quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

BORGES E O PRESENTE PROMETIDO




(The unending gift)

"Um pintor nos prometeu um quadro,
Agora, em Nova Inglaterra, soube que ele morreu.
Senti, como em outras ocasiões, a tristeza de compreender
que somos como um sonho.
Pensei no homem e no quadro perdidos
(Somente os deuses podem prometer, porque são imortais)
Pensei em um lugar pré-fixado que a tela
não ocupará
Pensei depois: se o quadro estivesse ali, seria,
Com o passar do tempo, uma coisa a mais, uma das vaidades ou hábitos da (minha) casa;
Agora é ilimitada, incessante, capaz de qualquer forma e qualquer cor e a ninguém vinculada.
Existe de algum modo. Viverá e crescerá como uma música e estará comigo até o fim.
Obrigado, Jorge Larco.
(Também os homens podem prometer, porque na promessa existe algo de imortal.)".
(De Elogio da Sombra - 1969)

Nenhum comentário: