sexta-feira, 10 de abril de 2009

LADO LESTE, LADO OESTE...

O “Tratado de Tordesilhas” proposto pelo Caboclo, onde o Arroio Grande é dividido geograficamente pela BR 116 – de um lado, a várzea, e, do outro, a serra – tem lá a sua sutileza, mas não é nada sem propósito, não é não. Até porque a divisão existe mesmo, sendo que as estirpes da Costa - mais abastadas - acabam tendo maior influência no Município do que as linhagens da Serra, embora isso talvez nada tenha a ver com a diferença estética entre dois tipos - o lavrador da Granja e o peão de Estância -, que é o que, parece, o Caboclo vai explorar no seu filme, eu acho, sei lá.
Mas eu fiquei imaginando um outro tipo de Tratado, não com essa lógica cabocliana, mas mais complicado até, com a cidade se dividindo bem na Dr. Monteiro, ficando com dois lados: o lado leste e o lado oeste do Arroio Grande.
Eu sei que a extensão territorial do lado leste – que vai da sinaleira até a BR – é bem maior do que a do lado oeste – que vai do mesmo ponto até a Silvina Gonçalves, mas, e o arroio Grande onde é que nasce? E a CORSAN, e a CEEE, e a Igreja Matriz, e a Praça Central, e o Gitão, onde é que estão? E o Sindicato Rural e os assentamentos (enfim, próximos?), e o Banco do Brasil, que, afinal, é quem empresta dinheiro para todo mundo por aqui, onde é que ficam?
Não sei não, mas acho que a disputa seria boa, em tudo.
Na política, por exemplo, imaginem a chapa do lado leste - Jorginho-Chorê - contra a chapa do lado oeste Ermínio-Chaleira -, que eleição, hein, já pensaram, que eleição!
E a imprensa da cidade, como ficaria? Do lado oeste, a Rádio Difusora, e os jornais Meridional e A Evolução (enfim, juntos?); do lado leste, a Rádio Studio e o Correio do Sul, todos com seus correspondentes “estrangeiros”, decerto, dando cobertura aos acontecimentos do "outro lado".
Teríamos também a disputa entre colégios – 20 vs. Aimone -, entre churrascos – Eraldo vs. Quixote -, entre os lanches – Geco vs. Maneca -, entre tudo. Disputa de borrachos, disputa de belezas, disputa de chatos... Nossa, não ia ser fácil descobrir que lado tem o maior número de chatos, é parada braba, feia mesmo.
Já no futebol, não tem nem dúvida: caturritas de um lado, sacis do outro e vamos pro jogo; clássico é clássico e viva a rivalidade! Se bem que no carnaval a Promorar e a Grande Arroio teriam que esquecer a dissidência para combater a São Gabriel e a Samba no Pé que se uniriam para... bom, olha o lado leste contra o lado oeste aí, gente!!!
Alguns casos seriam bem interessantes e deveriam gerar muita controvérsia. O Dr. Sérgio Canhada, por exemplo, que mora do lado oeste e tem escritório no lado leste, é lógico que ia reclamar dupla cidadania, e, encrenqueiro do jeito que é, na certa ia querer votar dos dois lados, com direito a recurso, embargos, segunda época, revisão, o diabo...
E o caso do Dr. Paulo Carriconde, então, que atravessa diariamente da casa para o escritório - ambos do lado leste - pela Praça, do lado oeste, fazendo uma espécie de parábola, como é que ficaria? Teria que tirar visto? Pagar pedágio? Carta Verde?
E o Cizico, o Charuto, o Tamanco, todos moradores do lado leste, como fariam para atender a clientela que mantêm no lado oeste? Precisariam de licença especial? Difícil, muito complicado.
Melhor deixar como está, com todo mundo circulando livremente de um lado para o outro, todos com direitos iguais e com uma única cidadania: arroio-grandense. Até porque, com o Sérgio como doble chapa, querendo discutir tratados e convenções à luz do Direito Internacional, a gente ia acabar saindo da Dr. Monteiro direto para a ONU. No mínimo...

2 comentários:

Anônimo disse...

Interessante e divertido.
Quem sabe o autor monta uma competição com estórias engraçadas dos dois lados para ver qual que lado se sai melhor.
Obrigado.

Pedro Jaime Bittencourt Junior disse...

Boa idéia.
Até porque estórias ou histórias do Arroio Grande é que não faltam, de todos os lados da cidade.
Quem sabe o "anônimo" manda alguma para a gente publicar aqui, inclusive se identificando, se for a caso, não é mesmo?
A página estará sempre à disposição.
Abraço.