Dia
desses, assistindo na TV uma partida de futebol, descobri que o nome
de um time de Buenos Aires, o Vélez Sarsfield (Fundação:
1º/1/1910, 45 mil sócios), é uma homenagem ao grande jurista
argentino Dalmácio Vélez Sársfield – ministro dos
governos Mitre e Sarmiento – e que foi o responsável pelo Código
Civil argentino de 1869, cujos dispositivos, na sua maioria,
permanecem em vigência até hoje, quase 150 anos depois.
Que
rica homenagem, que belo reconhecimento, que exemplo! Especialmente
para nós, operadores do Direito, que gostamos de futebol – um
esporte notadamente popular –, mas que vivemos no mundo da toga, da
gravata, do formalismo das audiências e dos tribunais.
Confesso
que fiquei com ciúmes dos argentinos, com inveja dos torcedores do
Vélez. Fiquei pensando por quê isso nunca aconteceu por aqui, por
quê nenhum Clube brasileiro se interessou em dar o seu nome a um
jurista, a um laborador do Direito pátrio.
Passei
a imaginar equipes históricas, clássicos de rivalidade insuperável,
jogos inesquecíveis.
Times
antigos, como o Clóvis Bevilacqua, por exemplo, fariam
partidas antológicas contra o Rui Barbosa, ambos nascidos
praticamente na mesma época. Já times técnicos, como o Sobral
Pinto, disputariam jogos renhidos contra o Evaristo de Moraes,
enquanto que equipes gaúchas, como o Osvaldo Lia Pires ou o
Omar Ferri, seriam sempre fortes, nas disputas locais ou
nacionais.
Todavia,
não tenho a menor dúvida de que o grande clássico brasileiro, o
super derby, o maior dos encontros, seria mesmo o duelo Pontes de
Miranda x Nélson Hungria que deveriam fazer todos os anos a
abertura oficial do campeonato, estádio cheio – a rivalidade entre
civilistas e penalistas – com transmissão ao vivo em tevê aberta
para o país inteiro. Na preliminar, Miguel Reale contra Hely
Lopes Meirelles, filosofia x administrativismo.
Que
espetáculo, que maravilha seriam os jogos entre equipes com os nomes
dos juristas, que, entretanto, jamais aconteceram no Brasil.
Aliás,
até nos torneios promovidos pela nossa OAB, onde os times adotam
nomes prosaicos, previsíveis – como Arsenal, Barcelona, Milan –
deveriam aparecer nomes consagrados do Direito local, numa homenagem
àqueles que, em algum momento, contribuíram para a formação da
nossa escola de bacharéis.
Já
pensaram numa partida entre Ápio Cláudio de Lima Antunes e
Mozart Victor Russomano? Ou
numa final entre familiares: Bruno de Mendonça Lima e
Alcides de Mendonça Lima? E com a Rosah fazendo parte
do trio de arbitragem! Que jogos, colegas, que jogos!
(Já
o Aldyr Schlee e o Gilberto Quadrado, gostariam,
logicamente, de emprestar os seus nomes para os times um pouco mais
tarde, por enquanto seria o momento de ficar apenas assistindo os
jogos da arquibancada, espiando e palpitando).
É
claro que tudo tem um porém, um “senão”, uma limitação, pois
que, especialmente em se tratando de juristas, a ética, a equidade e
a disputa justa deveriam estar garantidas, inclusive na questão
econômica, nos investimentos de cada equipe.
Neste
aspecto, num campeonato nacional da atualidade, haveria grande
reclamação quanto a força do time de um Márcio
Thomáz Bastos, por exemplo; afinal,
patrocinado pelos honorários do Cachoeira e pela turma do mensalão
não teria a menor graça. Mas teria todo o direito!
9 comentários:
Uma bela história, comnpartilhei no Facebook, PJB. Um abraço, Vaz
Uma bela história, compartilhei no Facebook, PJB. Um abraço, Vaz
Show de bola. Literalmente. Mas e o time Alberto Rufino R.R. de Souza, o vulgo ALbertão? Este seria conhecido pela garra, pela força e pela seriedade em campo? E o time do professor Gilberto da Cunha Gastal? Que leveza, que jogo de cintura! E o Pedro Moacyr Perez da Silveira! Que ética! Que fair play! E não dá pra esquecer um nome feminino: Miriam Bastos dos Santos! Que elegância! É isso aí!! Se a moda pega...
Valeu, Vaz.
Bem que o Aldyrzinho - verve inigualável - poderia lançar o Parte II no BF.
Os times são inesgotáveis e, pela categoria, sem o menor risco de rebaixamento.
(Exceção do velho Pedro Jaime, que jogava demais mas o que gostava de esculhambar...)
Abraço.
Pois é, Maribel, o Albertão até poderia jogar, e com muita qualidade entre todos esses times.
Já os demais, a exemplo do Schlee e do Quadrado (na crônica), acredito que ainda prefiram esperar um pouco para receber esse tipo de homenagem.
Ainda mais a minha querida Profª Myriam, justificadamente vaidosa, não deve ainda querer entrar em campeonatos com a participação de colegas do século retrasado, que já partiram há tempos.
Daí em vez de homenagem iria parecer ofensa (brincadeira, claro).
E o Pedro Moacyr, hein, de acordo com algumas histórias que convivemos juntos, quando o time dele entrar em campo será garantia de grandes trapalhadas, com toda a certeza.
(Figura maravilhosa, o Pedrão, grande colega, grande amigo, e, pelo que sei, grande ensinador).
Abraço e obrigado pela participação.
Grêmio Esportivo Mestre Maffei. Seria uma loucura!
Extraordinária lembrança, Aldyr, fantástica.
Só que o G.E.M.M não haveria de aceitar o desafio de medir forças com qualquer "clubeco".
O adversário teria que vir com formação gabaritada - PHD, talvez, ou, no mínimo, doutorado.
Daí pra cima!
Pena que cheguei tarde neste debate, mas pra manter a coerência registro ser hincha de cuatro costados do C. A. Américo Plá Rodrigues.
O Petrucci é realmente coerente: fã do futebol uruguaio, propõe o "Clássico do Rio da Prata" - Américo Plá Rodriguez X Dalmácio Veléz Srafield; de dar inveja a Peñarol e Boca!
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