quarta-feira, 30 de abril de 2008

UM POUCO DE HISTÓRIA II



(Parte II - As Origens de Arroio Grande - 1792)

O Tratado de Santo Ildefonso, celebrado entre Portugal e Espanha, em 1777, supostamente identificava a região onde fica hoje o Arroio Grande como território Castelhano, já que, pelo texto do artigo IV daquele pacto, o domínio português deveria se estender, pelo Sul, tão somente até as proximidades do rio Piratini, ou, no máximo, até os arroios Chasqueiro ou Grande, mas nunca, como acabaria ocorrendo, até o rio Jaguarão.
Como as duas Monarquias nunca chegaram a um acordo sobre que águas afinal divisariam as fronteiras por aqui, a faixa territorial entre o Rio Piratini (aquele que literalmente banha Pedro Osório) e o Rio Jaguarão (que hoje separa o Brasil do Uruguai), num raio de aproximadamente 100 Km., ficou por quase dez anos (1790-1800) como Campos Neutrais ou Terra de Ninguém, esperando um consenso entre as duas Coroas.
Foi quando os portugueses resolveram ampliar os seus domínios e, desde 1790, aproveitando que os espanhóis viviam em permanentes hostilidades com os Charruas (os últimos índios somente seriam dominados, ou melhor massacrados, em 1831, na famosa Matanza dos Charruas), passaram a conceder Cartas de Sesmarias (lotes de terras) aos amigos da Coroa, também ao Sul do Piratini - de onde é hoje o Município de Pedro Osório para cá, até o Rio Jaguarão.
Embora a história oficial dê conta que o início do povoamento de Arroio Grande ocorreu somente em 1803, verdade é que já em 1792 (dez anos antes) alguns sesmeiros como Domingos Francisco de Araújo e José Batista de Carvalho, entre outros, já “tiravam campos” por aqui, próximos a arranchamentos “entre o arroio Grande e o Chasqueiro”, tudo conforme consta do Arquivo Histórico do Estado, nos processos de requerimentos de sesmarias.
É certo também que alguns deles - como o citado José Batista de Carvalho (Carta de 1792) e Manoel Jerônimo de Souza (Carta de 1798) - efetivamente residiram no que viria a ser o Município de Arroio Grande, pois aqui constituíram família, casando os seus filhos Mariana e João (em 1810), que viriam a ser os pais de Irineu Evangelista de Souza, o popular Visconde de Mauá, nascido em 1813, tornando-se o mais famoso filho desta terra, não por acaso hoje intitulada Terra de Mauá.
Por tudo, se oficialmente a cidade é tida como fundada em 1803 (por Manoel Jerônimo de Souza), é fato que o povoamento do Arroio Grande ocorreu bem antes, por obra dos sesmeiros que para cá vieram.
Depois, o local receberia a condição de Vila de Nossa Senhora da Graça de Arroio Grande, em 24 de março de 1873 – data hoje oficial do Município - sendo que durante aproximadamente um ano (entre 1890 e 1891), Arroio Grande teve a graciosa denominação de “Federação”, retornando em seguida para o nome que nos acostumamos a ouvir e que completa agora os seus 135 anos.
Parabéns, portanto, ao nosso Município e felicidades a todos os filhos de Arroio Grande, terra de uma história bela e centenária.

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