terça-feira, 20 de setembro de 2011

REVOLUÇÃO FARROUPILHA - O LENÇO FARRAPO




Um dos maiores símbolos da Revolução Farroupilha (ou Guerra dos Farrapos - 1835/1845), o Lenço Farroupilha foi idealizado pelo major Bernardo Pires, um gaúcho de Canguçu, diante da ideia preconizada pelos oficiais republicanos de dotar o movimento de um símbolo mais oficial para substituir o lenço colorado já adotado espontaneamente pelos Farrapos.
Encomendado, via Montevideo, em maio de 1842, para ser confeccionado nos Estados Unidos, a primeira carga do lenço foi descoberta e toda ela queimada (ainda dentro das caixas) pelos imperiais no Porto de Rio Grande; posteriormente, os lenços (provenientes de uma segunda encomenda) chegaram no acampamento volante dos republicanos em Piratini em dezembro de 1843, podendo os Farroupilhas finalmente apreciar a famosa quadrilha existente na indumentária:
"Nos ângulos do continente
O pavilhão tricolor
Se diviza sustentado
Por liberdade e valor".

Peça histórica envergada com orgulho pelos revolucionários já no final do decênio heróico (entre 1844 e 45), não se sabe quantos exemplares chegaram a ser utilizados após a grande queima de 1842, assim como é desconhecido o numero exato de lenços sobreviventes aos mais de 150 anos passados da Revolução Farroupilha.

O historiador Antônio Augusto Fagundes, o Nico (cujo artigo sobre o Lenço Farroupilha publicado na década de 1980 embasa este texto), fala na existência conhecida de apenas sete lenços originais: - um em Rio Grande, no acervo do CTG Mate Amargo, um na Biblioteca Pública de Pelotas, três no Museu Júlio de Castilhos, em Porto Alegre (um deles foi repassado pelo Governador Tarso Genro ao Museu Farroupilha, de Piratini, inaugurado na semana passada), um na coleção da Profª Vera Stédile, de Caxias do Sul, e um em uma escola não identificada de Porto Alegre - sem computar, entretanto, o lenço existente no Castelo de Pedras Altas, do Dr. Assis Brasil, cuja fotografia ilustra este texto, com o que teríamos o registro de oito lenços originais conhecidos em todo o Rio Grande.

Neste dia 20 de setembro, a data máxima dos gaúchos, este pequeno esboço sobre o Lenço Farroupilha, objeto ainda pouco estudado mesmo entre os historiadores que se debruçaram sobre a Revolução dos Farrapos ao longo dos anos.
Nas fotografias:

1) Réplica do Lenço Farroupilha adquirida pelo autor desta página;

2) Lenço original, existente no Castelo de Pedras Altas, fotografado pelo Dr. Sérgio Canhada, em visita que fizemos ao local há cerca de dois anos.

O Sérgio, aliás, escreveu magnífico artigo sobre o Lenço, que não consegui encontrar (que fim levou o blogdocanhada?) para reproduzir aqui.

7 comentários:

Arnóbio Zanottas Pereira disse...

Juninho.

Pergunta ao Canhada se não era um desses lenços que havia no armário do Doutor Aimone. Este lenço o Geraldo, neto dele, deu-o de presente ao Paulinho do Alvião. Está todo puído e em estado lamentável. É quase certo que há um lenço destes no Arroio Grande para aumentar a coleção.
Abraço.

Pedro Jaime Bittencourt Junior disse...

Bah, vou perguntar, é claro. Isso se o Canhada não nos ler por aqui e não se manifestar.
Mas tu não achas que se existisse um lenço original aqui no Arroio Grande o Sérgio já não teria dado um jeito para "tomá-lo de assalto", inclusive do Geraldo, ou do Paulinho do Alvião?
Ou esse provável Lenço Farroupilha estará tão imprestável assim?
Vale conferir.
Abço.
PS - que bom que retomaste o blog. Inclusive já comentei por lá, em cima de uma crônica que fala no gosto de escrever as tuas (nossas) "bobagens", se não me engano.

RaniellySG disse...

Pedro, e como tu conseguiu essa réplica?Eu tenho interesse em um, mas não sei onde achar.Forte Abraço.

Pedro Jaime Bittencourt Junior disse...

Bah, Ranielly, esse é um problema.
O Lenço foi comprado numa Feira na Avenida Bento Gonçalves, em Pelotas, próximo ao 20 de Setembro deste ano.
Era "filho único", e a vendedora, que afirmou ter vendido 1/2 dúzia deles anteriormente, não quis revelar a origem do(s) lenço(s).
Ele também não tem qualquer etiqueta que o identifique; a única coisa que dá para dizer é que, comparado através de fotografias, parece ser realmente uma cópia fiel do original.
Quem sabe se na próxima "Semana Farroupliha" não aparecem mais deles por aqui e aí a gente descobre o fabricante das réplicas, não é?
Se isso acontecer prometo divulgar aqui na página, ok!
Um abraço.

Anônimo disse...

Olá! Vc pode adquirir uma réplica do primeiro lenço farroupilha pelo telefone 53 81369355 ou 51 96890515. Visite o blog www.bahbrasil.blogspot.com que está em contrução. A responsável pelo blog e comercialização das réplicas é a dona dos telefones que informei. Os lenços são lindos e acompanha um folder contando a história dos mesmos. Em Porto Alegre, os lenços são vendidos na Casa do Peão, na Alberto Bins, perto do Banco Central. Espero ter ajudado. Abraço.

Pedro Jaime Bittencourt Junior disse...

Ok! Obrigado pela dica para os amigos e leitores interessados em adquirir o Lenço Farroupilha. Valeu!

Jovem Tur disse...

Apenas uma correção, Bernardo Pires era natural de Piratini e não de Canguçu.