Por ocasião da Cavalgada Cultural empreendida pelo Grupo “Lanceiros de Mauá” até a região da Ponta Alegre em dezembro último, o advogado e estudioso da história local Sérgio Canhada acabou publicando um trabalho de Memória do Farol da Ponta AlegreI, no ano de seu centenário, posto que o Farol foi oficialmente inaugurado em 1908. Esta crônica é baseada em alguns dados históricos que constam do trabalho do Sérgio, a quem pedi licença para copiar, muito embora até hoje, diga-se de passagem, continue aguardando pela sua “formal” autorização.
Mas, renitências à parte, vamos aos dados que interessam.
Preocupado com o crescimento da navegação na Lagoa Mirim na metade do Século XIX (para se ter uma idéia, entre fins de 1859 e meados de 1860, só o vapor Rio Grandense fez 22 viagens de Rio Grande para Jaguarão...), o Governo da Província encarregou, já em 1857, o Barão de Caçapava de emitir parecer sobre quantos e quais faróis se deveriam erguer na Lagoa Mirim, com o objetivo de avisar aos navegadores da proximidade com a porção de terra, a fim de evitar riscos às embarcações, especialmente à noite.
Concluído o estudo, chegou-se a cogitar da construção de até três faróis – “um na Ponta Alegre, outro na baliza do Juncal, e outro na ponta de S. Thiago”II -; todavia, por falta de recursos do Governo Imperial, e mesmo pela incidência da Guerra do Paraguai (1864 a 1870), os projetos ficariam paralisados até o início do Século XX, quando, em data ainda imprecisa, iniciaram-se as obras do Farol da Ponta Alegre.
Depois de pronta a torre, foi o Farol da Ponta Alegre inaugurado em 20 de setembro de 1908, conforme consta de notícia veiculada no Jornal Correio do PovoIII – “Foi inaugurado, no dia 20 do corrente, um pharol de 5ª ordem com torre quadrangular de alvenaria, de 16 metros de altura acima do solo e 17 acima do nível das águas, 1.000 metros ao SW da Ponta Alegre, na Lagoa Mirim. Sua luz é branca, fixa, visível a 12 milhas, com tempo claro. A torre é pintada de branco, bem como as duas casas dos pharoleiros que lhe ficam juntas”.
Desde então, o Farol, emitindo lampejos com intervalos de 6 segundos, passou a orientar a navegação noturna, “até por volta dos anos 50, quando foi desativado definitivamente”. IV
Segundo o navegador jaguarense Décio Vaz Emygdio, “O Farol da Ponta Alegre é o símbolo da Lagoa Mirim, mesmo desativado serve como ponto de referência, principalmente para os barcos que navegam do sul para o norte, que o avistam a uma distância de 8 milhas”.V
O mesmo narrador inclui em sua obra sobre a Lagoa Mirim o naufrágio do Navio Rio Grande ocorrido na fria madrugada de 1° para 2 de setembro de 1938, em meio a um enorme temporal, a cerca de 500 metros do Farol da Ponta Alegre.VI
Histórias de naufrágios, de encalhes, de ‘raides’, de faróis e de faroleiros de há muito habitam o imaginário coletivo que cerca a Lagoa Mirim; para nós, entretanto, acima das aventuras que possa ter iluminado, é o Farol da Ponta Alegre um símbolo do nosso Município, o emblema de uma história que os arroio-grandenses não deverão nunca permitir que naufrague.
I – O Farol da Ponta Alegre no seu centenário – Memória – Sérgio A. Silveira Canhada – 2008;
II – Relatório do Presidente da Província – 1859;
III – Correio do Povo (Porto Alegre, 30.9.1908);
IV – Lagoa Mirim, um Paraíso Ecológico – Décio Vaz Emygdio - 2000;
V – Idem, pág. 98 VI – Ibidem, pág. 100
Mas, renitências à parte, vamos aos dados que interessam.
Preocupado com o crescimento da navegação na Lagoa Mirim na metade do Século XIX (para se ter uma idéia, entre fins de 1859 e meados de 1860, só o vapor Rio Grandense fez 22 viagens de Rio Grande para Jaguarão...), o Governo da Província encarregou, já em 1857, o Barão de Caçapava de emitir parecer sobre quantos e quais faróis se deveriam erguer na Lagoa Mirim, com o objetivo de avisar aos navegadores da proximidade com a porção de terra, a fim de evitar riscos às embarcações, especialmente à noite.
Concluído o estudo, chegou-se a cogitar da construção de até três faróis – “um na Ponta Alegre, outro na baliza do Juncal, e outro na ponta de S. Thiago”II -; todavia, por falta de recursos do Governo Imperial, e mesmo pela incidência da Guerra do Paraguai (1864 a 1870), os projetos ficariam paralisados até o início do Século XX, quando, em data ainda imprecisa, iniciaram-se as obras do Farol da Ponta Alegre.
Depois de pronta a torre, foi o Farol da Ponta Alegre inaugurado em 20 de setembro de 1908, conforme consta de notícia veiculada no Jornal Correio do PovoIII – “Foi inaugurado, no dia 20 do corrente, um pharol de 5ª ordem com torre quadrangular de alvenaria, de 16 metros de altura acima do solo e 17 acima do nível das águas, 1.000 metros ao SW da Ponta Alegre, na Lagoa Mirim. Sua luz é branca, fixa, visível a 12 milhas, com tempo claro. A torre é pintada de branco, bem como as duas casas dos pharoleiros que lhe ficam juntas”.
Desde então, o Farol, emitindo lampejos com intervalos de 6 segundos, passou a orientar a navegação noturna, “até por volta dos anos 50, quando foi desativado definitivamente”. IV
Segundo o navegador jaguarense Décio Vaz Emygdio, “O Farol da Ponta Alegre é o símbolo da Lagoa Mirim, mesmo desativado serve como ponto de referência, principalmente para os barcos que navegam do sul para o norte, que o avistam a uma distância de 8 milhas”.V
O mesmo narrador inclui em sua obra sobre a Lagoa Mirim o naufrágio do Navio Rio Grande ocorrido na fria madrugada de 1° para 2 de setembro de 1938, em meio a um enorme temporal, a cerca de 500 metros do Farol da Ponta Alegre.VI
Histórias de naufrágios, de encalhes, de ‘raides’, de faróis e de faroleiros de há muito habitam o imaginário coletivo que cerca a Lagoa Mirim; para nós, entretanto, acima das aventuras que possa ter iluminado, é o Farol da Ponta Alegre um símbolo do nosso Município, o emblema de uma história que os arroio-grandenses não deverão nunca permitir que naufrague.
I – O Farol da Ponta Alegre no seu centenário – Memória – Sérgio A. Silveira Canhada – 2008;
II – Relatório do Presidente da Província – 1859;
III – Correio do Povo (Porto Alegre, 30.9.1908);
IV – Lagoa Mirim, um Paraíso Ecológico – Décio Vaz Emygdio - 2000;
V – Idem, pág. 98 VI – Ibidem, pág. 100
2 comentários:
olá, estou estudando a história do farol. fico feliz com o que encontrei em teu blog, vou em busca de maiores informações!
Legal, Jucilene.
O texto aí de cima foi escrito e publicado também no Jornal "A Evolução" com base (entre outros dados) em um trabalho do Dr. Sérgio Canhada intitulado "O Farol da Ponta Alege no seu centenário".
Tenho esse estudo comigo, se estiveres interessada faz contato pelo meu email - pedrobittencourtjr@terra.com.br - que te consigo uma cópia, ok!
Obrigado pela tua participação aqui na página.
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