
Ursos, eu acho, comem bastante, e são lerdos e pesados, como nós costumamos ficar nesta época do ano, onde o exercício físico é substituído por chimarrão, cachaça e vinho, ou seja, tudo o que puder esquentar as nossas carcaças atrofiadas pelo frio.
Também andamos “entrouxados”, com pesados casacos de lá, semelhantes aos ursos, com as suas peles grossas.
Daí a comparação com esses animais – pesados, lerdos e comilões –, esperando o day after, ou o day end, que, naturalmente, virão, apesar da proposta de lei contra os estrangeirismos do deputado Carrion.
Já os coelhos, reza a lenda que o que mais fazem não parece ser definitivamente a “dedicação” predileta dos homens, sejam eles velhos ou jovens, nos dias atuais.
A preferência dos coelhos, hoje, pode até ser a segunda atividade mais apreciada pelos homens, depois do futebol, e a quarta ou quinta das mulheres – logo após a chapinha, a pose para a câmera digital, e o orkut e o msn, que costumam aparecer empatados em primeiro lugar.
Assim é que vamos levando o nosso cotidiano – como ursos e coelhos – no “velho lugarejo” que no inverno parece se “arrastar” ainda mais, deixando transparecer com maior amplitude os seus vícios do ano todo.
Um lugar – reflexo do País? – onde se fala muito de futebol e pouco de música, onde têm muita mateada e pouco teatro, muito bingo e pouco livro para ler.
Um lugar – reflexo do País? – onde o carro vale mais do que as pernas, a pose vale mais do que a palavra; um lugar onde as rádios e os jornais dão infinitamente mais espaço para os vereadores do que para os educadores, se é que entendem a comparação.
Um lugar – reflexo do País? – onde bichos de todas as espécies – ursos, coelhos, abutres, aranhas, peruas, piranhas... – acabam convivendo em perfeito compasso, onde lobo não come lobo e os leões às vezes se afrouxam para os veados.
Um lugar que nos cativa e nos amedronta, que nos repele e que nos atrai, que nos aprisiona tal qual um zoológico, feito para abrigar todos os bichos num mesmo lugar, do qual a gente não consegue se afastar, ou, definitivamente, não quer mesmo sair.
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