Filho
de mãe professora e de pai advogado aprendi, entre muitos
ensinamentos, que a educação é o melhor caminho para a boa
reflexão e que não existe estado de direito sem democracia.
Cresci
em meio a ditadura militar que se instalou no país e demorei vinte e
cinco anos – um quarto de século! – para conhecer e provar o
gostinho da “tal democracia”.
Democracia.
Não sei bem definir o que significa a palavra, muito embora o
conceito clássico da expressão – alguma coisa como “poder do
povo” – me diga que é algo que a gente têm que abraçar
incondicionalmente.
O
que sei – e isto sei não porque me contaram, mas porque com ela
tenho coabitado – é que democracia implica em conviver o tempo
todo com o pensamento contrário, significa considerar as diferenças
e procurar aceitá-las, significa o respeito às pessoas, às
instituições e às leis.
A
democracia – o conservador Churchill já havia alertado – é o
pior dos sistemas, com exceção de todos os demais.
Só
a democracia possibilita, por exemplo, que promotores vaidosos e
ávidos por aparecer achincalhem com o próprio Ministério Público
ao promover denúncias e solicitar prisões totalmente descabidas
perante o direito; só a democracia possibilita que juízes parciais
e tendenciosos desacreditem o Poder Judiciário ao desrespeitar
princípios constitucionais primários, como divulgar conversas de
autoridades de Estado que não são sequer objeto de investigação;
só a democracia possibilita que uma mídia anti-democrática,
embusteira e falaciosa trabalhe abertamente para desestabilizar o
País, todos sob a desculpa esfrangalhada de “combater a
corrupção”, quando se sabe que a corrupção – que todos
devemos derrotar – deve ser combatida criminalmente.
Só
a democracia possibilita que as principais instituições do país –
um legislativo pandilha e um judiciário adulterado por certos juízes
partidarizados e apoiados por uma mídia trapaceira – se mancomunem
entre si para promover o mais escandaloso golpe – não contra um
partido político ou contra um governo, mas contra a própria
democracia – que se tem notícia na história de um país, quem
sabe em todos os tempos.
Todavia,
não obstante todos os seus defeitos, é imperativo às boas
consciências insistir na defesa incondicional e no aprimoramento da “tal democracia”.
Porque
somente a verdadeira democracia é que pode nos aproximar do bem estar coletivo,
único caminho para a realização pessoal, única saída para a
felicidade.
Democracia é conviver com promotores vaidosos, com
juízes tendenciosos e com a mídia trapaceira; democracia é
conviver com golpistas de toda a laia, com a esperança de que o
golpe por eles ensaiado seja derrotado – pelo povo e pela
democracia.
Democracia
é mesmo viver com esperança.
Golpeada a democracia – para quem ainda não consegue enxergar o que está acontecendo – a gente vive com medo!
Golpeada a democracia – para quem ainda não consegue enxergar o que está acontecendo – a gente vive com medo!
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