Sabe
aquela? Da notícia ruim e da notícia boa? Pois vou começar dando
logo a má notícia. Não teve
Clássico! A partida foi novamente adiada. Eu sei, eu sei. Eu prometi
aqui, no
final de semana que
passou, contar sobre os clássicos.
Mas – que diabos! – o que eu posso fazer se os dirigentes
inventaram de melar o jogo? Parece que fica um com medo de perder
para o outro. Daí colocam mil empecilhos na Federação. E o jogo
não saiu.
De novo! Estamos no início dos anos 1980, quase cinco décadas de
Clássico, e a rivalidade só aumenta por aqui. Entre torcedores,
jogadores e cartolas.
Bueno, mas uma hora vou perguntar para os meus amigos, o Papaco e o
Silvinho Ferreira, porquê, afinal, o jogo de domingo não
aconteceu?
Aliás, falando no Tio Izo,
acho que um dos primeiros tragos que eu
tomei
foi na festa de um ano daquele menino dele, o Sílvio Antônio, não
faz nem meia dúzia de anos... Aquela tchurma de borrachos toda lá e
eu, gurizão, no meio, me sentindo o cara. Comes e bebes a rolê.
Quem servia era o Dé. Vinha quase sempre com duas bandejas,
mostrando toda a sua habilidade, brincalhão e sorridente, como de
costume. Quando a gente abusava e enchia a mão de salgadinhos, ou
pegava logo dois copos de wuisque, para misturar ao guaraná, o Dé
fechava a cara e soltava um esbravejo: “Mas o quê! Não vão parar
de comer? Seus mortos de fome! Cadê a finééésse para vir para uma
festa, hein, cadê?”… E nós nos finando de rir da finééésse
espichadíssima do Dedéco. Pois é lembrando do Dé que eu trago
agora a boa notícia. O Miss Mulata Zona Sul, organizado por ele, foi
o maior suuuceeessso. O Dé está nas nuvens! Também não é para
menos, o evento, que começou com pequenas pretensões, está agora
ganhando repercussão em todo o Estado. Lembro que há pouco tempo,
eu entrei no prédio da Câmara de Vereadores, e o Dé lá estava,
utilizando o telefone cedido pela casa legislativa para fazer os seus
contatos na promoção da festa. Quando eu fui cumprimentá-lo, o Dé,
antes mesmo de me dizer bom dia, começou a gaguejar e soltou –
“Cacaca…cacaca... Carazinho!” – conseguiu
exclamar.
Então, diante da palidez assustadora do meu amigo, eu perguntei: Que
é que tem Carazinho, Dé? E ele, nervoso, sempre gaguejando: “Coo...
coo… coonfirmou!”. Eu repliquei: Ué, mas tu não deverias estar
feliz? Mais um município confirmando. E o Dé, exasperado – “Tu
não estás entendendo, queridiiinho. É o vigésimo que me confirma!
E onde que eu vou botar essa gente toda???”. Pois não é que ele,
o Antônio Carlos da Conceição, vem arrumando lugar para todo
mundo, e fazendo do Miss Mulata um evento que está dando o que falar
nestes anos 80… Assim como os clássicos do futebol, que também
vão continuar sendo muito comentados por aqui. Seja no bar do
Eraldo, afinadíssimo com os Caturritas, seja no restaurante do
Formigueiro, tradicional reduto dos Sacis.
Por falar no Formigueiro, quem está seguido
por ali, conversando, é o Gilberto Nobre, o barbeiro, criador do
bloco de carnaval mais famoso da cidade, o “Papagaio da Rua Nova”,
representado por bonecos enormes, semelhantes aos de Olinda, em
Pernambuco. Têm o morcego,
o gigante, o gorila e o próprio papagaio, entre diversos personagens
que assustam e ao mesmo tempo encantam a garotada. Antes mesmo do
“Papagaio”, o Gilberto já havia criado o “Bloco da Falsa
Baiana”, lá pelo final dos anos 1940. Próximo a esse período,
teve também o bloco “Sempre Reinando”, este parece que
idealizado pelo Alvião Lúcio. Do carnaval daqui, aliás,
daria para falar um monte… (Se
algum
dia existirem
na cidade, Escolas
de Samba além
da
Pé de Arroz, criada
pelo Luizinho Fotógrafo, tenho
certeza que
vou
torcer para a do bairro mais afastado. E, se deixarem, até de
compositor do samba enredo eu vou me atirar, já vou avisando)…
Mas,
afinal, qual era mesmo o nosso assunto? Bah, lembrei, o Clássico!
Que fica nesse “sai não sai” toda a semana… Mas,
me disse o meu amigo, Gadanha, que no
próximo domingo,
ou
no
feriado de
1º de maio,
vai
ter jogo, de qualquer maneira. Bueno,
se
a partida não acontecer, vou falar dos clássicos que vi e dos que
me contaram, neste quase meio século de disputa. Mas que eu estou
louco para assistir a uma partida de verdade, ah, isso estou. E
acredito que todos estejam querendo a mesma coisa por
aqui.
Ver
um
jogo de futebol, um concurso de misses, um show musical ao ar livre,
uma festa num bar, bingo, carreira, gincana, quermesse, pernada
esportiva, qualquer coisa que tenha povo!
Será que a gente ainda vai ter que esperar muito tempo para fazer
ajuntamento de novo? Hein?
O Formigueiro (Jandir Pereira dos Santos), com um abridor na mão, na primeira imagem, e segurando com um copo, na outra fotografia.
Gilberto Nobre, está de camisa quadriculada, ao lado do Formigueiro,
na primeira imagem, e com um cigarro na mão esquerda, na outra fotografia.
(Acervo do autor, por doação de Jari Kerchner Nobre-“Sabão”).
A primeira imagem foi postada no blog autorretratopedro em 1º de
novembro de 2012.
Pela ordem: Bloco Papagaio da Rua Nova (acervo de Antônio Augusto Añana-“Nico”);
Bloco da Falsa Baiana e Bloco Sempre Reinando (acervo do autor por
doações de Jari K. Nobre e Paulinho Lúcio, respectivamente).
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