Dia desses, vi no jornal uma fotografia do Jader Faria jogando xadrez num torneio na cidade. Lembrei imediatamente do tempo em que eram disputados os campeonatos de xadrez e de sinuca no Clube do Comércio, numa época em que a entidade ainda aglutinava os seus sócios quase que diariamente, embora já tivesse perdido a tradicional Biblioteca conservada por cerca de meio século.
Mas ainda havia boa diversão no Clube: jogo de cartas, de xadrez e de bilhar, e o Bar que, se já não era mais explorado pelo velho Solano, ainda servia bebidas e aperitivos honestos aos sócios do Comércio.
No xadrez, destacavam-se o Jorge Flôor e o Dr. Nilo Conceição, entre muitos outros de excelente categoria. Na sinuca, além do Herculano Ghan – um mestre do taco –, do Vinícius e do Prego, tinha também a turma mais nova, o Émerson, o Plínio, o Paulinho Freitas, todos bons conhecedores dos caminhos das mesas do Clube.
O Jader Faria costumava disputar os dois torneios – de xadrez e de bilhar – e era exímio jogador em ambos. Uma ocasião, eu, guri de uns 17 anos de idade, me inscrevi para disputar o campeonato de sinuca do Clube. Por azar, a minha partida de estréia caiu logo contra o Jader, e eu fiquei esperando na certeza de que iria me despedir do torneio já na primeira rodada.
Foi então que me ocorreu uma ideia. Já que os campeonatos eram disputados ao mesmo tempo, e tendo o Jader uma partida de xadrez marcada para o mesmo instante da sinuca que deveria jogar contra mim, acertei com a dupla que jogaria depois a inversão da rodada; assim, com a concordância dos disputantes, fiquei aguardando, enquanto o Jader enfrentava o seu adversário no xadrez – o temível Jorge Flôor.
O detalhe é que o Jader jogava o xadrez bebericando um bom whisky e quanto mais à partida contra o Jorge demorava, por parelha, mais aumentavam as minhas chances na sinuca que viria a seguir.
Assim eu esperei, e, depois de cerca de duas, três horas, foi assim que aconteceu.
Eu passei a partida toda “me ficando”, enquanto o Jader, cansado depois de uma longa disputa de xadrez e já com vontade de ir para casa, tentava converter bolas difíceis e errava, enquanto eu ia ficando e acumulando pontos, ficando e acumulando pontos...
Resultado: ganhei, por pouco, mas ganhei, e segui até a semifinal, que perdi, se não me engano para o Zé Guilherme, o Chaleira.
O Jader diz que eu joguei bem, o que deve ter acontecido mesmo, pois do contrário não teria a menor chance contra ele. Mas que aquele tempinho do xadrez contra o Jorge Flôor fez diferença, ah isso fez, e até hoje quando nos encontramos e brincamos sobre a possibilidade de uma eventual “revancha” na sinuca, eu respondo para o Jader que sim, que é possível sim, mas que sem whisky não, aí de jeito nenhum, não mesmo.
Mas ainda havia boa diversão no Clube: jogo de cartas, de xadrez e de bilhar, e o Bar que, se já não era mais explorado pelo velho Solano, ainda servia bebidas e aperitivos honestos aos sócios do Comércio.
No xadrez, destacavam-se o Jorge Flôor e o Dr. Nilo Conceição, entre muitos outros de excelente categoria. Na sinuca, além do Herculano Ghan – um mestre do taco –, do Vinícius e do Prego, tinha também a turma mais nova, o Émerson, o Plínio, o Paulinho Freitas, todos bons conhecedores dos caminhos das mesas do Clube.
O Jader Faria costumava disputar os dois torneios – de xadrez e de bilhar – e era exímio jogador em ambos. Uma ocasião, eu, guri de uns 17 anos de idade, me inscrevi para disputar o campeonato de sinuca do Clube. Por azar, a minha partida de estréia caiu logo contra o Jader, e eu fiquei esperando na certeza de que iria me despedir do torneio já na primeira rodada.
Foi então que me ocorreu uma ideia. Já que os campeonatos eram disputados ao mesmo tempo, e tendo o Jader uma partida de xadrez marcada para o mesmo instante da sinuca que deveria jogar contra mim, acertei com a dupla que jogaria depois a inversão da rodada; assim, com a concordância dos disputantes, fiquei aguardando, enquanto o Jader enfrentava o seu adversário no xadrez – o temível Jorge Flôor.
O detalhe é que o Jader jogava o xadrez bebericando um bom whisky e quanto mais à partida contra o Jorge demorava, por parelha, mais aumentavam as minhas chances na sinuca que viria a seguir.
Assim eu esperei, e, depois de cerca de duas, três horas, foi assim que aconteceu.
Eu passei a partida toda “me ficando”, enquanto o Jader, cansado depois de uma longa disputa de xadrez e já com vontade de ir para casa, tentava converter bolas difíceis e errava, enquanto eu ia ficando e acumulando pontos, ficando e acumulando pontos...
Resultado: ganhei, por pouco, mas ganhei, e segui até a semifinal, que perdi, se não me engano para o Zé Guilherme, o Chaleira.
O Jader diz que eu joguei bem, o que deve ter acontecido mesmo, pois do contrário não teria a menor chance contra ele. Mas que aquele tempinho do xadrez contra o Jorge Flôor fez diferença, ah isso fez, e até hoje quando nos encontramos e brincamos sobre a possibilidade de uma eventual “revancha” na sinuca, eu respondo para o Jader que sim, que é possível sim, mas que sem whisky não, aí de jeito nenhum, não mesmo.
* Revancha, em espanhol, quer dizer também “vingança” (venganza), semelhante ao uso que se dá à expressão em português, onde ‘revanche’ significa oportunidade para recuperar uma perda, uma derrota, mantido, entretanto, o sentido de ‘desforra’.
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