Um dos episódios mais interessantes da história do Rio Grande do Sul, assim como do próprio Brasil – a Legalidade – está completando 50 anos neste final de agosto.
Como é sabido, o Movimento (ou Campanha) da Legalidade foi deflagrado no Rio Grande do Sul para garantir a posse do Vice-Presidente João Goulart quando da renúncia do Presidente Jânio Quadros, por pressão das famosas “forças terríveis” (uma explosiva mistura de Whisky, com militares, com Carlos Lacerda...), o que ocorreu no dia 25 de agosto de 1961.
Consumada a renúncia de Jânio, e como Jango estivesse fora do Brasil (em visita oficial a Cingapura), os ministros militares, contrários à posse de Goulart sob o argumento de que o gaúcho iria promover a “comunização” do País (e Jango nem comunista era), resolveram agir rápido e declararam “a absoluta inconveniência, por motivos de segurança nacional, do regresso ao País do Vice-Presidente”. Ato contínuo, ameaçaram prendê-lo caso voltasse ao Brasil.
No Rio Grande do Sul, o Governador Leonel Brizola reagiu e mobilizou militares, imprensa, artistas e a população civil para articular uma oposição ao golpe, pois havendo sido Jango eleito Vice-Presidente democraticamente nada justificava que não se cumprisse a Constituição.
Entre tantos episódios que marcaram o Movimento – trincheiras no Piratini, encampação da Rádio Guaíba, hino da Legalidade –, encontra-se a adesão do Comandante do 3° Exército do Rio Grande do Sul, Machado Lopes à Legalidade (“o 3° Exército não aceita solução fora da Constituição”), ficando ao lado de Brizola e contra o poder militar.
Em conseqüência, o Ministro da Guerra Odílio Denys resolveu substituir Machado Lopes pelo histórico Cordeiro de Farias, que, entretanto, nem chegou a Porto Alegre, pois a resistência no Rio Grande do Sul foi tão forte que impossibilitou o deslocamento do avião do velho General à Capital dos gaúchos.
Da mesma forma, os Sargentos da Aeronáutica sufocaram uma ordem de atentado ao Palácio Piratini e à própria população gaúcha, já que, por determinação do Ministro Orlando Geisel, a Força Aérea estava autorizada a realizar “inclusive o bombardeio, se necessário” sobre Porto Alegre.
De Arroio Grande, é conhecida a participação do conterrâneo Marcial Ribeiro ao lado dos legalistas, numa resistência que obteve sucesso, já que o Movimento resultou na posse de João Goulart, ainda que através de uma solução encontrada fora da Constituição – o parlamentarismo. A Legalidade teve diversas virtudes, assim como teve o mérito de “retardar” o Golpe Militar esboçado em 1961, que acabou ocorrendo quase três anos mais tarde – em 31 de março de 1964.
E a diferença entre os dois Movimentos – Legalidade x Golpe –, vai além da própria expressão, pois o resultado do primeiro, que mostrou mobilização, resistência, coragem, cidadania..., contrapõe-se radicalmente ao segundo que, embora travestido de “Revolução” durante mais de duas décadas, tem hoje as suas consequências cada vez mais transparentes, para quem quiser julgar.
Como é sabido, o Movimento (ou Campanha) da Legalidade foi deflagrado no Rio Grande do Sul para garantir a posse do Vice-Presidente João Goulart quando da renúncia do Presidente Jânio Quadros, por pressão das famosas “forças terríveis” (uma explosiva mistura de Whisky, com militares, com Carlos Lacerda...), o que ocorreu no dia 25 de agosto de 1961.
Consumada a renúncia de Jânio, e como Jango estivesse fora do Brasil (em visita oficial a Cingapura), os ministros militares, contrários à posse de Goulart sob o argumento de que o gaúcho iria promover a “comunização” do País (e Jango nem comunista era), resolveram agir rápido e declararam “a absoluta inconveniência, por motivos de segurança nacional, do regresso ao País do Vice-Presidente”. Ato contínuo, ameaçaram prendê-lo caso voltasse ao Brasil.
No Rio Grande do Sul, o Governador Leonel Brizola reagiu e mobilizou militares, imprensa, artistas e a população civil para articular uma oposição ao golpe, pois havendo sido Jango eleito Vice-Presidente democraticamente nada justificava que não se cumprisse a Constituição.
Entre tantos episódios que marcaram o Movimento – trincheiras no Piratini, encampação da Rádio Guaíba, hino da Legalidade –, encontra-se a adesão do Comandante do 3° Exército do Rio Grande do Sul, Machado Lopes à Legalidade (“o 3° Exército não aceita solução fora da Constituição”), ficando ao lado de Brizola e contra o poder militar.
Em conseqüência, o Ministro da Guerra Odílio Denys resolveu substituir Machado Lopes pelo histórico Cordeiro de Farias, que, entretanto, nem chegou a Porto Alegre, pois a resistência no Rio Grande do Sul foi tão forte que impossibilitou o deslocamento do avião do velho General à Capital dos gaúchos.
Da mesma forma, os Sargentos da Aeronáutica sufocaram uma ordem de atentado ao Palácio Piratini e à própria população gaúcha, já que, por determinação do Ministro Orlando Geisel, a Força Aérea estava autorizada a realizar “inclusive o bombardeio, se necessário” sobre Porto Alegre.
De Arroio Grande, é conhecida a participação do conterrâneo Marcial Ribeiro ao lado dos legalistas, numa resistência que obteve sucesso, já que o Movimento resultou na posse de João Goulart, ainda que através de uma solução encontrada fora da Constituição – o parlamentarismo. A Legalidade teve diversas virtudes, assim como teve o mérito de “retardar” o Golpe Militar esboçado em 1961, que acabou ocorrendo quase três anos mais tarde – em 31 de março de 1964.
E a diferença entre os dois Movimentos – Legalidade x Golpe –, vai além da própria expressão, pois o resultado do primeiro, que mostrou mobilização, resistência, coragem, cidadania..., contrapõe-se radicalmente ao segundo que, embora travestido de “Revolução” durante mais de duas décadas, tem hoje as suas consequências cada vez mais transparentes, para quem quiser julgar.
Marcial Ribeiro (o segundo a partir da direita) na Base Aérea de Canoas, em almoço comemorativo à posse de João Goulart - 7 de setembro de 1961.