sábado, 6 de setembro de 2008

NÃO TIREM A CASQUINHA DO CANTO, POR FAVOR

Existem determinados lugares - lancherias, bares, cafés - que costumam servir a torrada ou o sanduíche com as bordas cortadas, sem aquela casquinha que circunda o pão.
Pois eu, sempre que peço esse tipo de lanche, vou logo avisando: - Não tirem a casquinha do canto, por favor. É verdade. Tirar, pra quê? Se faz parte do lanche, se a gente tem direito. Qual a razão de cortar a tal casquinha?
O mesmo acontece como o bauru. Sempre tem quem peça o seu bauru sem algum ingrediente. – Quero o meu sem alface; - O meu sem tomate; - dizem, e vão diminuindo o bauru, que já é um “a la minuta” mutilado, até não dar mais. Já houve quem pedisse o bauru sem o pão, como eu presenciei certa vez, e até sem o filé, numa excentricidade de vegetariano. Quanto desperdício.
Pode até ser um lugar comum, mas a vida só vale a pena se for vivida na sua plenitude, com a maior força possível, com tudo o que a gente tem direito.
Vida é atividade, correria, trabalho, cansaço, reclamação, descanso e recomposição. São os vícios inevitáveis: o jogo, a bebida, o tabaco... Mesmo quem já deixou de fumar não esquece nunca do prazer inigualável do cigarro, depois do cafezinho, depois do chimarrão, depois do sexo.
Vida é intensidade, nas escolhas, no amor, na paixão. A paixão só vale a pena quando carregada, cheia. Relação boa é relação com complicação, com rusga, com rompimento e com recomeço. Tem que ter movimento, agitação, sexo barulhento, inveja dos amigos e reclamação dos vizinhos.
Relação morna é como torrada sem a casquinha do pão, como bauru sem alface, como cachorro-quente sem mostarda. A gente pode até querer comer, mas não vai nunca lamber os beiços.
Eu insisto: se a gente tem direito a tudo, tem que querer tudo. Ética, democracia e liberdade; educação, saúde e trabalho; quadras de esporte pra gurizada jogar, árvores na praça pra juventude namorar e as ruas da cidade limpas pra gente caminhar. Menos que isso é menos que meio pão, menos que a torrada completa.
Agora mesmo, daqui a um mês, vai ter eleição pra Prefeito e pra Vereador, aqui em Arroio Grande e no Brasil inteiro. Pois tem gente que reclama e diz que não vai votar pra vereador. Diz que não vale a pena, que eles não fazem nada, que os candidatos são despreparados, essas coisas...
Pois eu vou votar pra Prefeito, pra Vice, pra Vereador, e, se pudesse, votaria pra mesário, pra presidente de Seção, e até pra Juiz Eleitoral se me deixassem.
Porque o voto também tem que ser pleno, cheio, de ponta a ponta; o voto é o momento culminante da cidadania, ele é definidor e não deveria nunca ser minimizado.
Pensando bem, acho que o voto é mais importante, bem mais importante que a casquinha do canto da torrada, e se nem essa eu desperdiço...
Do meu voto ninguém vai tirar casquinha, não vai não.

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