Bueno,
a sexta-feira já foi, o negócio agora é levantar e beber alguma
coisa para resolver de vez essa ressaca. Eu não devia era ter
misturado... Também, que ideia foi aquela de passar no Travança
para tomar a saideira ao clarear do dia? Paciência, o negócio agora
é limpar essa secura com laranja ou limão. Será que o pai trouxe
Crush, do Rio Branco? Senão, tá tranquilo, deve ter Minuano na
geladeira. Mas o que me atrapalha mesmo é a mãe ter ido com ele
para o Hermenegildo. E agora, bóia aonde? No Cilinho, no Élvio
Brasil ou no Mulita? Os três locos de bom, baita comida caseira, mas
daí vou ter que gastar, né, e hoje é sábado, dia de festerê por
aqui… Já sei, vou filar o rango lá na Dona Alicinha. Ali é a
minha segunda casa, ela e o Fuzuca são gente maravilhosa e, afinal,
quem alimenta dez, uma boca a mais... O brabo é aguentar os guris,
cada um achando que joga mais que o outro... Mas está resolvido, vou
lá na Máximo Pereira, na “esquina dos bons”, como eles dizem.
Putz, o problema é por onde eu saio daqui… Se for em linha reta,
pela Júlio de Castilhos, vou acabar me encontrando com o Brenda, na
frente do Quitandinha, e daí já começa o trago de novo. E dale a
gente falar no Martha Rocha. Que falta nos faz aquela cabeça! Se o
Seu Moacir Prestes aparecer, então o assunto vai ser um só:
Brizola. Não o filho dele, o Luizinho, mas o ex-governador, o
Leonel, que acabou de voltar para o Brasil. Quinze anos exilado, como
é que pode? Bueno… Se eu for pelo Centro, a passada pela Top Set é
mortal, ainda mais nesse horário com a turma do aperitivo toda por
ali. O Jacques, o velho Cabrito, o Camarão… Não!!! (Falando no
Marco Aurélio, periga até já ter se mandado para o Herval,
apaixonado que está. Quando vê esse loco ainda se casa e acaba
virando prefeito por lá. Quem é que duvida?). Bah, pelo Centro não
dá, é melhor nem passar por perto… Se bem que se eu for pelo lado
direito, têm o Formigueiro e, lá adiante, a casa do Campeão...
Jesus! Como é difícil escapar da birita aqui no Arroio Grande.
Imagina se um dia tiver uma epidemia qualquer, uma doença dessas que
vem de longe, e a gente precisar ficar em casa, em quarentena? Kkk.
Que ideia mais ridícula, isso nunca vai acontecer, estamos no início
dos anos 1980 e em seguida já devem descobrir todas as curas... Bom,
o certo é que vou almoçar lá no Seu Issa, daí já peço pr0o
Cizico algum palpite para o jogo do bicho. Ele jura que é pé
quente! Depois da bóia, o negócio é uma sestiada e esperar pela
noite… Hoje é sábado. Dia de achar uma desculpa para deixar as
namoradas em casa mais cedo e se mandar para o Guarani ou para o
Canecão. Eu sei, eu sei... Podem censurar que eu aceito. As coisas
estão mudando, e, dentro de pouco tempo, estúpidos como nós, que
fazem isso daí, vão ouvir muitas e boas. Pela cafajestice, pelo
machismo, pela indignidade, pela vileza, e sei lá mais o quê. Mas –
que diabos! – o primeiro passo para a gente corrigir as nossas
infâmias é assumindo-as, não é mesmo? Não? Tá bem, tá bem… E
não é querer defender, mas se os bailes de campanha – o Baile do
Diomar, o do Beca, o do Doca, o Baile do Salvador e outros – já
não são a mesma coisa e alguns até nem existem mais, querem que a
gente faça o quê? Que fique em casa assistindo a Sessão Coruja?
(Se bem que uma sessão coruja do lado da namorada…). Está
justificado? Também não? Vamos pular essa parte então – ataia,
ataia… Bueno, amanhã, se o Pedro tiver retornado, deve assar a
linguiça comprada no Artur, lá de perto da Morocha. Isso se não
encomendou galinha ao molho pardo da Maria do Mário. Tudo porque é
início de outono e o Duca e o João Mendes não começaram ainda a
vender mocotó, a verdadeira comida dos domingos. Domingo…Dia
também do futebol. PQP! Tinha esquecido. Vai ter Clássico na
Avenida! Mais um baita programa no fim de semana... Bueno, se o Saci
vencer mais essa eu vou para a carreata. Ao som da Farroupilha! (A
cara que o maestro Joãozinho faz quando o Feijão chega para tocar
com os zoinho apertados é algo...). Mas caso dê zebra e a gente
perder, o negócio é ir para casa e sumir por um mês. Não dá para
aguentar a flauta do Dante e do Prego no Café do Tritri. Ainda mais
agora que surgiu a Difusora para transmitir os jogos… Grande João
Saraiva! Sonhou décadas, lutou anos e conseguiu colocar uma Rádio
no ar. Será que vai durar? Será que daqui a 30 ou 40 anos a gente
vai ter algum motivo para não sair às ruas e permanecer quieto
assistindo televisão ou escutando a rádio da nossa cidade a nos
dizer: “Fique em casa!”? Será?
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Imagens: Clube Guarani –
Blog da Sec. Mun. de Cultura. Post de Ricardo Freitas (Donga) em
14.09.2010.
Banda Farroupilha – Acervo
do autor por doação de Paulo Ricardo Carduz Lúcio (Mingau).
Sobre os “clássicos” de
futebol eu vou contar no outro domingo. Na terceira e última parte
do “Fim de semana no Arroio Grande”, para bem antes da
quarentena...
Enquanto isso, escuta as
autoridades da saúde e só sai em caso de necessidade. Te cuida!
#ficaemcasa
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