Um dos filmes que marcou a minha mocidade – já vai lá um certo tempo... – chama-se “A Colina dos Homens Perdidos”, que eu costumava assistir numa televisãozinha preto e branco existente no meu quarto de estudante, na casa dos meus pais, na Rua Júlio de Castilhos, 34, aqui mesmo em Arroio Grande.O filme passava seguidamente na “Sessão Coruja”, acho que repetiam pelo menos uma meia dúzia de vezes ao ano, e eu assistia sempre que a Globo o reprisava; era absolutamente fascinado pelo roteiro, pela fotografia em preto e branco e pelas interpretações dos atores.
Não sei por que o filme me encantava tanto, a ponto de nunca esquecê-lo e de sempre querer revê-lo, mesmo agora que a tecnologia é outra, e quando as salas de cinema deram lugar a pontos de estacionamento, mesmo agora quando obras como “A Colina dos Homens Perdidos” não passam mais na televisão, sequer nas madrugadas.
O filme retrata um drama psicológico vivido num acampamento do exército britânico durante a 2ª Guerra Mundial, mantido com a finalidade de disciplinar militares insurrectos ou desertores. Lá, os soldados são obrigados diariamente a escalar uma colina, sob um sol escaldante, já que o drama se passa no deserto da Líbia, subindo e descendo a pequena montanha para absolutamente nada, pois a escalada não possui nenhuma finalidade que não seja a da punição pela tortura.
Algo semelhante foi retratado pelo russo Feodor Dostovievsky no seu livro “Recordação da Casa dos Mortos”, onde o escritor relatava a experiência da sua prisão na Sibéria por cerca de cinco anos – de 1849 a 1854.
Na “Colina” não é muito diferente, variando a época e o lugar – da Rússia dos Czares à aventura nazista, do calor do deserto para o frio da estepe – mas permanecendo a tortura psicológica como tormento de uma geração de homens que tinha dificuldades de conviver com a guerra, ainda que, segundo a “lógica” militar, homens, e, principalmente, soldados, tenham obrigação de conviver com a estupidez da guerra.
É um filme seco, contundente, instigante e perturbador, que marcou a minha mocidade e que hoje, me valendo das facilidades da internet, vou procurar no mercado virtual. Quero muito voltar a assistir “A Colina...”, até para ver se ainda é possível manter as impressões que tive do filme mais de três décadas depois de tê-lo assistido. Aliás, se alguém for mais rápido e quiser aproveitar o Natal para me presentear...

2 comentários:
Apesar de fascinado por filmes sobre a 2ª Guerra, ainda não vi esse. É dirigido pelo Sidney Lumet, diretor de "12 Homens e Uma Sentença", que revi pela enésima vez na TCM esta semana. Vou procurá-lo no "mercado informal". Se achar, compro dois (um deles vai para o Arroio Grande). Abraço e um grande 2012!
Aldyr
Bah, e eu fico com a responsabilidade da indicação, Aldyr, mas mantenho a ressalva: quando assistia a "Colina" - nos "repetecos" da Sessão Coruja - eu nem tinha ido para o Santa Margarida.
Depois, isto é, nos últimos 30 anos, não lembro sequer de ter revisto o filme.
Daí a curiosidade, pois ele passa a ser uma "novidade" até mesmo para mim.
Grande abraço para ti, extensivo a toda a família e, muito especialmente, ao Mestre Aldyr; que 2012 nos reserve novos e agradáveis encontros!
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