sábado, 26 de maio de 2012

DISTRITOS DE ARROIO GRANDE-MAUÁ

Pedreiras (postagem abaixo) é um dos distritos do Município de Arroio Grande; os outros são o distrito de Santa Isabel do Sul e o distrito de Mauá, sendo que este faz divisa com Herval, pelo oeste, e com Jaguarão, pelo Sul.
O distrito de Mauá possui esse nome em homenagem a Irineu Evangelista de Souza, o Barão e Visconde de Mauá, grande personagem do Império, filho mais ilustre de Arroio Grande, onde nasceu em 28 de dezembro de 1813.
No distrito de Mauá existiu uma Estação de Trem que, inaugurada em 1925 como ponta de linha do ramal, passou a fazer parte do trajeto para Jaguarão (Basílio {no Herval}-Carvalho Freitas {idem}-Airosa Galvão-Mauá-Herculano de Freitas {todas em Arroio Grande}-Jaguarão) a partir do ano de 1932, sendo desativada no final dos anos 1970, início dos anos 80.
Da antiga Estação Mauá restaram algumas ruínas e pouquíssimas fotografias, como a que aqui se publica, mais uma lembrança do "interior do interior" - a zona rural dos pequenos municípios, antes povoada por grande número de habitantes, esperançosa do desenvolvimento e do progresso, e agora fadada ao abandono e ao esquecimento. Definitivamente. 

terça-feira, 22 de maio de 2012

DISTRITOS DE ARROIO GRANDE-PEDREIRAS

O Município de Arroio Grande, formado pela Sede Urbana e pelos Distritos de Mauá, Pedreiras e Santa Isabel, possui uma área total de 2.514 kms2, e conta, atualmente, com cerca de 20 mil habitantes, sendo que, destes, menos de dois mil (inferior a 10%) residem na zona rural.
Mas teve uma época em que tudo foi diferente, onde a habitação na zona rural predominava, sendo o número de moradores dos distritos praticamente o triplo dos habitantes da sede urbana do município:
Em 1940*, por exemplo, a população de Arroio Grande era a seguinte:
Sede do Município: 2.619
Zona Rural: 13.580
Total: 16.199
Em 1950*:
Sede do Município: 3.173
Zona Rural: 14.703
Total: 17.876
* Fontes: "Município de Arroio Grande" - Alvaro O Caetano, 1945; e IBGE. 
Neste quadro, isto é, com cerca de três quartos da população local residindo na zona rural, os distritos de Arroio Grande viveram um período de prosperidade, especialmente dos anos 1960 até fins da década de 80, a partir de quando, por razões diversas, entraram em absoluto declínio.
A foto acima é mais ou menos do início desta época, quando o expansionismo da região e a exploração do calcáreo nas proximidades (Vila Matarazzo) levou a criação de um núcleo inteiro no Distrito das Pedreiras (posteriormente “Vila Brasileiras”).
Hoje, as antigas casas viraram escombros, e os habitantes simplesmente desapareceram, foram embora para sempre da pequena e próspera localidade. As Pedreiras, enquanto núcleo habitacional, praticamente não existe mais, como, de resto, ocorreu com a população que preenchia a maioria dos distritos do município.
"As Pedreiras" desapareceram, tudo indica que para sempre!

terça-feira, 8 de maio de 2012

"UM ÁS DO JÚRI"


8 de maio de 1912. Há cem anos nascia, em Pelotas, Ápio Cláudio de Lima Antunes.
Formado em Direito em 19 de setembro de 1935 (homenagem à Revolução Farroupilha, segundo dizia), Ápio Antunes, foi, no decorrer da sua extensa trajetória como advogado, um exemplo de correção, de sabedoria e de coragem.
Professor universitário "cassado" por um decreto dos militares, Ápio, antigo militante do Partido Comunista Brasileiro - PCB - foi perseguido pela ditadura de março de 64, tendo que viver exilado no Uruguay por um bom período. Posteriormente, retornou para o Brasil e para Pelotas, respondeu dois IPMs (Inquérito Policial Militar), sendo, ao final, absolvido da acusação de "traição a pátria" (uma imputação genérica que os militares costumavam fazer aos opositores do regime), embora tivesse perdido a cátedra na Universidade Federal de Pelotas.
Advogado brilhante, especialmente como criminalista, Ápio costumava ser elegante com os colegas e era duro e intransigente na defesa dos seus constituintes.
Amigo pessoal do pai do autor desta página, Ápio Antunes, que atuou no Tribunal do Júri junto aos maiores tribunos do Rio Grande do Sul e do Brasil - Eloar Guazzelli, Oswaldo Lia Pires, Mathias Nalgestein e Amadeu Weinman, entre diversos outros - costumava dedicar rasgados louvores ao colega Pedro Jaime Bittencourt, como os elogios registrados na publicação Pelotas em Revista, e que integram este texto, quando Ápio comentou sobre um júri que muito o impressionou, ocorrido nos anos 1980.  
(Depoimento de Ápio Cláudio de Lima Antunes à publicação Pelotas em Revista - maio de 2000):
"...Mas o promotor apelou e veio um terceiro júri, do qual o Guazzelli não quis participar. Não sei o motivo. Então, no lugar dele, tive o auxílio do famoso advogado de Arroio Grande, chamado Pedro Jayme Bittencourt. Ele é um homem extraordinário pelo seu talento, pela sua cultura, sua erudição e sua oratória. Ele é um orador extraordinário, fantástico. É o maior orador judiciário que eu já vi na minha longa carreira de advogado criminalista. Cheguei a trabalhar com o mais famoso advogado brasileiro, o dr. Sobral Pinto. Fiz júris com Sobral Pinto e posso dizer que Pedro Bittencourt era superior a Sobral Pinto. Ao terminar o júri, mais uma vez o resultado foi a absolvição. O caso foi encerrado." (pgs. 19 e 20 - cópias que ilustram esta postagem).
Em resposta aos elogios do Ápio, o Pedro - que tinha pelo velho colega e professor uma deferência igualmente extraordinária -, costumava dizer: "Doutor, o Sr. é muito gentil, muito generoso, mas também bastante exagerado em suas palavras". Ao que o Dr. Ápio retrucava: "Para a sua inteligência e a sua oratória não existem exageros, doutor"...
E assim seguiam os dois, numa conversa de gigantes, de homens cultos, sábios, eruditos, homens de um tipo que, infelizmente, já não existem mais, da estirpe de um Ápio Cláudio de Lima Antunes, um "Ás do júri", como referido pela publicação, na verdade um Ás do advocacia, um Ás do direito, um Ás da vida! 
O Dr. Ápio Cláudio de Lima Antunes morreu em 2003, aos 91 anos de idade.

sábado, 5 de maio de 2012

73 ANOS

Hoje - 5 de maio - é a data de aniversário do Esporte Clube Arroio Grande, o Saci, tradicional associação de futebol da cidade de mesmo nome.
É verdade que tal data não é pacífica, haja vista que o surgimento do ECAG é discutido, até hoje, sendo apontadas duas datas para a sua fundação.
Uma, constante dos Estatutos do Clube, que, no seu artigo 1º, assegura o seguinte:
"O ESPORTE CLUBE ARROIO GRANDE, fundado em 5 de maio de 1939, nesta cidade de Arroio Grande, Município de mesmo nome, onde tem sede, é uma sociedade civil, composta de número limitado de sócios...".
Outra, decorrente de um ofício enviado pela entidade para o tradicional Jornal "A Evolução", publicado em 09 de setembro de 1939, onde a Diretoria do novo clube, através do secretário, dava a seguinte notícia:
"Ilmo. Sr. Diretor da Evolução. Tenho a máxima satisfação de comunicar a essa folha que no dia 4 do corrente foi fundado nesta cidade o ESPORTE CLUBE ARROIO GRANDE...
Arroio Grande, 5 de setembro de 1939.
Mário Silveira Haubmann - Secretário".
A polêmica das datas foi exaustivamente examinada no livro O "Clássico" - Uma história de paixão (fls. 35 a 44), chegando-se a conclusão de que a data da fundação do ECAG foi mesmo 05 de maio de 1939, sendo esta a data de aniversário do clube azul e encarnado, que está, portanto, comemorando 73 anos de idade, sempre buscando retornar às atividades esportivas, não obstante as dificuldades que o fim de amadorismo do futebol da região trazem neste sentido.
De qualquer forma, trata-se de uma data comemorativa, para a qual a página traz até os leitores a fotografia do primeiro time do Arroio Grande (provavelmente do ano de 1940 - acima), onde aparecem os seguintes componentes:
Em pé: Papaco, Lauro Maciel, Cilinho, Bridone (ou Bordoni), Pipi, Caetano e o dirigente Emílio Hissé;
Ajoelhados: Cesalpino, Dega, Jesus Lúcio e Gilberto;
Sentados: Cencinho e Clarito.
Foram esses os homens que literalmente deram o pontapé inicial na trajetória do Clube que se tornou um dos maiores vencedores do futebol amador da região sul e do próprio estado do Rio Grande do Sul.