que vivem só de grana, plata, money, saca?), e, inclusive, conversando sobre o.... Putz, lembrei! Vai ter Clássico no final de semana. Até que enfim! Quanta expectativa… O que, afinal, poderá acontecer na tão esperada partida de domingo? Vai ganhar o Saci? Vencerá o Caturrita? Vai dar empate? Será que a bola vai rolar realmente? Então, vamos lá, vamos aproveitar o fim de feriado, nesta sexta-feira outonal, enquanto aguardamos o Clássico. Vamos apostar, brincar, celebrar… Vamos comemorar, amigo, festejar a vida, ficando em casa ou saindo, mas com total segurança, fazendo o que os tempos permitirem que a gente faça, na cidade que amamos e que escolhemos para viver. E que tem, sim, muita coisa para fazer, nos anos 1980 ou em qualquer tempo. Afinal, alguém já disse ou ainda vai dizer, talvez até em forma de canção, sobre o nosso Arroio Grande: o Paraíso é aqui!


*******************************
Imagens:

I e II – Charqueada (Acervo de Clara Maria Silveira de Ávila Campelo – Clarinha).
A primeira imagem consta do livro “14 personagens e 5 vultos históricos do Arroio Grande” – Org. do Autor – 2018 – pág. 52, ilustrando texto de Lizandro Araújo de Carvalho sobre a vida do charqueador Antônio Gonçalves de Aguiar (1808–1878).
A segunda imagem é de uma reprodução feita por Flávia da Conceição Corrêa.
III e IV – Vila de Santa Izabel (Fotografias do autor).
V, VI e VII – Forte São Gonçalo (Acervo de Flávia da Conceição Corrêa).
VIII – Ponte Internacional Mauá (Fotografia do autor).
IX – Parrillada Tacuari (Fotografia do autor).

Nenhum comentário: