quinta-feira, 17 de abril de 2008
PALAVRAS (I)
A primeira palavra que todo homem aprende, em seguida ao seu balbucio original (grunhido, em alguns) é, sem qualquer dúvida, mãe.
Mãe é uma expressão que possui o mais amplo sentido e pouca feminilidade, com exceção para os édipos e para os amigos dos filhos adolescentes. Possui ainda múltiplas funções, que vão desde a amamentação até limpar as porcarias do filho bêbado, passando pela amamentação e porcarias do marido bêbado, encargos e transferências que duram a vida inteira, o que parece explicar porque a maioria dos homens procura uma mãe em todas as mulheres. Coisas de mamíferos, enfim.
Depois, o guri vai crescendo e começa a se interessar por outras palavras com os seus reais e recônditos significados: professora, namorada, masturbação... não necessariamente nessa ordem. Realmente, tem uns que gostam de professora, vêem nelas bons exemplos, alguns acentos, vírgulas e às vezes até frestas, principalmente no verão; já outros não se interessam muito, acham à expressão exagerada, assim digamos muito professoral. Esses procuram desde cedo à namorada, um pleonasmo com utilidade, que serve às vezes de despertador e de jornal 24 horas, pois dá todas as notícias do dia e com repetição. Já a masturbação, diferentemente do que muitos pensam, não é rival nem da professora e nem da namorada, ao contrário, está muitas vezes ao lado delas. Só que, discriminada, incluída entre as palavras feias, acaba não se mostrando muito e vive escondida a masturbação.
Mas adorável mesmo, para a maioria dos homens, é a palavra fornida. E com razão. Imaginem algo substancioso, robusto, cheio... Pois é esta coisa provida, bem abastecida, que é a fornida. Como, que coisa? Qualquer coisa que se possa apreciar, comer, lamber... desde que, obviamente, fornida. Se pode o quê? Ah, se pode ser mulher? Claro que pode, e, aliás, é ótimo quando elas são bem fornidas. Aqui em Arroio Grande mesmo tem uma fornida, mas uma fornida que é a... hummm, deixa pra lá, que alguém pode se incomodar e a fornida vira confusão. E confusão é, certamente, a mais feminina das palavras... Mas todos gostam mesmo é de uma boa fornida, embora os perigos que elas trazem, especialmente quando vêm em bandos, como cornucópias. Sim, porque pode ser um inferno, já que todas as réguas, os compassos e também às apalpadelas buscam sempre as fornidas. Menos os românticos, que preferem com certeza a esperança...
Filha mais antiga do tempo, com suas curvas bem definidas, em forma de alíneas, a esperança é alta e esguia e possui comportamento exemplar. É ela que todo o parágrafo espera para completar a sua história. A gente se depara com a esperança desde muito cedo e vai com ela até o fim da vida. É verdade que às vezes quase a perdemos, quando a esperança dá lugar à pausa, o que sempre insinua algum suspense. Pois a tal pausa é, no fundo, uma grande enrustida, já que não costuma deixar claro o que virá depois. Quando a pausa aparece não tem jeito, só resta mesmo esperar...
(Fim da primeira parte)
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