sábado, 28 de março de 2009

1 9 7 7

No final de semana passado, eu fui até Pelotas para participar de um encontro de ex-militantes do movimento estudantil no período de 1977 a 1984, durante a ditadura militar.
Para começar, quero deixar bem claro que eu não tive nenhuma participação importante no movimento estudantil no referido período, muito embora tivesse feito parte do DCE do Direito da Federal, a convite do meu amigo Luís Carlos Gastal, que foi Presidente do Diretório, lá pelos idos de 1980.
Entretanto, um fato absolutamente fortuito, circunstancial, ocorrido um pouco antes, em 1977, me colocou como testemunha de um acontecimento importante, que marcou a vida dos estudantes e da própria população de Pelotas à época.
Naquele ano – 1977 -, eu cursava o 2° Grau no Colégio Santa Margarida e residia na Rua Anchieta, bem em frente à escola.
O Ricardo Pereira, conhecido entre nós como “Baixinho do Assis” (é irmão do Arnóbio), morava comigo, e, comunista de carteirinha, inventou de irmos a uma manifestação de estudantes no Largo da Faculdade de Direito, a meia quadra da nossa casa. A tal manifestação, em protesto contra a ditadura militar, era para ser “meio secreta”, só que, naturalmente, todo mundo ficou sabendo, os estudantes, a imprensa, e, principalmente, a polícia.
Chegados ao Direito, sentamos em círculo, bem em frente às escadarias, num clima de emoção e de muita apreensão. Após algumas palavras de ordem ditas pelos estudantes, e de cantarmos a música “O que será”, do Chico Buarque, o Gastalzinho (filho do ex-prefeito de Pelotas João Carlos Gastal) levantou-se e disse mais ou menos assim: “Liberdade não se pede, liberdade se pratica!”; depois, utilizando um graveto, convidou a que os companheiros escrevessem a palavra (que era totalmente proibida à época) no chão, na areia.
Escritas, uma a uma, as letras “L”, “I”, “B” “E” e “R”, a polícia irrompeu na Praça, com cavalos, armas e cassetetes; foi uma dispersão danada, com todo mundo correndo, para não ser preso e para não apanhar.
Pois no último sábado, quase 32 anos depois, os estudantes que participaram daquele ato retornaram ao Largo do Direito para inaugurar duas placas: “Aqui, mijamos na ditadura”, diz a primeira, numa alusão irreverente ao enfrentamento com as forças da repressão; e “Liberd...” a palavra proibida de então, ainda incompleta (e com uma letra a mais) como em 1977, quando escrita na areia, antes da debandada dos manifestantes.
Como há três décadas, eu estava lá novamente, relembrando que fui testemunha, ainda que coadjuvante, de um acontecimento histórico, marcado pela violência policial e pela prisão do Gastalzinho.
Desta vez, porém, ao contrário de 1977, não havia nenhuma polícia – civil, federal ou militar – para constranger os manifestantes, que puderam, enfim, dizer todas as palavras que ficaram trancadas nos terríveis “anos de chumbo”, ainda que palavras simples, como democracia, como liberdade.
E esta última, a razão maior de tudo, a razão maior da vida, pôde finalmente se fazer presente e ouvir o nosso melhor agradecimento: - Obrigado, Liberdade!

PLACAS NO LARGO DO DIREITO


Foi um final de semana de fortes emoções para os antigos militantes do Movimento Estudantil de Pelotas, principalmente para os egressos do Partido Comunista. Após o encontro e a inauguração das placas, chegou a notícia, ja na segunda-feira, da morte do ex-companheiro Flávio Coswig, o 'Alemão', um símbolo do Partidão. Depois da alegria, foi o momento de nos reencontrarmos também na dor.

quinta-feira, 26 de março de 2009

A DITADURA, OS ESTUDANTES E UMA PRISÃO HISTÓRICA

Esta prisão - do João Carlos Gastal Junior, o Gastalzinho (filho do Ex-Prefeito de Pelotas, João Carlos Gastal) -, aconteceu na Praça do Direito, bem em frente às escadarias da Faculdade, no ano de 1977, em pleno período da ditadura militar, e transformou-se num marco da história do movimento estudantil da Pelotas.
Eu estava lá e assisti tudo, ao lado do meu amigo "Baixinho do Assis", e de mais de uma centena de estudantes, universitários e de segundo grau.
Como aconteceu? Por quê eu estava lá? O que houve, afinal?
Pois (do que lembro) eu vou contar aqui na página e no Jornal "A Evolução", na próxima sexta-feira, 32 anos depois dos acontecimentos.
O título da crônica e 1977; é de esperar, em pleno 2009.

quarta-feira, 25 de março de 2009

HISTÓRIAS (II) - Argentinos x Brasileiros

As “diferenças” entre brasileiros e argentinos são seculares, sendo inúmeras as histórias de desentendimentos entre personalidades dos dois países, seja por motivos realmente sérios, que resultaram até em guerras, ou por simples anedotas, com personagens de ambos os povos apontando um ao outro algum enxovalho, visando ridicularizar o vizinho fronteiriço.
Um desses acontecimentos jocosos envolveu o famoso General ZECA NETTO (José Antônio Netto, nascido em 1854 em Jaguarão-Chico, lado uruguaio da linha divisória, e morto em 1948), revolucionário de 1923, e, outro, o Chanceler OSWALDO ARANHA (advogado, político, estadista, nascido em 1894, no Alegrete, e morto em 1960; foi Governador do Rio Grande do Sul por curto período, em 1930).
Ambos os episódios envolvem a “fama” dos brasileiros de gostarem de ‘viados’ (já há mais de 70 anos, vejam só!), como se lê da seqüência:
“Num teatro de variedades em Buenos Aires, numa cena burlesca, em que tomavam parte muitos artistas (argentinos), um deles, em meio à dança, gritou:
- Ahí viene un brasileño...
Num pulo, todos os integrantes do palco encostaram os traseiros na parede.
Netto (que assistia a peça), levantou-se, e, indignado, bateu os pés e retirou-se do teatro.
Bem mais tarde, ele seria “vingado” por Oswaldo Aranha, então chanceler do Brasil, que recebeu a visita oficial do chanceler argentino.
Após alguns drinques e ignorando o formalismo, o chanceler argentino aproveitou-se da intimidade consentida e perguntou a Aranha, se era verdade, como corria em Buenos Aires, o gosto dos brasileiros pela pederastia ativa. Entre chocado e irônico, Oswaldo, cigarro grande na boca, respondeu-lhe sorrindo:
- Não acredite, Chanceler, isso é propaganda brasileira para atrair turista argentino...”.
(
MEMÓRIAS DO GENERAL ZECA NETTO – Martins Livreiro Editor – Porto Alegre – 1983 – fls. 12-13)

sexta-feira, 20 de março de 2009

ANOS


Sempre é tempo de comemorar. Enquanto Arroio Grande festeja os seus 136 anos de história, eu comemoro os meus dois anos de retorno aqui para “A Evolução”.
No período, escrevi quase cem textos para o jornal, entre crônicas, artigos, poesias... Cem textos! Puxa, nem sei onde fui encontrar tanto assunto.
Nesses dois anos, busquei fazer da escrita aproximação, e consegui o que parecia impossível: promover o encontro dos cronistas da cidade na criação de uma obra coletiva, o livro 13 Lugares e meio, uma iniciativa inédita nos 136 anos do município.
Nesses dois anos, escrevi alguma coisa sobre os personagens mais conhecidos do Arroio Grande. Alguma coisa sobre o Jorginho Prefeito, mas muito mais sobre o Jorge Américo; alguma coisa sobre os ex-Prefeitos, o Ermínio, o Chore, o Flávio Pereira, mas mais ainda sobre o Eraldo, sobre o Kiko, sobre o Cizico. Nesses dois anos, me reencontrei com as pessoas mais simples da nossa terra.
Nesses dois anos, revisitei parte da obra do Pedro Bittencourt, do Leonel Fagundes, do Basílio Conceição. Escancarei a minha admiração pelo Arnóbio e pelo Caboclo – fui, digamos assim, o criador dos movimentos arnobiano e cabocliano –; vibrei com o traço do Donga, com o canto da Marcela, e conheci a poesia forte e cortante da Mar-ilha-flor. Nesses dois anos, a arte da cidade foi a minha maior inspiração.
Nesses dois anos, exaltei a beleza das gurias bonitas do Arroio Grande, fiz rasgados elogios à mulheres próximas e distantes, mas, acima de tudo, elegi a minha própria mulher como musa, e tive na minha parceira – de companhia, de corpo e de mente – um instrumento de fartíssima inspiração. Nesses dois anos, fiz questão de não ficar sozinho.
Nesses dois anos, celebrei o amor sem tamanho pelos meus dois filhos, a paixão pela minha velha mãe, a consideração, o respeito e o carinho pelos meus amigos; nesses dois anos fiz questão de sublimar a vida.
Nesses dois anos, chorei a saudade de gente marcante: a Maria Caetano, a Dona Candinha, o Jacques Chiachio, o Edy do Solano; nesses dois anos, acabei entendendo como nunca a figura do meu pai.
Nesses dois anos, resgatei uma aproximação com a sabedoria do Dr. Paulo Carriconde, reverenciei a inteligência do Dr. Sérgio Canhada, e me entristeci de verdade com o distanciamento de pessoas que eu tanto gosto, e que, espero, ainda permaneçam a gostar de mim. Foram anos também de desencontros, anos de afastamento; foram tempos também de dor.
Foram dois anos intensos esses, completados neste março, junto com os 136 anos do Arroio Grande.
Agora - tanto para a cidade como para mim -, é preciso ir adiante; é preciso crescer, buscar outras conquistas, abrir novos caminhos, por muitos e muitos anos.
Porque é preciso continuar comemorando cada aniversário - da cidade ou da gente -; é preciso sempre celebrar a vida.
Dia a dia, ano a ano, eternamente.

sexta-feira, 13 de março de 2009

SIDNEY

Dia 20 de fevereiro, sexta-feira, véspera de carnaval, dez horas da noite. Eu andava de automóvel pela Andrade Neves, próximo ao Centro de Pelotas, debaixo de uma chuva torrencial, rumo ao Bar do Nenê. Sozinho, busquei sintonizar uma FM qualquer, entre as emissoras de rádio da cidade. 95.3, não; 99.9, não; de repente, na 104.5, escuto uma voz conhecida, um violão conhecido, uma canção conhecida. “Procura um amigo, procura um amigo e não acha”, diz o refrão, que me acompanha já quase no cruzamento com a Avenida Bento Gonçalves. A música é Norina, uma antiga homenagem à Morocha, composta há mais de vinte anos pelo Caboclo, aquelas coisas mágicas que só o bruxo Edu Damatta consegue criar. A rádio é a Rádio Com, a Comunidade FM, o violão é do Pardal Moura e a voz é do Bretanha, do Sidney, do Sidney Bretanha. O Sidney, ele mesmo, o músico e compositor, o criador do Milonga Mauá, o político que foi vereador e candidato a Prefeito por aqui (para usar uma expressão dele), o Diretor do Jornal Meridional, o cara que vive da controvérsia, de bater no governo local, o homem que alguns detestam, o guri que poucos compreendem, o artista que muitos sequer conhecem, o ser humano que poucos observam. Pois esse Sidney, o filho da Zaidinha, o pai de duas meninas, o parceiro do Gelson Domingues, o sujeito que parece ser realmente complicado e que às vezes dá a impressão de que se diverte (?) com a divisão que provoca (??) e com todos os juízos (???) que costumam fazer dele – os bons, os maus, os bonitos, os feios... -; pois para mim, que também já devo ter externado todos os juízos possíveis sobre ele (com que direito? a que troco?), naquele dia 20 de fevereiro, uma sexta-feira, véspera de carnaval, às dez horas da noite, somente uma coisa realmente importou: eu estava sozinho em Pelotas (quando não queria estar sozinho), debaixo de uma chuva torrencial, e o Sidney apareceu para mim, cantando na FM Comunidade, 104.5, “procura um amigo, procura um amigo e não acha”. E eu reconheci a voz do Sidney nas ondas do rádio, e eu agradeci por ele ser artista, e eu fiquei alegre por ele estar ali comigo, e, quando a música terminou e a chuva diminuiu, eu desci do carro e entrei no bar, e cumprimentei o Nenê e a Dona Marly com a maior felicidade possível, e aí - pronto! -, eu já não estava mais sozinho quando não queria estar sozinho. E eu precisava dizer isso para todos, mas especialmente para o Sidney que, eu sei, costuma andar às vezes tão sozinho quanto eu, mesmo por aqui, pelas ruas da nossa cidade (dele, minha, de todos nós...), com a agravante, talvez, de não ter quem cante para ele, “procura um amigo, procura um amigo e não acha...”. Um abraço, Bretanha.

quarta-feira, 11 de março de 2009

HISTÓRIAS


Com a finalidade de “alimentar” periodicamente o blog (o que não é fácil para um amador da escrita), vou lançar mão do recurso da publicação de pequenas histórias, ao menos uma por semana, enquanto a crônica de sexta-feira não chega. A intenção é utilizar historietas curtas, contadas por autores consagrados e/ou atribuídas a personalidades conhecidos da maioria dos gaúchos – Eduardo Galeano, Garcia Márquez, Mário Quintana, entre os primeiros; Flores da Cunha, Osvaldo Aranha, Assis Brasil, entre os segundos... -, ou ainda de personagens daqui mesmo do Arroio Grande, protagonistas de situações que ficaram marcadas na memória da nossa cidade. São histórias peculiares, com características bem originais, algumas muito conhecidas, outras nem tanto; algumas comprovadas, outras certamente fictícias; algumas divertidas, outras dolorosas; mas são, enfim, histórias, que merecem o registro e o conhecimento do leitor, como a página se propõe a fazer a partir de agora.

HISTÓRIAS (I) - Flores da Cunha e o ingresso para o Cinema

Com o Golpe que instituiu o Estado Novo em 1937 certos papéis se inverteram, e Flores da Cunha - que havia garantido a permanência de Getúlio Vargas no poder em 1932, quando irrompeu a Revolução Constitucionalista de São Paulo contra Vargas – vira exilado no Uruguay, enquanto que Batista Luzardo - fugitivo do mesmo Getúlio em 1932 – é nomeado embaixador pelo ditador, em Montevidéu, em 22.11.1937, apenas doze dias depois do golpe, sendo que entre as suas tarefas estava a de policiar o seu velho desafeto político* Flores da Cunha. Coisas da política, enfim.
Conta-se então que, estando Flores da Cunha proibido de se afastar até do Departamento de Montevidéu, e vigiadíssimo, certa vez ocorreu o seguinte:
“A perseguição ao exilado brasileiro passou a ser feita por uma dupla de agentes. Às vezes, uruguaios, certamente dos quadros da polícia local. Por largo tempo, porém, a tarefa foi cumprida por dois policiais gaúchos, requisitados pelo embaixador. Seguiam-no de perto e, uma noite, na Avenida 18 de Julio, Flores percorreu o hall da entrada de um cinema, até a bilheteria, onde solicitou:
‘Tres, por favor. Una para mi, las otras dós para aquellos caballeros que están llegando’”.

(FLORES DA CUNHA: De Corpo Inteiro – Lauro Schirmer – RBS Publicações – 2007 – p. 38)
Flores, que perdeu quase tudo que adquiriu, "em cavalos lerdos e mulheres ligeiras", como costumava dizer, ficou famoso por isso; não perdia a oportunidade da "tirada" nem diante do infortúnio, valendo a pena ainda hoje viajar pela sua biografia.

(*) Flores da Cunha e Batista Lusardo quase duelaram, quando Flores era Prefeito de Uruguaiana, em 1922, e Lusardo dirigia o Jornal maragato A Nação, que se caracterizava pelas fortes críticas ao chefe republicano. Depois de violenta troca de insultos pelos jornais que ambos dirigiam (Flores detinha o poder sobre o A Fronteira), o duelo chegou mesmo a ser marcado (teria como local a ilha rasa Pacu, no Rio Uruguai), com padrinhos escolhidos e tudo (Oswaldo Aranha era um dos dois padrinhos de Flores da Cunha), mas na terceira reunião entre os patronos (a última, conforme previsão da Lei do Lance de Honra, vigente no Uruguai, e “adaptada” a situação local) o duelo foi cancelado, sendo que os termos do entendimento nunca foram revelados.
As divergências entre Flores e Lusardo, porém, perduraram ao longo da vida dos dois "caudilhos", sendo que ambos tiveram uma trajetória marcada pela intransigência, em especial naquilo que entendiam como "ideal" para os destinos do Rio Grande.

sexta-feira, 6 de março de 2009

DESAGRAVO

“Fui assistir ao mais novo filme do Domingos Oliveira”.
“O filme chama-se Juventude (...); é inteligente, melancólico e divertidíssimo...”. Trata da história de três homens “fazendo um compacto dos seus melhores e piores momentos, dando sabor às cafajestadas inerentes à raça e ao mesmo tempo demonstrando uma sensibilidade e uma propensão ao afeto que nem sempre os homens expõem”.
“Pensei: são três caras cultos, vividos, com um humor refinado. Como seria o encontro de três cascas-grossas? A tendência é imaginar que daria em baixaria, mas talvez não: todos os homens se apaixonam, sentem saudade, temem a morte, contam vantagem, são bons amigos. Três cascas grossas poderiam fazer piadas mais toscas, ter um vocabulário mais limitado, mas é provável que, diante da velhice, também se revelassem ternos, até mais ternos que nós (...), que quando nos reunimos discutimos a passagem do tempo mais pelo ponto de vista estético do que emocional, e não raro nos queixamos dos antigos amores em vez de homenageá-los.
Homens bacanas mantêm sua juventude rindo deles próprios e preservando um olhar adocicado em direção às mulheres que lhes fizeram felizes. São grandes meninos”.

Não, não, não, não, não. O texto aí de cima não foi escrito por um amador como eu, ou por um profissional do gênero masculino como o David Coimbra, e nem está se referindo a filmografia machista e cafajeste do Jece Valadão. Não. O texto aí de cima, falando sobre o filme “Juventude”, do diretor brasileiro Domingos Oliveira, é da Martha Medeiros, a Martha que - sem ser exatamente um símbolo do feminismo - escreve normalmente o que as mulheres pensam, ou o que pensam que gostariam de pensar.
Aliás, poucos se atreveriam a festejar, como fez a Martha, um roteiro que examina a velhice e a passagem do tempo com tons de juventude, sob a ótica exclusivamente masculina, sem mulheres por perto, e, mesmo assim (ou quem sabe por isso), permitindo que os homens do filme não percam a ternura jamais.
Os homens não se arriscam a tanto, pois quando o fazem são vistos - por eles próprios e pelas mulheres -, como imaturos, tolos, infantis. E nunca, como disse a Martha, como grandes meninos.
Por isso, senhoras mulheres, antes de se queixarem que nós, homens, somos sempre a razão das dores de cabeça, do amargor, da depressão; antes de concluírem que somos o motivo dos quilos a mais, das estrias e até da celulite; antes da raiva escancarada, do rancor exacerbado, do ódio descontrolado; de nos esculacharem publicamente a cada crise da relação – quando revelam que dormimos com camiseta rasgada, que usamos cuecas encardidas, e – aí, suprema humilhação! – que temos cérebro e pinto pequenos -, comportem-se também como grandes meninas, e, antes de discutirem a passagem do tempo mais pelo ponto de vista estético do que emocional, leiam a Martha, meninas, por favor, leiam a Martha.

terça-feira, 3 de março de 2009

IRRESISTÍVEL

Para quem anda pelo Calçadão de Copacabana, bem no fim da Avenida Atlântica, vindo do Leme, já quase que lá na curva do Arpoador, no meio do caminho existe uma presença, existe uma presença no meio do caminho...
É ela que faz com que a parada, a “conversa” com o poeta e a fotografia sejam inevitáveis, obrigatórias, irresistíveis.
Afinal, quem foi mesmo que disse:
“As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.”
Ah, vai, Carlos, vai, vai ser gauche na vida!