“Fui assistir ao mais novo filme do Domingos Oliveira”.
“O filme chama-se Juventude (...); é inteligente, melancólico e divertidíssimo...”. Trata da história de três homens “fazendo um compacto dos seus melhores e piores momentos, dando sabor às cafajestadas inerentes à raça e ao mesmo tempo demonstrando uma sensibilidade e uma propensão ao afeto que nem sempre os homens expõem”.
“Pensei: são três caras cultos, vividos, com um humor refinado. Como seria o encontro de três cascas-grossas? A tendência é imaginar que daria em baixaria, mas talvez não: todos os homens se apaixonam, sentem saudade, temem a morte, contam vantagem, são bons amigos. Três cascas grossas poderiam fazer piadas mais toscas, ter um vocabulário mais limitado, mas é provável que, diante da velhice, também se revelassem ternos, até mais ternos que nós (...), que quando nos reunimos discutimos a passagem do tempo mais pelo ponto de vista estético do que emocional, e não raro nos queixamos dos antigos amores em vez de homenageá-los.
Homens bacanas mantêm sua juventude rindo deles próprios e preservando um olhar adocicado em direção às mulheres que lhes fizeram felizes. São grandes meninos”.
Não, não, não, não, não. O texto aí de cima não foi escrito por um amador como eu, ou por um profissional do gênero masculino como o David Coimbra, e nem está se referindo a filmografia machista e cafajeste do Jece Valadão. Não. O texto aí de cima, falando sobre o filme “Juventude”, do diretor brasileiro Domingos Oliveira, é da Martha Medeiros, a Martha que - sem ser exatamente um símbolo do feminismo - escreve normalmente o que as mulheres pensam, ou o que pensam que gostariam de pensar.
Aliás, poucos se atreveriam a festejar, como fez a Martha, um roteiro que examina a velhice e a passagem do tempo com tons de juventude, sob a ótica exclusivamente masculina, sem mulheres por perto, e, mesmo assim (ou quem sabe por isso), permitindo que os homens do filme não percam a ternura jamais.
Os homens não se arriscam a tanto, pois quando o fazem são vistos - por eles próprios e pelas mulheres -, como imaturos, tolos, infantis. E nunca, como disse a Martha, como grandes meninos.
Por isso, senhoras mulheres, antes de se queixarem que nós, homens, somos sempre a razão das dores de cabeça, do amargor, da depressão; antes de concluírem que somos o motivo dos quilos a mais, das estrias e até da celulite; antes da raiva escancarada, do rancor exacerbado, do ódio descontrolado; de nos esculacharem publicamente a cada crise da relação – quando revelam que dormimos com camiseta rasgada, que usamos cuecas encardidas, e – aí, suprema humilhação! – que temos cérebro e pinto pequenos -, comportem-se também como grandes meninas, e, antes de discutirem a passagem do tempo mais pelo ponto de vista estético do que emocional, leiam a Martha, meninas, por favor, leiam a Martha.
“O filme chama-se Juventude (...); é inteligente, melancólico e divertidíssimo...”. Trata da história de três homens “fazendo um compacto dos seus melhores e piores momentos, dando sabor às cafajestadas inerentes à raça e ao mesmo tempo demonstrando uma sensibilidade e uma propensão ao afeto que nem sempre os homens expõem”.
“Pensei: são três caras cultos, vividos, com um humor refinado. Como seria o encontro de três cascas-grossas? A tendência é imaginar que daria em baixaria, mas talvez não: todos os homens se apaixonam, sentem saudade, temem a morte, contam vantagem, são bons amigos. Três cascas grossas poderiam fazer piadas mais toscas, ter um vocabulário mais limitado, mas é provável que, diante da velhice, também se revelassem ternos, até mais ternos que nós (...), que quando nos reunimos discutimos a passagem do tempo mais pelo ponto de vista estético do que emocional, e não raro nos queixamos dos antigos amores em vez de homenageá-los.
Homens bacanas mantêm sua juventude rindo deles próprios e preservando um olhar adocicado em direção às mulheres que lhes fizeram felizes. São grandes meninos”.
Não, não, não, não, não. O texto aí de cima não foi escrito por um amador como eu, ou por um profissional do gênero masculino como o David Coimbra, e nem está se referindo a filmografia machista e cafajeste do Jece Valadão. Não. O texto aí de cima, falando sobre o filme “Juventude”, do diretor brasileiro Domingos Oliveira, é da Martha Medeiros, a Martha que - sem ser exatamente um símbolo do feminismo - escreve normalmente o que as mulheres pensam, ou o que pensam que gostariam de pensar.
Aliás, poucos se atreveriam a festejar, como fez a Martha, um roteiro que examina a velhice e a passagem do tempo com tons de juventude, sob a ótica exclusivamente masculina, sem mulheres por perto, e, mesmo assim (ou quem sabe por isso), permitindo que os homens do filme não percam a ternura jamais.
Os homens não se arriscam a tanto, pois quando o fazem são vistos - por eles próprios e pelas mulheres -, como imaturos, tolos, infantis. E nunca, como disse a Martha, como grandes meninos.
Por isso, senhoras mulheres, antes de se queixarem que nós, homens, somos sempre a razão das dores de cabeça, do amargor, da depressão; antes de concluírem que somos o motivo dos quilos a mais, das estrias e até da celulite; antes da raiva escancarada, do rancor exacerbado, do ódio descontrolado; de nos esculacharem publicamente a cada crise da relação – quando revelam que dormimos com camiseta rasgada, que usamos cuecas encardidas, e – aí, suprema humilhação! – que temos cérebro e pinto pequenos -, comportem-se também como grandes meninas, e, antes de discutirem a passagem do tempo mais pelo ponto de vista estético do que emocional, leiam a Martha, meninas, por favor, leiam a Martha.
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