sexta-feira, 3 de abril de 2015

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DA CÂMARA DE ARROIO GRANDE*

Senhor Presidente Vereador Luciano Peres.
Quero, pela presente, externar o mais profundo agradecimento pela homenagem que me foi dedicada, por ocasião da Sessão Solene realizada no dia 26 de março, comemorativa ao aniversário do Arroio Grande, ato que, por motivos inarredáveis, deixei de comparecer, sendo representado por minha mulher Verônica. 
Sou profundamente grato a Vossa Excelência, assim como a todos os Vereadores, que dispensaram, a mim e a outros homenageados, tamanha distinção. 
Tenho consciência, porém, de que tal homenagem, ao menos no meu caso, é fruto apenas e tão somente da generosidade de Vossas Excelências, pois Arroio Grande nada me deve, enquanto eu devo tudo para Arroio Grande. 
Afinal, Arroio Grande me deu o chimarrão nas manhãs ensolaradas, a fala franca com os amigos no decorrer do dia e a imperturbável melancolia dos seus fins de tarde... 
Arroio Grande me deu a paz e a imensidão das suas madrugadas, as rodas de violão e as serenatas ao luar, e janelas para pular nas noites de aflição da juventude... 
Arroio Grande me deu as melhores conversas e as melhores notícias. A melhor rádio para ouvir, o melhor jornal para consultar; a escola Dionísio para estudar, o livro 13 Lugares e meio... para ler, e as canções Groenlândia e Milonga Mauá para escutar. 
Arroio Grande me deu todas as paixões que vivi; a mulher amada para deitar (na cama que escolhi)... Aqui, jamais fui amigo dos Reis, mas tive os companheiros que quis, nas lutas que confrontei. 
Arroio Grande me deu os símbolos da minha formação: o meu padrinho Antônio Siedler, a minha primeira Professora, Marlise, e o ídolo da minha mocidade Oscar Falcão, o “Ósca”. Por todos eles tenho um carinho tão absurdamente extraordinário, que as vezes até me espanta, a ponto de eu desconfiar que são essas pessoas os grandes responsáveis pelo menino que ainda vive em mim. 
Arroio Grande me dá tudo o que preciso para viver: ruas anchas para caminhar, a planície para contemplar e a imaginação poética – livre e solta – do meu pai para que eu tenha coragem de sonhar. Arroio Grande me dá a suave presença da minha mãe para que eu possa repousar... 
Por tudo, Sr. Presidente, serei eternamente devedor desta cidade, o lugar de todos os meus sonhos, da vastidão das minhas utopias, das muitas vaidades que tive e dos meus desmedidos anseios. 
O meu muito obrigado, Sr. Presidente, pela honraria que me foi concedida, e o mais fraterno abraço à Vossa Excelência e aos demais Vereadores. Que sejam todos iluminados, na tarefa árdua e contínua de trabalhar pelo desenvolvimento da nossa terra e pela felicidade do nosso povo. 
Atenciosamente, 
Pedro Jaime Bittencourt Junior
*Publicado no jornal "A Evolução", Ed. 02/04/15

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