Alguém já disse que a internet “é perigosa para o ignorante e útil para o sábio”, o que transforma a ferramenta numa arma violentíssima, se levarmos em consideração que o mundo tem, hoje, cada vez mais ignorantes e menos sábios.
Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que as pessoas estudavam – além de português e matemática, também latim, inglês e francês, e literatura e filosofia... –, liam – Shakespeare, Cervantes, Dostoievski; Neruda, Borges, Garcia Márquez... –, pesquisavam – na Larousse, na Barsa, na Britânica, e não somente no Youtube, no Google ou na Wikipédia.
Resultado: tivemos até próximo aos anos sessenta (lá se vão 50 anos, meio século!), gerações e gerações de “notáveis”, que são aquelas pessoas que (o próprio nome já diz) se notabilizam pelo sua sabedoria e pelo conhecimento acumulado, contribuindo para a transformação dos lugares onde vivem, como muitos fizeram também aqui em Arroio Grande.
Mas hoje, em plena era da internet, época da pesquisa fácil, do aprendizado vulgar, do falso conhecimento, quem seriam os sábios, os notáveis desta cidade?
Sem citar nomes, dá para contar nos dedos essas pessoas, bastando para isso reparar na extraordinária memória do intelectual, na sabedoria do culto advogado, no conhecimento da incansável pesquisadora, na capacidade do irretocável escritor, na acumulação de ensinamentos da professora e no talento de mais alguns poucos personagens que não preenchem duas mãos, sendo que praticamente todos têm mais (alguns bem mais) de sessenta anos de idade.
E das novas gerações, o que esperar? Quantos mais podem efetivamente contribuir para transformar verdadeiramente esta cidade?
Na verdade, passamos de um tempo em que as normas, as regras, as leis deixaram de ser pensadas pelos sábios, para serem editadas pelos medíocres.
Com o desaparecimento dos notáveis e a ascensão dos ignorantes, peças como a Declaração Universal dos Direitos do Homem – “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos...” –, por exemplo, estão se tornando obsoletas, arcaicas, gastas.
Aliás, com essa turma que aí está – em Brasília, no Rio Grande do Sul, em todos os lugares –, com a sua paixão por cursos de aproveitamento duvidoso, por passeios levianos, pelo gasto fácil do dinheiro público, não é difícil prever que a próxima Constituição do Brasil e as novas Leis Orgânicas dos Municípios, quando editadas, venham a começar por um texto bem mais de acordo com a vida moderna e com os interesses dos astutos “sábios” da atualidade.
Dá até para imaginar o artigo primeiro:
Art. 1º - Ficam definitivamente liberadas as diárias.*
Revogam-se as disposições em contrário.
Alguém duvida?
* Para que se entenda: os Vereadores da pequena e pobre Arroio Grande foram os “campeões” da região sul em diárias, nos anos de 2010/2011, segundo pesquisa divulgada. A maioria justifica a retirada das diárias para fazer “cursos de aperfeiçoamento” (média de um por mês) em Porto Alegre.
Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que as pessoas estudavam – além de português e matemática, também latim, inglês e francês, e literatura e filosofia... –, liam – Shakespeare, Cervantes, Dostoievski; Neruda, Borges, Garcia Márquez... –, pesquisavam – na Larousse, na Barsa, na Britânica, e não somente no Youtube, no Google ou na Wikipédia.
Resultado: tivemos até próximo aos anos sessenta (lá se vão 50 anos, meio século!), gerações e gerações de “notáveis”, que são aquelas pessoas que (o próprio nome já diz) se notabilizam pelo sua sabedoria e pelo conhecimento acumulado, contribuindo para a transformação dos lugares onde vivem, como muitos fizeram também aqui em Arroio Grande.
Mas hoje, em plena era da internet, época da pesquisa fácil, do aprendizado vulgar, do falso conhecimento, quem seriam os sábios, os notáveis desta cidade?
Sem citar nomes, dá para contar nos dedos essas pessoas, bastando para isso reparar na extraordinária memória do intelectual, na sabedoria do culto advogado, no conhecimento da incansável pesquisadora, na capacidade do irretocável escritor, na acumulação de ensinamentos da professora e no talento de mais alguns poucos personagens que não preenchem duas mãos, sendo que praticamente todos têm mais (alguns bem mais) de sessenta anos de idade.
E das novas gerações, o que esperar? Quantos mais podem efetivamente contribuir para transformar verdadeiramente esta cidade?
Na verdade, passamos de um tempo em que as normas, as regras, as leis deixaram de ser pensadas pelos sábios, para serem editadas pelos medíocres.
Com o desaparecimento dos notáveis e a ascensão dos ignorantes, peças como a Declaração Universal dos Direitos do Homem – “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos...” –, por exemplo, estão se tornando obsoletas, arcaicas, gastas.
Aliás, com essa turma que aí está – em Brasília, no Rio Grande do Sul, em todos os lugares –, com a sua paixão por cursos de aproveitamento duvidoso, por passeios levianos, pelo gasto fácil do dinheiro público, não é difícil prever que a próxima Constituição do Brasil e as novas Leis Orgânicas dos Municípios, quando editadas, venham a começar por um texto bem mais de acordo com a vida moderna e com os interesses dos astutos “sábios” da atualidade.
Dá até para imaginar o artigo primeiro:
Art. 1º - Ficam definitivamente liberadas as diárias.*
Revogam-se as disposições em contrário.
Alguém duvida?
* Para que se entenda: os Vereadores da pequena e pobre Arroio Grande foram os “campeões” da região sul em diárias, nos anos de 2010/2011, segundo pesquisa divulgada. A maioria justifica a retirada das diárias para fazer “cursos de aperfeiçoamento” (média de um por mês) em Porto Alegre.
Publicado no Jornal "A Evolução", edição de aniversário (Fundação 05.02.1933) em 03.02.2012.
2 comentários:
Gostei, caro Juninho. O que doí é que têm pessoas que afrontam nossa capacidade de observar o óbvio; afrontam nossos valores repúblicanos; e abusam em usar seus instintos primitivos para levar vantagem, obter e perpetuar-se no poder. Solismar Venzke Filho.
De passagem pelo aeroporto de Campinas, fazendo uma conexão para o Nordeste, lembrei do amigo e fiel visitante do blog, e deixei um abraço "no ar".
Quanto ao texto e ao teu comentário, nada mais à acrescentar, Solismar, nada mais.
Exceto, talvez, que a "esperança equilibrista" - da qual nos falaram Henfil, João Bosco, Aldyr Blanc, Elis Regina e muitos outros - tem que continuar.
Até a próxima!
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