sexta-feira, 21 de novembro de 2008

SETE FRASES DO ARROIO GRANDE








Em razão da crônica anterior, repleta de referências a expressões que fizeram à fama dos personagens de Garcia Márquez, acabei por lembrar de certas frases daqui mesmo do Arroio Grande que ficaram conhecidas pela sua originalidade, o que fez “daquela” uma expressão diferente das demais, mesmo as semelhantes, parecidas, mas não iguais.
De tudo o que já escutei, destaco algumas frases, possivelmente até distorcidas por eventuais descuidos da memória:
- Do Edu Damatta - o Caboclo - sempre que a gente comenta como é difícil construir alguma coisa por aqui, quando aparecem poucos para ajudar e muitos para “trabalhar” contra:
“É... Arroio Grande é Arroio Grande, não é Jaguarão e nem Pedro Osório...”.
- Do Dr. Antônio Siedler, numa ocasião, no início dos anos 90, quando fomos procurá-lo pedindo que ele fosse o nosso candidato - da oposição - a Prefeito do Arroio Grande, em nome do sonho de “mudança” que já durava quase 20 anos:
“O problema é que depois de uma certa idade a gente já não tem mais sonhos, tem fantasias...”
- Do Dr. Nilo Conceição, indignado com a liberalidade da TV que mostrava “A Vida como ela é”, de Nélson Rodrigues, recheada de cenas fortes, em pleno horário nobre de domingo, nos anos 80:
“A televisão não tem que mostrar a vida como ela é, tem que mostrar a vida como ela deve ser.”
- Do Dr. Paulo Carriconde, diante de um pequeno incidente doméstico, ocorrido já há alguns anos, quando a família ficou por breves instantes sem se comunicar com ele:
“Se ainda fosse um silêncio fraterno...”.
Do Pedro Bittencourt, num comício no fim dos anos 60, quando “baixava a lenha” nos prepostos da ditadura, ao perceber que um “da Arena” saía de fininho do local, fingindo que não era com ele:
“É contigo mesmo, calça floreada!”.
- Do João Walter Ribeiro, não se contendo diante do depoimento de um ex-empregado, que, para valorizar algumas horas extras no período da aguação, exagerava dizendo almoçar na lavoura, jantar na lavoura, dormir na lavoura...:
“Mas esse homem é um sapo!”.
E, por último, do Kiko da Candinha, justificando que mesmo que a gente deva resistir à sordidez humana – não matar, não roubar, não mentir... –, na vida tudo é permitido:
“Só não vale é gelá a testa”.
Realmente, neste “vale de lágrimas”, onde a torpeza se encontra cada vez mais banalizada, quase tudo acaba se justificando, menos a ida para o “outro lado”, que, ao menos até agora, não se tem notícia de que tenha valido a pena para ninguém.
Já o resto vale; de preferência sem sordidez.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pedro,fomos colegas de turma(no Grupo Escolar Dr.Dionísio de Magalhães e depois no Ginasio Estadual de Arroio Grande.Teu pai,excelente orador e advogado (e depois fiquei sabendo que era um poeta,um ser sensível e apaixonado),foi colega de turma no IPA de Jaguarão do meu pai Hipólito Gonçalves Souza.Tomei gosto de ler as coisas que tú escreves(e também o Arnóbio que é meu primo em segundo grau.)
Moro em Porto Alegre,e alguns anos atrás examinei uma irmã do teu pai,pessoa muito simpática e que mora em Porto Alegre(para exame de saúde para CNH)Acho que na época teu pai era vivo.
Minha mãe (Helena),foi sepultada no cemitério de Arroio Grande,no mesmo dia em que o teu pai foi sepultado.
Acho que lendo o teu Blog,é como se eu de alguma forma vagasse pela minha infância em Aroio Grande.
Um grande abraço.
José Tomás Pereira Souza

Pedro Jaime Bittencourt Junior disse...

Grande Zé Tomás.
É claro que lembro de ti, do Dionísio, do Ginásio, da tua irmã Hélida (acho que era assim mesmo, com agá), dos teus pais, da tua família, da lancheria Gabriela, de tudo que passamos juntos ou proximamente.
Que bom que me lês, amigo, acho que é por isso que mantenho esse blog, enquanto der, enquanto puder...
Um abraço Zé, e mantém contato, quero te reencontrar assim que possível, como um forma (quem sabe) de voltarmos a nossa melhor infância.
Abraço do Pedro.