A Revista "Leia", uma publicação cultural dos anos 80, publicou certa ocasião uma matéria muito interessante, onde perguntava para mais de 500 escritores do mundo inteiro o seguinte: "O que move a escrita?"
Os escritores mais famosos do planeta dividiram-se entre respostas simples e complexas, entre respostas curtas e longuíssimas, entre explicações e complicações.
Não lembro da maioria das respostas, e até nem tenho certeza se foi nessa ocasião que Jorge Amado, refletindo a respeito do tema, afirmou o seguinte: "Literatura se faz com ócio".
É verdade que são coisas bem diferentes, distintas: uma, o (sentimento, motivo, intenção...) que faz com que a gente escreva; e, outra, as condições que permitem que a gente consiga escrever.
Acontece que mesmo com o desejo permanente de colocar no papel as "idéias", e não obstante as baixas de inspiração que costumam contaminar os "amadores da profissão", verdade é que com a "correria", as ocupações e o stress do dia-a-dia, ninguém consegue redigir com tranquilidade coisa alguma e nem criar uma página sequer que valha a pena, ainda que minimamente, oferecer aos leitores.
Talvez por isso é que a página vem se movimentando tão pouco últimamente.
Ou talvez porque nessa época de campanha política, onde a pobreza da disputa eleitoral domina todos os assuntos, todas as rodas de conversa, todos os encontros, as motivações da escrita se tornem também menores, e não se tenha nada original para dizer e nem mesmo quem queira escutar.
Por tudo isso, talvez, e pelo mais que se contrapõe ao ócio reclamado pelo baiano Jorge Amado; talvez por isso, talvez...