Fui procurar hoje três coisas: Um bife com fritas pra comer, um lugar pra ler um livro do Borges e um violão pra escutar. Não encontrei nada, nem o livro do Borges. Daí eu pensei: internet, orkut, msn, blog, a globalização me pegou, e eu aqui sem sono e de pijama, sem ter onde comer um bife com fritas, sem ter pra onde ir e ainda falta uma hora pra essa quarta-feira acabar, que merda!
A bunda quadrada de tanto enfrentar a banda larga, aquelas big brothers perfeitas a disposição nos sites, às salas de sexo virtual disputadíssimas, tudo tri-excitante tchê, e eu me encostando no corpo da mulher que realmente desejo e atrasando mais uma vez o sono dela que precisa acordar mais cedo, pra trabalhar ainda mais, tudo porque a governadora já decidiu que ela vai ganhar menos no mês que vem e menos ainda depois e futuramente menos também...
E eu aqui sem sono e de pijama, sem bife e sem ter pra onde ir. Melhor então me entupir logo com um lanche de tele entrega e voltar pro orkut ou pra o msn onde com certeza alguma “casada-só/29” desfilará a sua “solidão” pra concluir sedutoramente: “tchau, lindo, rsrsrs, bjsbjs” e outras expressões a espera de tradutor. E eu sorrirei sem graça dessa conversa sem graça, pensando no que fazer enquanto o bauru não vem...
O problema é que hoje é quarta-feira, dia de vazio, dia da mistura de novela com futebol, da soma do nada com coisa nenhuma, dia de espera pela crônica do Caboclo, da espera do fim-de-semana quando as coisas devem começar a melhorar por aqui.
Ah, o fim-de-semana, onde tudo ameaça acontecer... É claro que não é como nos tempos de criança em que meu pai nos pegava pra jantar fora e a gente podia escolher o lugar onde queria ir: um puchero, uma tortilla pede lá no Élvio Brasil, um galeto feito na hora, é na Churrascaria do Darcy, um camarão à baiana, mas é a especialidade do Adão Miranda, um bife com fritas, então pode ser em qualquer um deles, ou no Marrecão, ou no Acapulco, ou no Forninho, do iniciante Eraldo...
Não, nada desses “exageros” de cinco, seis casas pra escolher, até porque hoje é quarta-feira e eu só queria mesmo era um prosaico dum bife com fritas. Mas, tudo bem, a globalização me pegou e o negócio é esperar o findi que deve prometer alguma coisa. Não o lugar pra ler o livro do Borges, nem o violão bem tocado, nem a fartura de antes, não, isto nem pensar, os “avanços” não permitem mais. Mas ao menos a governadora não decidiu ainda que a “enturmação” vai se dar também aos sábados e domingos e a minha mulher pode deitar mais tarde e também ficar na cama um pouco mais amanhã. E aí nem orkut nem msn e nem blog, e, aí sim, beijos beijos e risos risos, o dia inteiro, sem precisar de tradução, o dia inteiro de mundo real, o dia inteiro comendo de verdade, o dia inteiro, ou pelo menos enquanto o bauru não vem...
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