O “Tratado de Tordesilhas” proposto pelo Caboclo, onde o Arroio Grande é dividido geograficamente pela BR 116 – de um lado, a várzea, e, do outro, a serra – tem lá a sua sutileza, mas não é nada sem propósito, não é não. Até porque a divisão existe mesmo, sendo que as estirpes da Costa - mais abastadas - acabam tendo maior influência no Município do que as linhagens da Serra, embora isso talvez nada tenha a ver com a diferença estética entre dois tipos - o lavrador da Granja e o peão de Estância -, que é o que, parece, o Caboclo vai explorar no seu filme, eu acho, sei lá.
Mas eu fiquei imaginando um outro tipo de Tratado, não com essa lógica cabocliana, mas mais complicado até, com a cidade se dividindo bem na Dr. Monteiro, ficando com dois lados: o lado leste e o lado oeste do Arroio Grande.
Eu sei que a extensão territorial do lado leste – que vai da sinaleira até a BR – é bem maior do que a do lado oeste – que vai do mesmo ponto até a Silvina Gonçalves, mas, e o arroio Grande onde é que nasce? E a CORSAN, e a CEEE, e a Igreja Matriz, e a Praça Central, e o Gitão, onde é que estão? E o Sindicato Rural e os assentamentos (enfim, próximos?), e o Banco do Brasil, que, afinal, é quem empresta dinheiro para todo mundo por aqui, onde é que ficam?
Não sei não, mas acho que a disputa seria boa, em tudo.
Na política, por exemplo, imaginem a chapa do lado leste - Jorginho-Chorê - contra a chapa do lado oeste Ermínio-Chaleira -, que eleição, hein, já pensaram, que eleição!
E a imprensa da cidade, como ficaria? Do lado oeste, a Rádio Difusora, e os jornais Meridional e A Evolução (enfim, juntos?); do lado leste, a Rádio Studio e o Correio do Sul, todos com seus correspondentes “estrangeiros”, decerto, dando cobertura aos acontecimentos do "outro lado".
Teríamos também a disputa entre colégios – 20 vs. Aimone -, entre churrascos – Eraldo vs. Quixote -, entre os lanches – Geco vs. Maneca -, entre tudo. Disputa de borrachos, disputa de belezas, disputa de chatos... Nossa, não ia ser fácil descobrir que lado tem o maior número de chatos, é parada braba, feia mesmo.
Já no futebol, não tem nem dúvida: caturritas de um lado, sacis do outro e vamos pro jogo; clássico é clássico e viva a rivalidade! Se bem que no carnaval a Promorar e a Grande Arroio teriam que esquecer a dissidência para combater a São Gabriel e a Samba no Pé que se uniriam para... bom, olha o lado leste contra o lado oeste aí, gente!!!
Alguns casos seriam bem interessantes e deveriam gerar muita controvérsia. O Dr. Sérgio Canhada, por exemplo, que mora do lado oeste e tem escritório no lado leste, é lógico que ia reclamar dupla cidadania, e, encrenqueiro do jeito que é, na certa ia querer votar dos dois lados, com direito a recurso, embargos, segunda época, revisão, o diabo...
E o caso do Dr. Paulo Carriconde, então, que atravessa diariamente da casa para o escritório - ambos do lado leste - pela Praça, do lado oeste, fazendo uma espécie de parábola, como é que ficaria? Teria que tirar visto? Pagar pedágio? Carta Verde?
E o Cizico, o Charuto, o Tamanco, todos moradores do lado leste, como fariam para atender a clientela que mantêm no lado oeste? Precisariam de licença especial? Difícil, muito complicado.
Melhor deixar como está, com todo mundo circulando livremente de um lado para o outro, todos com direitos iguais e com uma única cidadania: arroio-grandense. Até porque, com o Sérgio como doble chapa, querendo discutir tratados e convenções à luz do Direito Internacional, a gente ia acabar saindo da Dr. Monteiro direto para a ONU. No mínimo...
Mas eu fiquei imaginando um outro tipo de Tratado, não com essa lógica cabocliana, mas mais complicado até, com a cidade se dividindo bem na Dr. Monteiro, ficando com dois lados: o lado leste e o lado oeste do Arroio Grande.
Eu sei que a extensão territorial do lado leste – que vai da sinaleira até a BR – é bem maior do que a do lado oeste – que vai do mesmo ponto até a Silvina Gonçalves, mas, e o arroio Grande onde é que nasce? E a CORSAN, e a CEEE, e a Igreja Matriz, e a Praça Central, e o Gitão, onde é que estão? E o Sindicato Rural e os assentamentos (enfim, próximos?), e o Banco do Brasil, que, afinal, é quem empresta dinheiro para todo mundo por aqui, onde é que ficam?
Não sei não, mas acho que a disputa seria boa, em tudo.
Na política, por exemplo, imaginem a chapa do lado leste - Jorginho-Chorê - contra a chapa do lado oeste Ermínio-Chaleira -, que eleição, hein, já pensaram, que eleição!
E a imprensa da cidade, como ficaria? Do lado oeste, a Rádio Difusora, e os jornais Meridional e A Evolução (enfim, juntos?); do lado leste, a Rádio Studio e o Correio do Sul, todos com seus correspondentes “estrangeiros”, decerto, dando cobertura aos acontecimentos do "outro lado".
Teríamos também a disputa entre colégios – 20 vs. Aimone -, entre churrascos – Eraldo vs. Quixote -, entre os lanches – Geco vs. Maneca -, entre tudo. Disputa de borrachos, disputa de belezas, disputa de chatos... Nossa, não ia ser fácil descobrir que lado tem o maior número de chatos, é parada braba, feia mesmo.
Já no futebol, não tem nem dúvida: caturritas de um lado, sacis do outro e vamos pro jogo; clássico é clássico e viva a rivalidade! Se bem que no carnaval a Promorar e a Grande Arroio teriam que esquecer a dissidência para combater a São Gabriel e a Samba no Pé que se uniriam para... bom, olha o lado leste contra o lado oeste aí, gente!!!
Alguns casos seriam bem interessantes e deveriam gerar muita controvérsia. O Dr. Sérgio Canhada, por exemplo, que mora do lado oeste e tem escritório no lado leste, é lógico que ia reclamar dupla cidadania, e, encrenqueiro do jeito que é, na certa ia querer votar dos dois lados, com direito a recurso, embargos, segunda época, revisão, o diabo...
E o caso do Dr. Paulo Carriconde, então, que atravessa diariamente da casa para o escritório - ambos do lado leste - pela Praça, do lado oeste, fazendo uma espécie de parábola, como é que ficaria? Teria que tirar visto? Pagar pedágio? Carta Verde?
E o Cizico, o Charuto, o Tamanco, todos moradores do lado leste, como fariam para atender a clientela que mantêm no lado oeste? Precisariam de licença especial? Difícil, muito complicado.
Melhor deixar como está, com todo mundo circulando livremente de um lado para o outro, todos com direitos iguais e com uma única cidadania: arroio-grandense. Até porque, com o Sérgio como doble chapa, querendo discutir tratados e convenções à luz do Direito Internacional, a gente ia acabar saindo da Dr. Monteiro direto para a ONU. No mínimo...
2 comentários:
Interessante e divertido.
Quem sabe o autor monta uma competição com estórias engraçadas dos dois lados para ver qual que lado se sai melhor.
Obrigado.
Boa idéia.
Até porque estórias ou histórias do Arroio Grande é que não faltam, de todos os lados da cidade.
Quem sabe o "anônimo" manda alguma para a gente publicar aqui, inclusive se identificando, se for a caso, não é mesmo?
A página estará sempre à disposição.
Abraço.
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