O
nome da minha primeira professora é Marlise, Marlise Esteves. Não
sei se ela já carregava o “Silva” no nome quando iniciou como
educadora na Escola Dionísio de Magalhães em meados dos anos 1960,
mas isso não importa, pois o que interessa mesmo, ao menos neste
texto, é o nome pelo qual eu sempre identifiquei a primeira
professora que tive: Marlise, simplesmente.
Também
não sei como a Marlise – neta do lendário estancieiro Otávio
Esteves – chegou até a Escola Dr. Dionísio, um colégio da
periferia do Arroio Grande naqueles tempos. Mas sei, porque isso é
inesquecível, de como eu fui parar lá, em seguida aos meus seis
anos de idade, nos idos de 1967.
O
meu pai, o advogado e poeta Pedro Jayme, sempre criativo e inovador,
decidiu que nós – a minha irmã Nazine e eu – é que deveríamos
escolher a escola onde iríamos estudar. Então resolveu passar de
colégio em colégio, até que nós, pequenos, ficamos encantados com
o Dionísio, uma escolinha de madeira, recém-pintada, situada numa
rua tranquila embora longínqua, pois que distante cerca de dez
quarteirões da nossa casa.
A
Escola fazia pouco que tinha sido inaugurada, e recebeu o nome em
homenagem ao médico e ex-prefeito da cidade Dionísio de Magalhães,
falecido em 1956. Nós não sabíamos da origem do nome, nem da
história do médico, mas ficamos encantados com a imagem da
escolinha, aconchegante e bonita, como, aliás, deveriam ser todas as
escolas, especialmente aquelas que recebem crianças para educar.
Pois
foi a escolha mais acertada e feliz que nós poderíamos fazer.
Ali,
na então periferia do Arroio Grande, eu, um filho da classe média
da cidade, pude conhecer gente simples, guris e gurias de vida
modesta, mas com uma honestidade de princípios e retidão de caráter
que somente aqueles que recebem educação exemplar conseguem
assimilar.
Ali,
numa parte remota do Arroio Grande, eu, que conheceria mais tarde a
mesa farta das famílias tradicionais da cidade, pude valorizar a
simplicidade de um prato de arroz com leite, a dignidade de um arroz
com feijão, a generosidade de uma tigela de sopa. Ali, onde quase
terminava o Arroio Grande, eu comecei a descobrir o inigualável
valor das coisas comuns.
Pois
foi também ali, na pequena escolinha, que eu conheci a importância
de uma grande educadora, de uma pessoa correta, justa, preocupada
apenas em transmitir valores e que me deixou lições para a vida
inteira. Ali, na Escola Dionísio de Magalhães, eu pude ver tudo
isso na Marlise, a minha primeira professora.
No
próximo dia 15, Dia do Professor, nestes tempos difíceis
para a classe dos docentes, eu, que tenho mãe, irmã, mulher e sogra
professoras, gostaria de dirigir à Marlise – e em assim o fazendo
a todos os educadores – o maior dos agradecimentos, pela boa
influência que o primeiro professor pode ter na formação de um
aluno e de um cidadão.
Porque
dela aproveitei os ensinamentos que fizeram o que de mais generoso
pode haver em mim; já os defeitos são produto unicamente dos
desvios e dos descaminhos em que pela vida eu possa ter me
extraviado.
Tenho por ela, pela minha primeira professora, tão absoluta afeição e tão extraordinário apreço, que quando com ela cruzo mal levanto os olhos para cumprimentá-la, em sinal de respeito e em definitiva consideração a tudo o que representou para a minha formação, ao repassar princípios que permanecem inabaláveis dentro de mim até os dias atuais.
Por isso, à Marlise a minha gratidão, o meu carinho e o meu agradecimento: muito obrigado por tudo, minha querida e inesquecível primeira professora.
Tenho por ela, pela minha primeira professora, tão absoluta afeição e tão extraordinário apreço, que quando com ela cruzo mal levanto os olhos para cumprimentá-la, em sinal de respeito e em definitiva consideração a tudo o que representou para a minha formação, ao repassar princípios que permanecem inabaláveis dentro de mim até os dias atuais.
Por isso, à Marlise a minha gratidão, o meu carinho e o meu agradecimento: muito obrigado por tudo, minha querida e inesquecível primeira professora.
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(Fotografia: Alunos da Escola Dionísio de Magalhães, meados dos anos 1960. Publicação de Bianca Porto na página do Grupo Defensores do Patrimônio Histórico e Cultural de Arroio Grande-RS)