domingo, 12 de outubro de 2008

LÓGICO

Existem determinados acontecimentos que são fáceis de prever, que são mais do que prováveis, mais do que esperados; são acontecimentos que simbolizam aquilo que Nélson Rodrigues chamou um dia de o “óbvio ululante”. São hipóteses que tendem à confirmação, que são praticamente inevitáveis, exceto, é claro, para quem vive de distorcer a lógica dos fatos.
Lógica, não é preciso estudar filosofia para saber, é o estudo dos processos que levam a verdade; em outras palavras, Lógica seria a maneira de raciocinar com coerência, simplesmente.
Pois a reeleição do Jorginho e da Mariela para a Prefeitura era um desses acontecimentos tidos como previsíveis, aliás, por quase toda a cidade, exceto, repita-se, por quem vive de distorcer a lógica dos fatos.
Os dois – o Prefeito e a Vice – desde que se afirmaram há quatro anos, praticamente só cresceram, seja como políticos ou como administradores.
Na administração, governaram com sabedoria, “deselitizaram” o poder, priorizaram os bairros e trataram bem a máquina interna, ao mesmo tempo em que buscaram elevar o nome do Município externamente.
Na política, souberam atrair individualmente antigos adversários, principalmente da direita local, mas não se afastaram nunca da chama da militância trabalhista; hábeis, conquistaram também a aliança de partidos com histórico similar – como o PT e o PSB –, extraviados em picuinhas passadas que tinham características muito mais pessoais do que políticas. Os que souberam entender isso valorizaram uma coligação que teve espaço para todos, em face do objetivo igual.
Já a oposição, que mesmo unida havia sido derrotada pela mesma dupla em 2004, fragilizou-se ainda mais, dividindo-se com o lançamento de duas chapas, uma encabeçada pelo PP e outra pelo PMDB.
Por isso, apesar dos esforços do Chaleira e do Eglon, que representaram com dignidade as suas respectivas siglas, o resultado era previsível, plenamente esperado, quase que inevitável, exceto, mais uma vez, para quem vive de distorcer a lógica dos fatos.
O que não era previsível, talvez, seria a diferença tirada em cima do mais tradicional adversário: dois mil seiscentos e sessenta e cinco votos, algo extraordinário, grandioso, espetacular, estonteante, acachapante, praticamente impensável num Município como Arroio Grande, sempre dividido e exigente com os seus gestores.
Pois se quem ganhou ainda está buscando entender as razões para tamanha diferença, quem perdeu também deveria fazer tal avaliação, e, com coerência, com lógica, poderia até incluir entre os diversos fatores que levaram ao massacre do Jorginho – como trabalho, organização, competência, seriedade... - também o valor justiça, justiça das gentes, justiça do povo.
E não é difícil pensar assim, a não ser, é claro, para quem pretende viver eternamente de distorcer a lógica dos fatos; mas aí já não é lógico, é apenas óbvio. Demais.

2 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito, uma análise dentro da realidade parabens, abracos.

Pedro Jaime Bittencourt Junior disse...

Obrigado pelas palavras.
Aparece para opinar, elogiar, criticar; a participação é importante e com identificação melhor ainda.
Aguardo nova visita.