Nas fotografias: Arizinho, com a cantora Cláudia Barroso, no Clube do Comércio de Arroio Grande, em show nos anos 70 (acima); e na volta olímpica, como Tri campeão estadual amador, com o E. C. Arroio Grande, em Sobradinho, 1991 (abaixo).
Ari Coelho Rodrigues, o Arizinho, ou Ari do Povo, nasceu em 08/12/1933 e faleceu em 19/08/2009, em Arroio Grande. Político, Ari do Povo foi vereador em diversas oportunidades, concorrendo inclusive a Prefeito, no ano de 1982, sem, entretanto, conseguir a eleição, mas auxiliando, e muito, na sub-legenda. Como desportista, Arizinho foi jogador e técnico dos dois grandes Clubes da cidade - Esporte Clube Arroio Grande e Grêmio Esportivo Internacional -, sendo mais identificado com o Clube Saci, por quem se tornou multicampeão - da Cidade, da Zona Sul e do Estado. Bem humorado, falante e fólclorico, Arizinho protagonizou ótimas histórias, especialmente no meio do futebol, como a que aparece na crônica abaixo, publicada recentemente no jornal "A Evolução".
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O Campeonato Municipal de Futebol de Campo estava previsto para iniciar neste mês de agosto, mas foi adiado, parece que para novembro. Seriam (serão) disputadas as Taças Ari Coelho Rodrigues e Osvaldo Brito, numa justa homenagem a dois símbolos do futebol local. O Osvaldo, felizmente, está aqui perto da gente, e parece já ter superado os sustos que deu na família e nos amigos há cerca de um ano, mais ou menos.
Mas a disputa do Campeonato, se tivesse realmente iniciado em agosto, deveria coincidir com a morte do Ari, ocorrida em 19/08/2009. Puxa, dois anos já sem o Arizinho, o Ari do Povo. Futebol com menos graça, com menos vibração, com menos alegria. O Ari sempre foi um cara bem humorado, de bem com tudo, um protagonista de muitas histórias. Como esta que ele nos deixou e que está contada na íntegra no livro O “Clássico” – Uma história de Paixão, obra que o Arizinho ajudou a construir como grande personagem que foi do futebol local.
“Ano de 2001, Clássico em homenagem ao Dia do Trabalhador. Como treinador do Arroio Grande, o Ari estava preocupado. Por algumas questões, teria que deixar no banco de reservas o ponteiro direito Cabrito, um dos grandes nomes do título mais importante da história Saci – Tricampeão Estadual de Amadores –, conquistado dez anos antes, na cidade de Sobradinho.
Ao cruzar com o jogador, na manhã da partida, Ari resolveu aproveitar a oportunidade para “prepará-lo” quanto as suas intenções.
– Cabritinho – disse – eu 'tava pensando e acho que vou te deixar no banco; imagina, com a força e a velocidade que tu tens, se a gente 'tiver perdendo tu entra e a gente vira o jogo em cima deles.
– Ah é, o Senhor acha, Seu Ari? – disse o Cabrito, estranhando a manifestação do “Chefe”, pois acreditava que seria o titular do amistoso.
Percebendo que a conversa não caíra bem junto ao jogador, e tentando ser diplomático, Arizinho busca ajeitar a situação:
– Acho, Cabritinho, acho... Inclusive tu nem ta bem preparado e tem tudo pra ser um jogo duro, difícil; daí se a gente 'tiver empatando, eu te boto em campo e a gente ganha o jogo deles.
O Cabrito, sempre estranhando, e diante das “possibilidades” que o Ari estava lançando, faz a pergunta que ficara 'picando' diante dele:
– Tudo bem Seu Ari, mas e se a gente ‘tiver ganhando?
– Bah, aí que goleada que nós 'metemo' neles, hein Cabritinho, que goleadinha... – disse o Ari, saindo ligeiro para se encontrar com o restante do grupo no Estádio da Avenida.
Como o Cabrito permanecesse inconformado, insistindo em reverter a situação, o Ari aproveitou um momento em que Cláudio Ávila, o popular “Gadanha”, testemunhou as queixas do jogador, para dar um jeito na discussão e encerrar de vez o assunto. Disse:
– Visse Gadanha, visse... Como ta nervoso o Cabritinho, não para de me interpelar; assim eu não vou poder escalar ele como titular, né, ta que é uma pilha de nervosinho!
E deixou o Cabrito no banco de reservas...”
Mas a disputa do Campeonato, se tivesse realmente iniciado em agosto, deveria coincidir com a morte do Ari, ocorrida em 19/08/2009. Puxa, dois anos já sem o Arizinho, o Ari do Povo. Futebol com menos graça, com menos vibração, com menos alegria. O Ari sempre foi um cara bem humorado, de bem com tudo, um protagonista de muitas histórias. Como esta que ele nos deixou e que está contada na íntegra no livro O “Clássico” – Uma história de Paixão, obra que o Arizinho ajudou a construir como grande personagem que foi do futebol local.
“Ano de 2001, Clássico em homenagem ao Dia do Trabalhador. Como treinador do Arroio Grande, o Ari estava preocupado. Por algumas questões, teria que deixar no banco de reservas o ponteiro direito Cabrito, um dos grandes nomes do título mais importante da história Saci – Tricampeão Estadual de Amadores –, conquistado dez anos antes, na cidade de Sobradinho.
Ao cruzar com o jogador, na manhã da partida, Ari resolveu aproveitar a oportunidade para “prepará-lo” quanto as suas intenções.
– Cabritinho – disse – eu 'tava pensando e acho que vou te deixar no banco; imagina, com a força e a velocidade que tu tens, se a gente 'tiver perdendo tu entra e a gente vira o jogo em cima deles.
– Ah é, o Senhor acha, Seu Ari? – disse o Cabrito, estranhando a manifestação do “Chefe”, pois acreditava que seria o titular do amistoso.
Percebendo que a conversa não caíra bem junto ao jogador, e tentando ser diplomático, Arizinho busca ajeitar a situação:
– Acho, Cabritinho, acho... Inclusive tu nem ta bem preparado e tem tudo pra ser um jogo duro, difícil; daí se a gente 'tiver empatando, eu te boto em campo e a gente ganha o jogo deles.
O Cabrito, sempre estranhando, e diante das “possibilidades” que o Ari estava lançando, faz a pergunta que ficara 'picando' diante dele:
– Tudo bem Seu Ari, mas e se a gente ‘tiver ganhando?
– Bah, aí que goleada que nós 'metemo' neles, hein Cabritinho, que goleadinha... – disse o Ari, saindo ligeiro para se encontrar com o restante do grupo no Estádio da Avenida.
Como o Cabrito permanecesse inconformado, insistindo em reverter a situação, o Ari aproveitou um momento em que Cláudio Ávila, o popular “Gadanha”, testemunhou as queixas do jogador, para dar um jeito na discussão e encerrar de vez o assunto. Disse:
– Visse Gadanha, visse... Como ta nervoso o Cabritinho, não para de me interpelar; assim eu não vou poder escalar ele como titular, né, ta que é uma pilha de nervosinho!
E deixou o Cabrito no banco de reservas...”
2 comentários:
Estive por aqui. Gostei do registro "O Clássico - Uma história de Paixão". Irei retribuir com um livro dos Professores Carnielli & Epstein - Pensamento Crítico: O poder da lógica e da argumentação. Penso que será um belo instrumento auxiliar para sua atividade. Um velho abraço. Solismar.
Valeu, Solismar.
Espero que o livro te proporcione bons momentos e que possas "matar a saudade" da terrinha no encontro com os inúmeros personagens e com as mais variadas histórias que aparecem no "Clássico", ao longo dos seus quase 60 anos.
Não precisas retribuir com nada, mas fica a vontade para presentear o autor como quiseres;
de repente volto a revisar o meu "Lógica formal e lógica dialética" do Henry Lefvebre, para encaminharmos algumas discussões.
Abço.
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