quarta-feira, 29 de agosto de 2012

LORCA Y EL AMANTE URUGUAYO

 

O encontro poético-musical promovido pela Biblioteca Pública Pelotense em 28/08 – XXIV Sarau – e que teve a nossa participação falando sobre o autor em destaque Federico Garcia Lorca (acima), possibilitou uma discussão interessante acerca da vida e da obra do poeta espanhol, nascido na pequena província de Fuente Vaqueros, na Andaluzia, em 1898, e assassinado pelas forças conservadoras espanholas em Granada, no mês de agosto de 1936.
Como todos sabem, a poesia de Lorca, além de sinalar o regionalismo das origens do escritor – o teatro de rua, a dança, as touradas, os ciganos da Andaluzia... (daí a sua clássica obra “Romancero Gitano”) – era caracterizada também pela contundência, pois que denunciativa das desigualdades sociais do período.
Ademais, Federico era republicano e socialista, e muito cedo assumiu a sua condição de homossexual, chocando os conservadores padrões espanhóis da época.
Pois sobre essa última característica do escritor – a da sua opção sexual – surgiu recentemente uma obra que vai dar o que falar, intitulada “El amante uruguayo” e publicada, até onde eu sei, apenas na Espanha até o presente momento.
O livro, uma encomenda feita ao escritor Santiago Roncagliolo (autor peruano, que escreve atualmente para o tradicional “El País” e outras publicações da Espanha), é centrado na história de um suposto namorado uruguaio de Lorca, um escritor de segunda chamado Enrique Amorim, sujeito midiático, que se fez passar até por Sartre numa ocasião, e autor de algumas invenciones que lhe deram certa notoriedade até a sua morte em 1960. Entre elas está o fato de ter erigido um monumento em forma de lápide para Federico, inaugurado na província de Salto em 1953, inclusive com a participação da atriz republicana Margarita Xirgu, que representou o clássico teatral "Bodas de Sangue" de Lorca na ocasião.
Abaixo, a capa do livro “El Amante uruguayo”, cuja publicação no Brasil espera-se que venha a ocorrer até o início do ano que vem.
Para quem quiser se antecipar e saber alguma coisa sobre o tal Enrique Amorim sugere-se os links abaixo, com declarações do próprio autor Roncagliolo. 
A história de Amorim beira a total canastrice e ao absoluto charlatanismo, mas que vai dar o que falar isso não deixa a menor dúvida.


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

GAZETA DE LISBOA VENDE HERANÇA...


Quem me enviou o material foi o Sérgio Canhada.
O anúncio aí de cima foi publicado no jornal Gazeta de Lisboa, nº 188, de 10/08/1827*, pg. 4., há cento e oitenta e cinco anos, portanto.
Trata-se da oferta de venda de uma suposta herança no Arroio Grande, Rio Grande do Sul da América, por 18 contos de réis
O valor, se não era nenhuma fortuna, também não era tão pouco, haja vista que daria para comprar quase 5.000 ha. de terras por aqui, com a ressalva de que os campos valiam bem pouco naquela época (o valor de uma panela grande de ferro, por exemplo – 8 mil réis – dava para comprar no mínimo duas hectares de campo).
É pouco provável que se venha algum dia descobrir de quem era a tal herança, se existia ou não, e se acabou mesmo vendida pelo corretor do além-mar.
Mas que tem um cheiro de velhacaria nesse bacalhau, ah isso tem. Publicar anúncio de venda de “uma herança” do inóspito Arroio Grande do início do Século XIX na tradicional Gazeta da civilizadíssima Lisboa de 1827 não parece ser anedota, não; alguém pretendia lucrar nessa história, será que conseguiu?
* Em 1827, data do anúncio, o Arroio Grande, cujo povoamento começara com o erguimento de uns “arranchamentos” lá por 1792 (embora se diga oficialmente que “a cidade foi iniciada no ano de 1803, com Manuel Jerônimo de Souza”[1] – um açoriano), era, ainda, distrito – primeiro de Rio Grande (até 1832), e, desse ano em diante, de Jaguarão (até 1873, quando AG foi elevado à categoria de Vila).
Não obstante, já era esta região denominada à época de “Freguesia do Arroio Grande”, ou “Espírito Santo do Arroio Grande”, e assim permaneceu até 1832 quando ocorreu a emancipação de Jaguarão (esta chamada inicialmente de Guarda da Lagoa e do Serrito, depois chamada de “Espírito Santo do Serrito, ou Espírito Santo da Lagoa”).
Conforme o Sérgio Canhada “já em 1816 este lugar se chamava Arroio Grande, pois no 2º casamento do Souza Gusmão, em 23/5/1816, no Povo Novo, com Maria Pereira (a “tal” Maria Pereira das Neves), ele declara que é 'viúvo que ficou por falecimento de Laureana Maria, sepultada no cemitério do Arroio Grande, distrito da Freguesia do Espírito Santo da Lagoa”.
Segundo os historiadores, até o ano do anúncio, 1827, a região vivia um período aparentemente tranquilo, “brutalmente truncado pelos desdobramentos da guerra da Cisplatina, e muito especialmente pela invasão das forças argentino-uruguaias, em janeiro de 1828” [2].
Jaguarão se aprestava para transformar-se em frente de batalha, muito a contra-gosto de seus habitantes. (…) Todavia, a 7 de janeiro de 1828, atendendo a novos planos do comando geral do exército, as forças se retiraram de Jaguarão para as pontas do Arroio Grande, desprotegendo por completo a jovem povoação. O resultado imediato e lógico dessa manobra desastrada (…) foi o avanço do exército argentino e a ocupação de Jaguarão” [2].
1. Cfe. Alvaro O. Caetano – Município de Arroio Grande – 1945.
2. Cfe. Sérgio da Costa Franco – Origens de Jaguarão – 1980.
Nesse quadro, portanto, de sucessivas escaramuças com os castelhanos que viviam ameaçando tomar conta desta parte da região, foi onde o nosso patrício português (um pouco antes, é verdade, e certamente sem saber dos interesses de Lavalleja, de Rivera e do Gal. Paz), anunciou o “grande negócio” nas nobre páginas da Gazeta de Lisboa – quem quiser comprar uma herança existente no Arroio Grande do Rio Grande do Sul da América...


sábado, 11 de agosto de 2012

TRIBUTO A RAUL



Um leitor me pede que publique "alguma coisa" a respeito do 'Tributo a Raul', ocorrido a exatamente uma semana, no Centro de Cultura Basílio Conceição.
Não pude comparecer a mostra, organizada pelo João Vicente, pelo Márcio Moncks e outros - a turma do rock da cidade, os componentes da Toca do Bandido, da Cão de Guarda, da Lady Jane e de outras bandas locais, além dos irmãos Vidal e outros músicos qualificados do Arroio Grande.
Mas soube que teve casa cheia e música de primeira, como acontece sempre que esse pessoal se reúne; eles que estão fazendo acontecer no cenário musical local.
Para satisfazer o pedido, publico algumas fotos do evento, uma cortesia do Jorge Américo, grande amigo e intrépido repórter, que acompanha tudo nesta cidade, e que esteve lá, no "Tributo a Raul", onde todos - inclusive eu - deveriam estar no sábado passado em Arroio Grande.      

terça-feira, 7 de agosto de 2012

ESPERA...


Esperando a documentação da provável "Casa Um" do Arroio Grande (postagem abaixo), e enquanto o inverno não vai embora...
Para mim esses dois aí da foto estão entre os melhores vinhos que se pode consumir por aqui - o brasileiro Casa Valduga Premium e o chileno Marques de Casa e Concha, da Concha y Toro - especialmente se considerada a faixa de preço, de R$ 50,00 para o primeiro, e cerca de R$ 60,00 para o segundo, ambos Cabernet Sauvignon, os dois da safra de 2008.  
Alguém tem outra preferência?